Weekend 1197 : Plano 56 : 1 : P.gina 1- - Económico
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4 <strong>Económico</strong> — <strong>Weekend</strong> Sábado 19 Dezembro 2009<br />
A NÃO PERDER<br />
19.12.09<br />
Grécia avança com<br />
reforma fiscal para<br />
combater o défice<br />
Têm várias coisas em comum: o mesmo<br />
primeiro nome, um estrelato inesperado e<br />
o risco de ficarem para a história pelo pior<br />
das razões - estarem à frente do governo<br />
quando a Grécia faliu.<br />
➥ ECONOMIA - P22<br />
Santana regressa para<br />
condicionar disputa<br />
no PSD<br />
Santana Lopes regressou ao centro de<br />
todos os debates e causou burburinho<br />
dentrodoPSD.Bastouumartigode<br />
opinião a dizer que vai recolher<br />
assinaturas para convocar um congresso<br />
extraordinário. ➥ POLÍTICA - P26 A 27<br />
Galp invest 1.080 milhões<br />
no maior projecto industrial<br />
em Portugal<br />
A Galp Energia vai avançar com o maior<br />
investimento industrial da década em<br />
Portugal. O contrato para o projecto de<br />
reconversão da refinaria de Sines foi assinado,<br />
ontem, pela Galp Energia e pela espanhola<br />
Tecnicas Reunidas. ➥ EMPRESAS - P38 A 39<br />
Adão da Fonseca tenta<br />
convencer Finanças a<br />
alargar solução para o BPP<br />
Uma semana depois da apresentação, por<br />
parte das Finanças, do plano para os clientes<br />
do BPP, a administração de Adão da Fonseca<br />
não se dá por satisfeita. Isto porque o plano<br />
do Governo se dirige apenas à protecção dos<br />
clientes. ➥ DESTAQUE - P44 A 45<br />
Unicer investe em<br />
calendário para seduzir<br />
público jovem<br />
O ciclo da água é o conceito criativo que<br />
serve de base no calendário águas das<br />
pedras 2010, onde é possível ver todo o<br />
percurso deste elemento desde a nascente<br />
até ao momento em que chega à mesa do<br />
consumidor. ➥ DESTAQUE - P54<br />
SOCIEDADE ABERTA<br />
Vital Moreira<br />
Eurodeputado eleito pelo PS<br />
Asfixia financeira<br />
Em muitos países, a crise económica e financeira teve, e<br />
continua a ter, custos elevados para as finanças públicas,<br />
traduzidos em défices orçamentais consideráveis e no<br />
aumento súbito do endividamento público.<br />
Trata-se do resultado conjugado da diminuição substancial<br />
das receitas fiscais do Estado - em consequência<br />
directa da retracção económica - e do aumento das despesas<br />
públicas, em protecção social, em apoios ao emprego e<br />
em investimento público (para atenuar os efeitos da crise).<br />
Em alguns países europeus, como a Irlanda, a<br />
Grécia e a Espanha, o impacto orçamental está a ser<br />
especialmente severo, com drástica redução da<br />
receita, défices das contas públicas acima dos dois<br />
dígitos e dívida pública em escalada para o céu.<br />
Mesmo que não houvesse o Pacto de Estabilidade para<br />
voltar a respeitar – logo que a retoma económica em curso<br />
se consolide -, há desde logo que conter o aumento do<br />
risco do crédito externo e do preço da dívida. Não basta<br />
obviamente esperar pela retoma da actividade económica,<br />
que vai manter-se em ritmo modesto numa primeira fase,<br />
o que não possibilitará uma recuperação financeira rápida.<br />
Voltaram portanto os tempos de austeridade financeira.<br />
Por isso vão ser necessárias medidas de disciplina orçamental<br />
mais ou menos exigentes, especialmente do lado<br />
da despesa. Vários países começaram a subir os impostos<br />
ou a descer a despesa pública, ou ambas as coisas ao<br />
mesmo tempo. A contenção ou redução da despesa vai<br />
incidir necessariamente sobre as remunerações do sector<br />
público, tendo a Irlanda decidido mesmo cortar nos<br />
salários dos funcionários públicos!<br />
Como amostra do que vai suceder<br />
no orçamento para 2010,<br />
não podiam ser piores os augúrios.<br />
EemPortugal?<br />
Apesar de menos grave do que em muitos outros<br />
países, entre nós a crise não deixou de fazer importantes<br />
estragos nas contas púbicas, em especial a diminuição<br />
das receitas tributárias, com efeitos nocivos no<br />
aumentododéficeorçamentaledoendividamento<br />
público. Também virá o momento de contrariar essa<br />
degradação orçamental, que terá de ser feita pela redução<br />
da despesa pública (preferivelmente a despesa<br />
correnteenãoadeinvestimento),jáqueumaumento<br />
dos impostos é politicamente invendável.<br />
Infelizmente, a ter em conta o polémico “orçamento<br />
rectificat1ivo”, o caminho escolhido pela coligação das<br />
oposiçõesaoGovernominoritáriodoPSpareceser<br />
exactamente o contrário, ou seja, diminuir os as receitas<br />
(pagamento especial por conta e código contributivo da<br />
segurança social) e aumentar as despesas (por exemplo,<br />
transferências para a Madeira). Como amostra do que<br />
vai suceder no orçamento para 2010, não podiam ser<br />
piores os augúrios.<br />
É caso para dizer que alguém ensandeceu, politicamente<br />
falando. Mesmo que o alvo seja alegadamente<br />
o Governo, é evidente que o resultado será a asfixia<br />
financeira do país. ■<br />
AFRASE<br />
“Achoqueéumbelíssimo<br />
momento...antes das eleições<br />
directas.”<br />
—Manuela Ferreira Leite, Líder do PSD.<br />
A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, considerou<br />
ontem como positivo que antes das eleições directas para<br />
a liderança do PSD aconteça um congresso<br />
extraordinário, como pretende Pedro Santana Lopes.<br />
Daniel Proença de Carvalho<br />
Advogado<br />
Por favor entendam-se!<br />
Ninguém responsável ignora que vivemos um<br />
momento particularmente difícil e incerto quanto ao<br />
nosso futuro. Temos uma economia sem o dinamismo<br />
necessário à criação de emprego e geração de<br />
riqueza que sustente o peso do Estado e estanque o<br />
endividamento perante o exterior.<br />
Perante este quadro, os eleitores decidiram criar<br />
uma situação política frágil, com um governo<br />
minoritário e uma oposição que se junta sem coerência<br />
para limitar a acção governativa. Caminhamos<br />
para um beco sem saída.<br />
As guerrinhas do PSD dentro<br />
e fora do Partido começam<br />
a entediar quem deseja<br />
umaalternativaàmedidadasua<br />
história e do seu líder fundador.<br />
Mas o que mais falta nos faz é uma oposição à<br />
direita do PS com um programa e uma agenda alternativos<br />
ao actual Governo. José Sócrates tem um<br />
pensamento político e uma estratégia coerentes<br />
com uma linha ideológica de esquerda moderna:<br />
assume que a saída da crise passa pelo investimento<br />
público, quer preservar os modelos do SNS e da<br />
escola pública, quer uma presença forte do Estado<br />
na regulação de sectores importantes da economia,<br />
é um fervoroso adepto das novas tecnologias como<br />
factor de modernização do país. No plano social,<br />
procura uma abertura controlada a formas de vida<br />
alternativas às estruturas tradicionais familiares.<br />
Podemos concordar, discordar, apoiar ou<br />
combater essas ideias. Eu discordo frontalmente de<br />
algumas delas.<br />
Masquealternativasnooferecemospartidosde<br />
direita?<br />
Até agora oferecem-nos combates pessoais,<br />
onde não raro os pequenos ódios ofuscam uma<br />
visão do futuro.<br />
Os partidos de direita precisam de uma reflexão<br />
ideológica imbuída de pragmatismo. Talvez esteja<br />
mesmochegadaahoradePSDeCDSfazeremessa<br />
reflexão em conjunto. Será que no início da segunda<br />
década do século XXI se justifica a existência<br />
desses dois partidos? Será que os eleitores que se<br />
nãorevêemnaagendadoPSconseguemcompreender<br />
as bizantinas divergências entre as várias<br />
“correntes” do PSD e o CDS?<br />
Não seria altura de construir uma verdadeira<br />
alternativa não socialista nem social-democrata<br />
(oualguémduvidaqueopartidoquerepresentaa<br />
social democracia é o PS!?), com coerência,<br />
dotada de um programa claro e alternativo, com<br />
visão de futuro?<br />
As guerrinhas do PSD dentro e fora do Partido<br />
começam a entediar quem deseja uma alternativa à<br />
medida da sua história e do seu líder fundador. Por<br />
favor entendam-se! ■<br />
O NÚMERO<br />
1.664<br />
Todososdiasentramnos<br />
tribunais mais de 1.664<br />
processos de injunção e as<br />
instituições bancárias estão a<br />
liderar as queixas contra os<br />
seus clientes. A razão já todos<br />
sabemos qual é: falta de<br />
pagamento, ou agora<br />
designado por incumprimento,<br />
devido à crise.