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Weekend 1197 : Plano 56 : 1 : P.gina 1- - Económico

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30 | Outlook | Sábado, 19.12.2009<br />

FUTEBOL<br />

Simon Kuper<br />

A felicidade<br />

possível<br />

dos americanos<br />

Algo de invulgar aconteceu nas<br />

universidades norte-americanas no mês<br />

passado. Dois colegas, mais propriamente<br />

Northeastern e Hofstra, duas figuras de<br />

relevo dessa modalidade conhecida por<br />

futebol americano durante mais de 70<br />

anos, de repente pararam. O futebol<br />

tornara-se, de repente, demasiado caro.<br />

Em plena recessão, e a poucos dias dos<br />

jogos de Inverno do Bowl, será que<br />

estamos a voltar à sanidade, algo que os<br />

críticos destes jogos há um século vêm<br />

reclamando?<br />

O excesso de futebol americano nas<br />

universidades atingiu níveis de absurdo<br />

desde os anos 90, escreve Michael Oriard<br />

no seu novo livro “Bowled Over” . As<br />

universidades injectam dinheiro que não<br />

têm no futebol. “Numa perspectiva<br />

razoavelmente objectiva, “afirma Oriard,<br />

“é caso para apelar aqui para a<br />

necessidade de reformas. Querer que um<br />

treinador de futebol ganhe tanto como o<br />

reitor de uma universidade é obviamente<br />

uma coisa de loucos.” Oriard sabe do que<br />

está a falar. Jogou futebol americano para<br />

a Universidade de Notre Dame e para a<br />

NFL antes de se tornar professor de Inglês<br />

na Oregon State University. O seu<br />

discurso pauta-se pela contenção e pela<br />

reflexão. Mas, à semelhança de muitos<br />

críticos e impulsionadores do futebol<br />

universitário, não parece perceber qual o<br />

objectivo por trás do futebol<br />

universitário.<br />

E não se cansa de identificar os abusos no<br />

desporto. Alguns jogadores abandonam a<br />

universidade iletrados, depois de anos a<br />

jogar aí futebol ininterruptamente. Não<br />

são pagos e, no entanto, as universidades<br />

que os acolhem continuam a estoirar<br />

fortunas em centros de formação e treino<br />

e voos pela América, recrutando muitas<br />

vezes “hospedeiras” cuja tarefa é aliciar<br />

os jovens para a universidade certa. A<br />

grande maioria das universidades perde<br />

dinheiro com os seus atletas, mas a<br />

reputação de muitas das suas equipas de<br />

futebol consegue superar muitas vezes a<br />

da própria universidade. E esta loucura<br />

agrava-se a cada ano que passa.<br />

Os argumentos em defesa do futebol<br />

universitário são provavelmente<br />

infundados. O futebol não parece<br />

convencer os antigos estudantes a<br />

apostarem numa carreira na<br />

universidade, para além de que também<br />

não atrai melhores estudantes.<br />

“Ganhamos -se muitas vezes bons<br />

jogadores mas perdemos bons<br />

académicos”, afirma Oriard.<br />

Mas estas críticas não falham muitas<br />

vezes neste ou naquele ponto. O futebol<br />

universitário não existe para tornar as<br />

universidades mais ricas ou melhores. O<br />

seu trabalho consiste em tornar os<br />

americanos mais felizes e conferir-lhes<br />

uma sensação de pertença. Oriard está<br />

bem ciente disso. “Um desafio de futebol<br />

no Michigan ou no Alabama,“ escreve,<br />

“com as suas bandas e claques é sempre<br />

gerador de fortes afluências e de grandes<br />

celebrações após cada jogo, como um<br />

festivaldefolk...transmitindo uma<br />

sensação de comunidade, tornando-se<br />

num ritual ou numa mera questão de<br />

prazer para milhões de americanos todas<br />

as semanas no Outono.”<br />

Em centenas de cidades americanas sem<br />

equipas de desporto profissional, o que<br />

une estas pessoas tão díspares são as<br />

equipas de futebol universitário. Estas<br />

cidades auto-intitulam-se<br />

“comunidades”. O futebol faz muitas<br />

vezes com que este mundo se torne uma<br />

realidade. São vinte universidades dos<br />

EUA que têm estádios com capacidade<br />

para mais de 80 mil pessoas, mais do que<br />

o campo do Manchester United. Num<br />

estudo levado a cabo pela ESPN em 2007,<br />

72% dos americanos consideravam-se fãs<br />

do futebol universitário. Não admira<br />

assim que Thomas Joiner, autor de “Why<br />

People Die By Suicide” , tenha concluído<br />

que a taxa de suicídios baixava em<br />

Columbus, Ohio e Gainesville, Florida,<br />

sempre que a equipa de futebol local<br />

conseguia bons resultados.<br />

Tem sido uma função histórica das<br />

universidades norte-americanas<br />

financiar parte desta felicidade. Este<br />

financiamento é frequentemente muito<br />

barato, em grande parte porque estes<br />

jogadores não são pagos. As perdas anuais<br />

no futebol universitário rondarão as<br />

centenas de milhões de dólares apenas.<br />

Trata-se de uma felicidade a que os EUA<br />

ainda se podem permitir.<br />

Os jogos do Bowl têm agora<br />

patrocinadores, e os directos televisivos<br />

são vendidos por uma fortuna. Oriard<br />

mostra-se preocupado com o facto de os<br />

jogadores serem explorados. Mas as<br />

provas que refere sugerem outra coisa.<br />

Em dois grandes estudos, levados a cabo<br />

pela própria National Collegiate Athletic<br />

Association, a grande maioria afirmou<br />

estar feliz. São pagos em glória. Na<br />

verdade, metade deles nem se chegam a<br />

licenciar. Mas, sem futebol, muitos deles<br />

nunca chegariam perto de uma<br />

faculdade.<br />

Ao que tudo parece indicar, os abusos que<br />

se verificam no futebol americano só se<br />

justificam porque os americanos parecem<br />

gostar desta modalidade tal como ela<br />

está. E não deixa de ser curioso que,<br />

depois da Hofstra e Northeastern,<br />

descontentes com modalidade, seis<br />

universidades tenham decidido apostar<br />

no futebol americano na próxima época.<br />

Exclusivo Financial Times<br />

Tradução de Carlos Tomé Sousa<br />

O talismã<br />

e o mal-amado<br />

São ambos titulares indiscutíveis.<br />

Mas Helton e Quim têm histórias<br />

bem diferentes nos confrontos<br />

com o rival deste domingo<br />

TEXTO NUNO OLIVEIRA / FOOTBALL IDEAS<br />

Helton nunca perdeu com<br />

oBenficaetransformou-<br />

-se num autêntico talismã<br />

para os portista nos encontros<br />

com o grande rival.<br />

O internacional brasileiro,<br />

a actuar em Portugal<br />

desde 2003, parece fadado<br />

para a caça à águia, já que<br />

em nove encontros realizados<br />

contra o Benfica<br />

(seis pelo FC Porto, três<br />

pelo União de Leiria) nunca<br />

conheceu a derrota,<br />

contando com quatro vitórias<br />

e cinco empates.<br />

As memórias de Quim<br />

dos jogos contra o FC Porto<br />

são bem diferentes: alinhando<br />

por Sp. Braga e<br />

Benfica, o guardião realizará<br />

amanhã o seu vigésimo<br />

desafio contra os portistas,<br />

e apenas se conseguirá<br />

recordar de dois<br />

triunfos (um em cada clube),<br />

saindo derrotado por<br />

11 vezes.<br />

Na presente Liga, Quim<br />

(totalista) e Helton (apenas<br />

falhou uma partida) são<br />

dos mais utilizados nas<br />

respectivas equipas, e ainda<br />

não foram apontados<br />

como culpados por qualquer<br />

golo sofrido. Curiosamente,<br />

o portista regista<br />

mais defesas do que Quim,<br />

mas este tem sido mais valioso<br />

para a sua equipa, já<br />

que efectuou um número<br />

superior de intervenções<br />

decisivas, daquelas que<br />

salvam situações de golo<br />

adversárias (ver infografia<br />

na pá<strong>gina</strong> seguinte).<br />

Esta é uma realidade que<br />

se vem repetindo nos últimos<br />

anos. Apesar de já ter<br />

perdido a titularidade várias<br />

vezes (para Moreira e<br />

mesmo para Moretto), e<br />

não desfrutar da simpatia<br />

de muitos adeptos encarnados,<br />

desde que chegou<br />

ao Benfica em 2004, Quim<br />

tem sido o mais decisivo<br />

dos guarda-redes dos três<br />

grandes.<br />

Pode afirmar-se que em<br />

diversos campeonatos o<br />

guardião minhoto acabou<br />

com superior número de<br />

golos sofridos do que os<br />

seus congéneres, mas a<br />

realidade é que teve quase<br />

sempre que conviver com<br />

linhas defensivas frágeis,<br />

salvando amiúde a sua<br />

equipa de desaires comprometedores.<br />

Isto para já<br />

não falar do papel crucial<br />

que o guarda-redes teve na<br />

conquista do último título<br />

nacional encarnado em<br />

2004/05, após tomar conta<br />

da baliza à 15ª jornada.<br />

Por seu lado, ainda que<br />

não seja um caso de amor<br />

consensual junto dos<br />

adeptos do FC Porto, Helton<br />

não é apenas visto<br />

como um talismã nos jogos<br />

contra o Benfica. O animado<br />

guarda-redes brasileiro<br />

pode também gabar-se de<br />

contar por títulos nacionais<br />

todos as Ligas disputadas<br />

ao serviço do FC Porto<br />

(quatro), tendo ainda<br />

conquistado por duas vezes<br />

a Taça de Portugal e outras<br />

duas a Supertaça. E no<br />

futebol, como todos sabemos,<br />

os títulos são quem<br />

mais ordena, mesmo num<br />

posto tão ingrato como o de<br />

guarda-redes, em que<br />

muitas vezes apenas as falhas<br />

são recordadas.

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