boletim tr/es 2010.144 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.144 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.144 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
de que, como acontece na maioria das vez<strong>es</strong>, o imóvel tenha sido p<strong>es</strong>soalmente<br />
explorado pelo dono, caracterizando o exercício da atividade rural (fato principal).<br />
Existe, portanto, forte indício de que o casal exercia atividade rural, na condição de<br />
produtor<strong>es</strong> rurais, no período de 1982 a 1994.<br />
O fato de o marido ter recolhido con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> previdenciárias na qualidade de<br />
segurado empr<strong>es</strong>ário não é suficiente para negar que ele tiv<strong>es</strong>se exercido<br />
atividade rural junto com a recorrida ou para refutar o regime de economia familiar.<br />
Essa classificação consta da base de dados interna do INSS, tendo sido por ele<br />
unilateralmente realizada. Por isso, <strong>es</strong>sa informação, isoladamente considerada,<br />
não serve como fonte de prova, por falta de garantia de veracidade. Ademais, a lei<br />
admite que o segurado <strong>es</strong>pecial recolha facultativamente con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> para a<br />
previdência social (art. 39, II, Lei nº 8.213/91) sob as m<strong>es</strong>mas condiçõ<strong>es</strong> previstas<br />
para o con<strong>tr</strong>ibuinte individual. Para d<strong>es</strong>qualificar o regime de economia familiar,<br />
cabia ao INSS provar que havia concurso de mão-de-obra de empregados<br />
permanent<strong>es</strong> na exploração do imóvel rural, fato que não pode ser pr<strong>es</strong>umido<br />
tão-somente com base em dados da inscrição do segurado na previdência social.<br />
Faltam documentos contemporâneos ao período de 1994 a 1998. Isso é<br />
irrelevante, porque, segundo a Súmula nº 14 da Turma Nacional de Uniformização,<br />
“para a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de<br />
prova material corr<strong>es</strong>ponda a todo o período equivalente à carência do benefício”.<br />
A prova t<strong>es</strong>temunhal, complementando o início de prova material, pode <strong>es</strong>tender a<br />
eficácia probatória dos documentos emitidos em ou<strong>tr</strong>as épocas, conforme vem<br />
decidindo a Turma Nacional de Uniformização (por exemplo, PEDILEF<br />
2006.72.59.000860-0, DJ 29/09/2009).<br />
A prova t<strong>es</strong>temunhal, conjugada ao início de prova material, demons<strong>tr</strong>ou que a<br />
recorrida sempre exerceu atividade rural. Está comprovado o exercício de<br />
atividade no período imediatamente anterior ao requerimento de aposentadoria e<br />
durante tempo equivalente à carência do benefício.<br />
Recurso improvido. Condenação do recorrente em honorários advocatícios,<br />
arbi<strong>tr</strong>ados em 10% do valor da condenação.<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os membros da Turma<br />
Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo<br />
negar provimento ao recurso.<br />
15 - 2008.50.52.000353-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -<br />
INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x ESBELTA DO NASCIMENTO<br />
FELISDORO (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />
Retirado de pauta.<br />
16 - 2008.50.54.000376-7/01 MARIA SILVA DO COUTO (ADVOGADO: ANTONIO<br />
HERMELINDO RIBEIRO NETO, ROBNEI BATISTA DE BARROS.) x INSTITUTO<br />
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Paulo Henrique Vaz<br />
Fidalgo.).<br />
E M E N T A<br />
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL.<br />
FALTA DE ABSOLUTA CONVERGÊNCIA NO DEPOIMENTO DAS<br />
TESTEMUNHAS. FATOS MUITO ANTIGOS. COMPROVADO EXERCÍCIO DE<br />
ATIVIDADE RURAL PELO PERÍODO DE CARÊNCIA. INÍCIO DE PROVA<br />
MATERIAL. SEGUNDA VIA DE CERTIDÃO DE CASAMENTO. SENTENÇA<br />
REFORMADA.<br />
O INSS homologou declaração de sindicato de <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> rurais quanto ao<br />
exercício de atividade rural no período de 27/08/1998 a 05/12/2007, mas indeferiu<br />
a homologação quanto ao período de 23/11/1988 a 26/08/1998. A con<strong>tr</strong>ovérsia<br />
en<strong>tr</strong>e as part<strong>es</strong> limita-se a <strong>es</strong>te período.<br />
O tempo de atividade rural reconhecido pelo INSS é inferior ao período de carência<br />
da aposentadoria. A sentença não reconheceu o exercício de atividade rural no<br />
período anterior a 26/08/1998 apenas porque os depoimentos das t<strong>es</strong>temunhas<br />
não foram seguros ou coerent<strong>es</strong> quanto às datas e aos locais onde a recorrente<br />
teria exercido atividade rural.<br />
As divergências nos depoimentos r<strong>es</strong>umem-se a detalh<strong>es</strong> pontuais, não<br />
envolvendo o fato cen<strong>tr</strong>al: a recorrente sempre <strong>tr</strong>abalhou na roça. As t<strong>es</strong>temunhas<br />
pr<strong>es</strong>taram declaraçõ<strong>es</strong> convergent<strong>es</strong> quanto ao nome dos proprietários rurais em<br />
cujas terras a recorrente <strong>tr</strong>abalhou. A falta de absoluta convergência quanto ao<br />
tempo durante o qual a recorrente <strong>tr</strong>abalhou em cada propriedade rural, ou m<strong>es</strong>ma<br />
a confusão quanto à ordem cronológica das propriedad<strong>es</strong> em que <strong>tr</strong>abalhou, é