boletim tr/es 2010.144 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.144 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.144 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
o litigante a se manif<strong>es</strong>tar sobre a possibilidade de punição. Tanto assim é que a<br />
lei permite a condenação de ofício, conforme art. 18, caput, do CPC. Ademais, o<br />
recorrente teve plena oportunidade para discutir a condenação em sede recursal.<br />
Não há ofensa ao con<strong>tr</strong>aditório e à ampla def<strong>es</strong>a.<br />
A multa e a indenização por litigância de má-fé não pode exceder a um por cento<br />
sobre o valor da causa (art. 18, caput e §2º, do CPC). A sentença con<strong>tr</strong>ariou a lei<br />
ao redefinir a base de cálculo do valor da multa, d<strong>es</strong>de que pr<strong>es</strong>creveu que o valor<br />
da causa deveria coincidir com o “valor dos a<strong>tr</strong>asados”, inclusive acr<strong>es</strong>cido de<br />
juros de mora. O valor da causa corr<strong>es</strong>ponde à <strong>es</strong>timativa de benefício econômico<br />
<strong>es</strong>tipulada na petição inicial, e não nec<strong>es</strong>sariamente coincide com o valor da<br />
condenação. Sobre o valor da causa <strong>es</strong>tipulados na petição inicial não incidem<br />
juros de mora, mas apenas correção monetária.<br />
Recurso parcialmente provido para reformar a sentença apenas quanto à base de<br />
cálculo da multa e da indenização por litigância de má-fé, que deve corr<strong>es</strong>ponder<br />
ao valor da causa <strong>es</strong>timado na petição inicial e revisado apenas com correção<br />
monetária. Quanto aos honorários advocatícios, o arbi<strong>tr</strong>amento feito na sentença<br />
(20% do valor da causa) <strong>es</strong>tá sendo revisado para 10% do valor da condenação.<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os membros da Turma<br />
Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo<br />
dar parcial provimento ao recurso.<br />
27 - 2007.50.50.011080-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -<br />
INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x<br />
CLAUTILDES AUGUSTA DA SILVA (ADVOGADO: RAMON FERREIRA<br />
COUTINHO PETRONETTO.).<br />
E M E N T A<br />
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL.<br />
INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEO. ATIVIDADE RURAL PODE<br />
SER DESCONTÍNUA.<br />
Certidão de casamento e certidão de nascimento de um filho, r<strong>es</strong>pectivamente<br />
reportando-se a fatos ocorridos em 1965 e 1966, qualificaram o então marido da<br />
recorrida como lavrador. O recorrente alegou que tais documentos não servem<br />
como início de prova material, porque após a década de 60 a recorrida e o marido<br />
passaram a <strong>tr</strong>abalhar no meio urbano, em Vitória.<br />
Ex<strong>tr</strong>ato do CNIS comprova que o <strong>es</strong>poso exerceu atividade urbana en<strong>tr</strong>e 1985 e<br />
2000. Segundo a m<strong>es</strong>ma fonte, a recorrida também exerceu atividade urbana<br />
en<strong>tr</strong>e janeiro e março/1985.<br />
O depoimento de uma das t<strong>es</strong>temunhas mos<strong>tr</strong>ou que a recorrida viveu durante<br />
cerca de dez anos em Vitória junto com o marido, mas dele se separou e voltou a<br />
morar e <strong>tr</strong>abalhar na roça por volta do ano 1985 ou 1986 – a recorrida alegou que<br />
foi em 1987 - junto com um novo companheiro. Se a recorrida morou em Vitória<br />
durante cerca de dez anos e retornou para a zona rural em 1987, deve ter se<br />
mudado da roça para Vitória por volta de 1977.<br />
A certidão de casamento e a certidão de nascimento do filho formam início de<br />
prova material contemporâneo em relação à atividade rural d<strong>es</strong>empenhada d<strong>es</strong>de<br />
1965, quando a recorrida se casou com lavrador, até ant<strong>es</strong> de 1978, quando a<br />
recorrida mudou-se para cidade me<strong>tr</strong>opolitana. A prova indiciária, conjugada ao<br />
depoimento da primeira t<strong>es</strong>temunha, comprova exercício de atividade rural durante<br />
período superior a doze anos.<br />
O ou<strong>tr</strong>o documento apto a formar início de prova material, um ins<strong>tr</strong>umento<br />
particular de con<strong>tr</strong>ato de parceria agrícola com firma reconhecida por tabelião, foi<br />
lavrado em 2004, menos de um ano ant<strong>es</strong> do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo de<br />
aposentadoria. Esse documento serve como indício de que a recorrida, em 2004,<br />
<strong>es</strong>tava exercendo atividade rural, mas não indica exercício de atividade rural no<br />
período antecedente. De qualquer forma, o tempo <strong>tr</strong>anscorrido en<strong>tr</strong>e a lavratura do<br />
con<strong>tr</strong>ato (abril/2004) e o período imediatamente anterior ao requerimento<br />
adminis<strong>tr</strong>ativo (junho/2005) pode ser somado ao tempo de atividade rural anterior<br />
ao momento em que a recorrida mudou-se para a zona urbana na década de 70,<br />
completando, assim, tempo equivalente à carência demandada para a conc<strong>es</strong>são<br />
do benefício (144 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, conforme art. 142 da Lei nº 8.213/91). Segundo o art.<br />
143 da Lei nº 8.213/91, a atividade rural pode ser d<strong>es</strong>contínua.<br />
Recurso improvido. Condenação do recorrente em honorários advocatícios,<br />
arbi<strong>tr</strong>ados em 10% do valor da condenação.<br />
A C Ó R D Ã O