boletim tr/es 2010.144 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.144 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.144 - Justiça Federal
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
embora valendo-se do con<strong>tr</strong>ato de pr<strong>es</strong>tação de serviço postal ajustado em nome<br />
de terceiro. Não tomando parte na relação jurídica con<strong>tr</strong>atual, a recorrida não teria<br />
legitimidade para reclamar r<strong>es</strong>tituição do valor corr<strong>es</strong>pondente à tarifa postal. Por<br />
ou<strong>tr</strong>o lado, quanto à indenização por dano moral, considero que a recorrida tem<br />
legitimidade para a causa, porque, embora o serviço postal tenha sido con<strong>tr</strong>atado<br />
em nome de terceiro, quem sofreu os dissabor<strong>es</strong> decorrent<strong>es</strong> do defeito do serviço<br />
pr<strong>es</strong>tado pela recorrente foi o remetente de fato (dono do objeto postal), e não o<br />
remetente de direito (titular do con<strong>tr</strong>ato de serviço postal).<br />
Não ficou provado o conteúdo dos objetos postais, mas são fatos incon<strong>tr</strong>oversos o<br />
a<strong>tr</strong>aso na en<strong>tr</strong>ega de um dos objetos e o ex<strong>tr</strong>avio do ou<strong>tr</strong>o. Independentemente do<br />
conteúdo, houve dano moral, porque quem recorre aos correios confia que a<br />
corr<strong>es</strong>pondência ou encomenda será en<strong>tr</strong>egue ao d<strong>es</strong>tinatário. Pr<strong>es</strong>ume-se, pois,<br />
que o ex<strong>tr</strong>avio do objeto postal provoque abalo psíquico ao remetente frus<strong>tr</strong>ado. A<br />
pr<strong>es</strong>umível frus<strong>tr</strong>ação decorrente do ex<strong>tr</strong>avio de corr<strong>es</strong>pondência caracteriza mais<br />
que mero aborrecimento, perturbando o equilíbrio emocional e o bem-<strong>es</strong>tar do<br />
usuário do serviço postal. A frus<strong>tr</strong>ação é sentimento negativo que também se<br />
qualifica como dano moral.<br />
É nula a cláusula con<strong>tr</strong>atual que, no caso de corr<strong>es</strong>pondência sem declaração de<br />
valor, exclui a r<strong>es</strong>ponsabilidade da empr<strong>es</strong>a de serviço postal por prejuízos<br />
indiretos. A r<strong>es</strong>ponsabilidade pelo dano moral não depende de previsão em<br />
con<strong>tr</strong>ato, pois decorre diretamente da lei (r<strong>es</strong>ponsabilidade ex<strong>tr</strong>acon<strong>tr</strong>atual), mais<br />
<strong>es</strong>pecificamente do art. 14 da Lei nº 8.078/90, haja vista o defeito do serviço. De<br />
acordo com os artigos 2º e 3º da Lei nº 8.078/90, qualifica-se como consumidor<br />
toda p<strong>es</strong>soa física ou jurídica que utiliza serviço como d<strong>es</strong>tinatário final, e como<br />
fornecedor toda p<strong>es</strong>soa física ou jurídica, pública ou privada, que pr<strong>es</strong>ta serviços.<br />
A con<strong>tr</strong>atação de serviço postal faz com que as part<strong>es</strong> con<strong>tr</strong>aent<strong>es</strong> se enquadrem<br />
n<strong>es</strong>s<strong>es</strong> conceitos, caracterizando-se a relação de consumo.<br />
A indenização arbi<strong>tr</strong>ada em R$ 4.000,00 (R$ 2.000,00 por objeto postal) não é<br />
exagerada, tendo em vista o caráter educativo da condenação e o porte<br />
econômico da empr<strong>es</strong>a recorrente.<br />
Recurso improvido. Sem custas. Condenação do recorrente em honorários<br />
advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados em 20% do valor da condenação.<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os membros da Turma<br />
Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo<br />
negar provimento ao recurso.<br />
36 - 2008.50.50.001671-4/01 CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ<br />
CLAUDIO SOBREIRA.) x HELIDA FERREIRA DA SILVA (ADVOGADO: RODRIGO<br />
DOS SANTOS RAMOS.).<br />
E M E N T A<br />
RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. INSCRIÇÃO NO SPC APÓS<br />
SOLICITAÇÃO DE ENCERRAMENTO DE CONTA. ABALO DE CRÉDITO.<br />
A recorrente promoveu a inscrição do nome da recorrida no SPC, fato que causou<br />
abalo de crédito, uma vez que a recorrida d<strong>es</strong>cobriu o fato somente quando tentou<br />
ajustar con<strong>tr</strong>ato de empréstimo de dinheiro com uma financeira. A sentença<br />
condenou a recorrente a pagar indenização por dano moral arbi<strong>tr</strong>ada em R$<br />
5.000,00.<br />
A recorrente negou que a recorrida tiv<strong>es</strong>se formalizado solicitação de<br />
encerramento da conta bancária. No documento de fl. 17, porém, consta que a<br />
recorrida solicitou à agência bancária o encerramento da conta-corrente. O<br />
documento contém um carimbo genérico da agência bancária, com data de<br />
recebimento em 03/10/2005, mas sem <strong>es</strong>pecificação de número de protocolo e<br />
sem identificação do funcionário da agência r<strong>es</strong>ponsável pelo recebimento do<br />
requerimento. Ap<strong>es</strong>ar da falta de dados que assegurem o efetivo recebimento pela<br />
agência bancária, a recorrente não aduziu impugnação <strong>es</strong>pecífica ao documento,<br />
que, assim, pr<strong>es</strong>ume-se verdadeiro para o fim de comprovar a formalização de<br />
solicitação de encerramento da conta bancária.<br />
Como a conta bancária deveria ter sido encerrada em 03/10/2005, cabia à<br />
recorrente comprovar, mediante exibição de ex<strong>tr</strong>ato de movimentação da<br />
conta-corrente, que havia saldo devedor na data da solicitação de encerramento<br />
da conta e que o saldo devedor apurado em 02/05/2007 (fl. 36) não foi formado<br />
exclusivamente pelo indevido lançamento a débito de tarifas bancárias posterior<strong>es</strong><br />
a 03/10/2005. O saldo devedor imputado à recorrida pr<strong>es</strong>ume-se, pois, inválido.<br />
Por isso, a inscrição do nome da recorrida em cadas<strong>tr</strong>o de proteção de crédito foi<br />
antijurídica.