17.04.2013 Views

boletim tr/es 2010.144 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.144 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.144 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

suficiente para formar início de prova material. Afinal, o início de prova material<br />

exigido pela lei não precisa constituir prova cabal, mas mero indício, bastando que<br />

mos<strong>tr</strong>e superficialmente a ligação en<strong>tr</strong>e a parte inter<strong>es</strong>sada e a atividade rural.<br />

Cabe à prova t<strong>es</strong>temunhal complementar o início de prova material, demons<strong>tr</strong>ando<br />

que a recorrida continuou <strong>tr</strong>abalhando na roça após o casamento. Não havendo<br />

regis<strong>tr</strong>o ulterior de vínculo de atividade urbana imputado ao marido ou à recorrida,<br />

o indício de que a família continuou a se dedicar à atividade rural não é abalado<br />

em razão do <strong>tr</strong>anscurso do tempo.<br />

É irrelevante a indicação de que a recorrida era doméstica na época da celebração<br />

do ma<strong>tr</strong>imônio. O início de prova material é mera prova indiciária. Considerando o<br />

costume na época, o mero fato de o marido ser lavrador servia como fator<br />

indicativo de que a <strong>es</strong>posa recém-casada passava a exercer atividade rural. “O<br />

termo ‘doméstica’ empregado na qualificação da mulher em documentos e<br />

certidõ<strong>es</strong> corr<strong>es</strong>ponde a ‘do lar’, isto é, dona-de-casa, não afastando sua condição<br />

de rurícola, seja porque na maioria das vez<strong>es</strong> acumula o <strong>tr</strong>abalho no campo com<br />

as tarefas domésticas, seja porque, em se <strong>tr</strong>atando de labor rural d<strong>es</strong>envolvido em<br />

regime de economia familiar, a condição de agricultor do marido contida no<br />

documento <strong>es</strong>tende-se à <strong>es</strong>posa, atentando-se também para o contexto probatório<br />

dos autos, que aponta realmente a autora como agricultora” (Precedente: TRF 4ª<br />

Região. AC 1999.71.09.001093-0. Relator Luis Alberto Azevedo Aurvalle. DJU<br />

26/10/2005, p. 706).<br />

A prova t<strong>es</strong>temunhal, complementando o superficial início de prova material,<br />

acabou demons<strong>tr</strong>ando que a recorrida exerceu atividade rural durante toda a vida,<br />

ora como meeira, ora como bóia-fria. Está comprovado o exercício de atividade<br />

rural durante período equivalente à carência do benefício ao longo do período<br />

imediatamente anterior ao requerimento.<br />

Como meeira, a recorrida <strong>tr</strong>abalhava em regime de economia familiar. Como<br />

bóia-fria, a recorrida enquadrava-se como <strong>tr</strong>abalhadora eventual. O art. 143 da Lei<br />

nº 8.213/91 contempla tanto o segurado <strong>es</strong>pecial (inciso VII do art. 11) quanto o<br />

con<strong>tr</strong>ibuinte individual (o inciso IV do art. 11 referia-se ao <strong>tr</strong>abalhador autônomo e<br />

d<strong>es</strong>de a Lei nº 9.876/99 foi consolidado no inciso V do art. 11, que se refere<br />

genericamente ao con<strong>tr</strong>ibuinte individual, onde <strong>es</strong>tá incluído, na alínea g, o<br />

<strong>tr</strong>abalhador eventual, o diarista). Assim, o direito à aposentadoria por idade sem<br />

recolhimento de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> não é exclusivo do segurado <strong>es</strong>pecial.<br />

Conseqüentemente, m<strong>es</strong>mo o período em que <strong>tr</strong>abalhou individualmente como<br />

bóia-fria pode ser computado como tempo de atividade rural, sendo irrelevante,<br />

n<strong>es</strong>s<strong>es</strong> interstícios, a ausência de regime de economia familiar.<br />

Recurso improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96.<br />

Condenação do recorrente em honorários advocatícios, fixados em dez por cento<br />

do valor da condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os membros da Turma<br />

Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo<br />

negar provimento ao recurso.<br />

20 - 2007.50.54.000993-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -<br />

INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x TEREZINHA ALVES<br />

PESSOA (ADVOGADO: ANTONIO HERMELINDO RIBEIRO NETO, ROBNEI<br />

BATISTA DE BARROS.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA<br />

MATERIAL. EXTENSÃO DA EFICÁCIA PROBATÓRIA DO DOCUMENTO POR<br />

PROVA TESTEMUNHAL. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso interposto em face de sentença que condenou o INSS a<br />

conceder aposentadoria por idade de <strong>tr</strong>abalhador rural.<br />

O INSS arguiu que a certidão de casamento não poderia servir como início de<br />

prova material por se <strong>tr</strong>atar de segunda via expedida em 2005 e porque a recorrida<br />

vive com ou<strong>tr</strong>o companheiro há aproximadamente 25 anos.<br />

O fato de a segunda via da certidão ter sido lavrada posteriormente aos fatos a<br />

comprovar não prejudica a contemporaneidade do documento, porque a<br />

informação relevante (declaração de profissão do então marido da parte<br />

inter<strong>es</strong>sada) tem fundamento em base de dados fidedigna, con<strong>tr</strong>olada por tabelião<br />

com fé pública, pr<strong>es</strong>umindo-se, pois, verdadeira, inclusive quanto à qualificação<br />

dos cônjug<strong>es</strong>.<br />

Ademais, a certidão de casamento não foi o único documento apontado pela<br />

sentença como início de prova material. Dois con<strong>tr</strong>atos de parceria agrícola, com

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!