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Weekend 1197 : Plano 56 : 1 : P.gina 1- - Económico

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50 <strong>Económico</strong> — <strong>Weekend</strong> Sábado 19 Dezembro 2009<br />

ESPECIAL DESTAQUE CIMEIRA DE COPENHAGA<br />

Acordo de mínimos<br />

fecha cimeira<br />

do clima<br />

O mundo falha um acordo ambicioso, atiram promessas para<br />

2050 e frustraram-se as propostas europeias.<br />

Luís Rego, em Copenhaga<br />

luis.rego@economico.pt<br />

“Que idade tens em 2050?” A<br />

mensagem provocadora da organização<br />

mundial de jovens à conferência<br />

de Copenhaga parecia<br />

feita à medida do acordo que ontem<br />

se fechava entre líderes na<br />

capital dinamarquesa. Segundo<br />

ecos do encontro à hora de fecho<br />

desta edição, desenhava-se um<br />

acordo “seguramente histórico”,<br />

mas que “não deixa ninguém<br />

muito satisfeito”, explicava um<br />

delegado.<br />

Em cima da mesa estava uma<br />

meta de redução de emissões de<br />

50% até 2050, com um esforço<br />

calculado em 80% para os países<br />

mais desenvolvidos. Algo que<br />

afasta quaisquer restrições para<br />

2020 bem como a promessa de se<br />

tornar vinculativo e obrigatório<br />

no decorrer de 2010, dentro de<br />

seismesesouumano.Atéoobjectivo<br />

de fixar 2020 como ‘pico’<br />

das emissões globais, o que para<br />

os cientistas é fundamental para<br />

fazer com que a temperatura do<br />

planeta não aumente 2 graus, foi<br />

colocado de lado, fixando-se ao<br />

invés um rendez-vous em 2016<br />

para estudar a possibilidade de<br />

estabelecer 1,5 graus como tecto<br />

máximo. Não éosuficiente para<br />

combater as alterações climáticas<br />

mas é um primeiro passo, dizem<br />

fontes dos EUA, citadas pelas<br />

agências.<br />

A confirmar-se é um passo<br />

atrás face ao que os europeus procuravam,<br />

motivo pelo qual a UE<br />

chegou a ponderar ontem ‘saltar<br />

fora’, reportavam delegados europeus<br />

depois de uma segunda cimeiraimprovisadanumasalarecôndita<br />

da conferência. “Estamos<br />

perto de ver nascer um acordo<br />

não vinculativo depois de 36 horas<br />

de intensas negociações” dizia<br />

o ministro ambiente indiano, Jairam<br />

Ramesh.<br />

A UE ameaçou mesmo os seus<br />

parceiros com a criação um imposto<br />

sobre o carbono, para os<br />

produtos importados de países<br />

que não tenham metas ambientais<br />

comparáveis ao bloco europeu.<br />

Uma ideia muito francesa e<br />

que o Reino Unido apenas aceita<br />

como postura negocial. Algo<br />

que satisfaria a industria pesada<br />

europeia mas que prometeria<br />

lançar o mundo numa guerra<br />

Este acordo possível<br />

éoresultadodeum<br />

diadeconfrontação<br />

entre EUA e China,<br />

onde a UE ficou<br />

umdiainteiroaver<br />

as suas ‘linhas<br />

vermelhas’<br />

ultrapassadas mas<br />

comumacordo<br />

a ser gizado entre<br />

as duas nações mais<br />

poluentes.<br />

comercial de final imprevisível.<br />

Os europeus afastavam também<br />

ao principio da noite elevar a<br />

suametade20%para25%ou<br />

30% de redução de emissões, por<br />

manifesta falta de movimento<br />

das restantes partes. Ed Miliband,<br />

o ministro britânico, dizia<br />

que “se pudermos ir para 30%,<br />

vamos. Mas as coisas não parecem<br />

bem encaminhadas neste<br />

momento mas estamos a fazer o<br />

melhor que podemos para lá chegar”.<br />

Uma alternativa na mesa é<br />

que cada um dos europeus escolha<br />

voluntariamente elevar as<br />

suas posições para estimular movimento<br />

dos outros blocos, mas a<br />

Alemanha opunha-se terminantemente<br />

a um gesto colectivo sem<br />

garantia de acção recíproca.<br />

Esteacordopossíveléoresultado<br />

de um dia de confrontação<br />

entre EUA e China, onde a UE ficou<br />

um dia inteiro a ver as suas<br />

‘linhas vermelhas’ ultrapassadasmascomumacordoaser<br />

gizado entre as duas nações<br />

mais poluentes.<br />

Os países em vias de desenvolvimento,<br />

entre eles a China e Índia,<br />

aceitaram tomar e programar<br />

medidas concretas para reduzir<br />

emissões de CO2 no futuro. Wen<br />

Jiabao, o premeiro-ministro chinês,<br />

manteve metas de 40/45%<br />

de intensidade carbónica, mas<br />

aceitou reportar essas emissões<br />

através de “comunicações nacionais”<br />

para a ONU, numa solução<br />

arrancada a ferros a Pequim, que<br />

receava intromissão na sua soberania.<br />

Um tema que incendiou as<br />

negociações toda a tarde.<br />

Barack Obama, o presidente<br />

norte-americano, reiterou meta<br />

de 3% para 2020/1990, mas ofereceu<br />

mais verbas para a desflorestaçãooquenapráticasetraduziria<br />

em menos emissões, explica<br />

um fonte europeia.<br />

O capítulo do financiamento<br />

ficou fechado com os líderes a fixarem<br />

uma soma anual de 100<br />

mil milhões de dólares para os<br />

mais pobres até 2020, com um<br />

fundo de arranque rápido de 30<br />

milmilhõesparasergastoimediatamente<br />

e até 2010, para o<br />

qual a UE oferece 2,4 mil milhões.<br />

Trata-se de uma enorme<br />

cedência das nações africanas<br />

que tinham pedido há semanas<br />

um volume de 400 mil milhões<br />

ano até 2020. ■<br />

“ “Como maior<br />

economia do<br />

mundo e segundo<br />

maior emissor,<br />

aAmérica<br />

partilha a sua<br />

responsabilidade<br />

nas alterações<br />

climáticas e quer<br />

assumir essas<br />

responsabilidades”.<br />

A questão é se<br />

seguimos em frente<br />

juntos ou em nos<br />

separamos. Este<br />

não é um acordo<br />

perfeito e<br />

nenhumpaís<br />

conseguirá tudo<br />

o que deseja.<br />

Temos de escolher<br />

a acção em vez da<br />

inacção, o futuro<br />

em vez do passado–<br />

com coragem e fé.<br />

Barack Obama<br />

PISTAS PARA PERCEBER OS RESULTADOS DE COPENHAGA<br />

+<br />

Acordo forte<br />

● O objectivo:<br />

Limitar o aquecimento<br />

global a 2º<br />

● Compromisso dos ‘ricos’:<br />

Os EUA e os demais países<br />

desenvolvidos vão mais além<br />

dos compromissos já<br />

anunciados. A UE reduz a suas<br />

emissões de 20% para 30%.<br />

● Acções dos países em<br />

desenvolvimento:<br />

A China, a Índia e outras<br />

grandes economias<br />

emergentes acordam cortes<br />

mais profundos na intensidade<br />

das emissões, para além<br />

do anunciado.<br />

● Prazo de entrada em vigor<br />

do tratado vinculativo:<br />

O tratado será redigido<br />

e assinado no espaço de seis<br />

meses.<br />

● Financiamento:<br />

Os países desenvolvidos<br />

concordam em avançar com 100<br />

mil milhões de dólares mais de<br />

financiamento em 2020,<br />

montante este que pode

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