Weekend 1197 : Plano 56 : 1 : P.gina 1- - Económico
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8 <strong>Económico</strong> — <strong>Weekend</strong> Sábado 19 Dezembro 2009<br />
DESTAQUE OPADACSNÀCIMPOR<br />
Brasileiros têm<br />
apoio do Governo<br />
na OPA à Cimpor<br />
Operação-relâmpago do grupo brasileiro apanhou de supresa<br />
principais accionistas da cimenteira, como a Teixeira Duarte.<br />
Maria Teixeira Alves<br />
e Nuno Miguel Silva<br />
maria.alves@economico.pt<br />
O grupo brasileiro CSN – Companhia<br />
Siderúrgica Nacional garantiu<br />
ao <strong>Económico</strong> que avançou<br />
para a OPA – Oferta Pública<br />
de Aquisição, ontem anunciada à<br />
totalidade do capital da Cimpor,<br />
com o apoio do Governo português,<br />
designadamente do primeiro-ministro<br />
José Sócrates.<br />
Em entrevista ontem concedida<br />
ao Diário <strong>Económico</strong>, Juarez Saliba<br />
de Avelar, director-geral da<br />
CSN, garantiu que “ontem<br />
[quinta-feira] o nosso presidente<br />
[Benjamin Steinbruch] tentou<br />
falar com o primeiro-ministro,<br />
não conseguimos, mas sabemos<br />
quechegouamensagemdeque<br />
estaríamos a fazer uma coisa”.<br />
“Infelizmente, não deu para<br />
falar antes, mas vamo-nos mover<br />
para fazer esses contactos e<br />
temos todo o apoio do Governo<br />
português”, confirmou Juarez<br />
Saliba de Avelar ao Diário <strong>Económico</strong>.<br />
A decisão da CSN de avançar<br />
para esta OPA apanhou meio<br />
mundo de surpresa, em particular<br />
os accionistas de referência da<br />
cimenteira nacional, que não foram<br />
previamente notificados da<br />
operação. Contactada, fonte oficial<br />
do Ministério das Finanças<br />
(que tutela a Caixa Geral de Depósitos,aqualdetémcercade<br />
10% da Cimpor, que se comprometeu<br />
a revender a Manuel Fino)<br />
disse que a OPA é “uma operação<br />
de mercado que não temos de<br />
comentar, acrescentando que<br />
“sendo uma oferta de aquisição,<br />
cabe aos accionista decidir”. “No<br />
casodaCGD,amatériaédaexclusiva<br />
competência do seu conselho<br />
de administração”, sublinhou<br />
a mesma fonte.<br />
A principal accionista, a<br />
construtora Teixeira Duarte,<br />
com cerca de 23% do respectivo<br />
capital, teve o conselho de administração<br />
em reunião durante<br />
praticamente todo o dia de ontem,<br />
mas não foi possível obter<br />
comentários de qualquer responsável.<br />
(ver pág. 10)<br />
Contactada fonte oficial da<br />
Lafarge, maior grupo cimenteiro<br />
mundial e segundo maior accionista<br />
da Cimpor, disse “que sou-<br />
PRÓS E CONTRAS<br />
+<br />
A CSN é uma empresa de grande<br />
dimensão e forte tradição<br />
industrial. Irá reforçar a posição<br />
da Cimpor no Brasil se operar<br />
também os activos da CSN,<br />
porque é a empresa portuguesa<br />
que detém o ‘know-how’ há<br />
várias décadas.<br />
A CSN poderá acalmar o clima de<br />
conflito internos dos últimos<br />
meses e reforçar a capacidade de<br />
investimento da Cimpor em<br />
novos mercados internacionais.<br />
-<br />
A CSN tem passado algumas<br />
dificuldades financeiras e não<br />
tem‘knowhow’nosector<br />
cimenteiro.<br />
Não existem sinergias<br />
assinaláveis entre o sector<br />
siderúrgico e o mineiro, onde a<br />
CSN actua, e o sector cimenteiro<br />
Lula da Silva<br />
Presidente<br />
brasileiro<br />
“Portugal tem muito mais a ganhar<br />
com o actual momento do<br />
Brasil, e as empresas portuguesas<br />
que incluíram o nosso país no<br />
seu roteiro de internacionalização<br />
já beneficiam da vitalidade<br />
da economia brasileira. Os ganhos<br />
de escala possibilitados<br />
pelo dinamismo do mercado interno<br />
são um elemento que nenhuma<br />
empresa pode desprezar,<br />
e isso muitos investidores portugueses<br />
souberam perceber<br />
muito bem”.<br />
bemos da OPA da CSN esta manhã”,<br />
confirmando que não teve<br />
conhecimento prévio da operação,<br />
mas escusando-se a efectuar<br />
mais comentários sobre o<br />
assunto.<br />
Também a Investifino, outro<br />
accionista de referência da Cimpor,<br />
com 10%, esteve em conselho<br />
de administração durante<br />
grande parte do dia, tendo sido<br />
impossível obter uma reacção da<br />
Investifino.<br />
José Maria Ricciardi, presidente<br />
do BESI – Banco Espírito<br />
Santo de Investimento, que<br />
montou a operação de aquisição<br />
para a CSN, diz que “o interesse<br />
de um dos maiores produtores de<br />
aço do mundo em investir mais<br />
de 4 mil milhões de euros numa<br />
empresa portuguesa é uma boa<br />
notícia para Portugal”.<br />
O BES Investimento montou<br />
uma operação-relâmpago, que<br />
apanhou de surpresa o maior accionista<br />
a Teixeira Duarte. Na assessoria<br />
jurídica está Diogo Leónidas<br />
Rocha, em nome do BESI, e<br />
o escritório Morais Leitão por<br />
contadaCSN.<br />
O BES acabou por ser contratado<br />
para montar a OPA que ontem<br />
a empresa brasileira, que já<br />
detém em Portugal a Lusosider,<br />
lançou sobre a Cimpor a 5,75 euros<br />
por acção.<br />
O preço é considerado baixo<br />
tendo em conta a cotação de fechodacimenteiranasessãode<br />
quinta-feira (5,4 euros por acção).<br />
Mas fontes da banca de<br />
investimento garantem que este<br />
preço representa quase 10 vezes<br />
o EBITDA da cimenteira. Os<br />
analistas são unânimes em<br />
considerar a oferta atractiva,<br />
tendo em conta os fundamentais<br />
da empresa. (ver pág.12)<br />
A oferta apanhou de surpresa o<br />
mercado, apesar de na quinta-feira<br />
já existirem rumores de que tal<br />
operação estava a ser preparada.<br />
Por sua vez, a CGD já manifestou<br />
que não tem interesse<br />
em vender a sua participação<br />
na Cimpor. Uma posição reforçada<br />
pelo presidente da Caixa,<br />
Faria de Oliveira, que já revelou<br />
que tem por política defender<br />
os centros de decisão nacional,<br />
a propósito da OPA da<br />
CSN sobre a Cimpor. ■ Com<br />
B.P., E.M., F.A. e P.C.<br />
Os responsáveis da CSN<br />
estiveram ontem em Lisboa<br />
para explicar a operação.<br />
ENTREVISTA JUAREZ SALIBA DE AVELAR director-geral da<br />
“Temos todo o apoio<br />
O director-geral da diz que<br />
Sócrates já fez à CSN vários<br />
apelos para investir em Portugal.<br />
Bruno Proença<br />
e Pedro Sousa Carvalho<br />
pedro.carvalho@economico.pt<br />
Juarez Saliba de Avelar explica o<br />
racional da OPA e não descarta<br />
rever o preço em alta.<br />
Os analistas estão a dizer que o<br />
preço da OPA é muito baixo.<br />
Estamos a trabalhar há dois meses<br />
na avaliação da empresa para fazer<br />
uma oferta e não gostamos de<br />
colocar uma oferta que seja encarada<br />
como ofensiva. Gostamos de<br />
ter uma oferta justa. Não queremos<br />
explorar ninguém. E não somos<br />
estranhos no sector. Temos<br />
actividade e pessoas que conhecem<br />
o sector. Temos acompanhado<br />
o que se tem passado na Cim-<br />
por, de algum tipo de problemas<br />
entre accionistas.<br />
Acha que os accionistas querem<br />
vender a esse preço?<br />
Uma das grandes dificuldades que<br />
vimos no grupo de accionistas<br />
que gostariam de sair da empresa<br />
foi a questão da liquidez das acções<br />
da Cimpor, que é muito baixa.<br />
Alguns accionistas que pretendiam<br />
sair ficavam com problemas<br />
de sair, porque não tinham<br />
essa porta de saída.<br />
Fechaasportasaumarevisãoem<br />
alta do preço da OPA?<br />
A resposta é não. Mas estamos no<br />
mercado e não sabemos o que irá<br />
acontecer. Pode haver uma melhoria<br />
de preço. O importante<br />
nisto tudo é que estamos dispostos<br />
a comprar 100% da empresa e<br />
estamos preparados financeiramente<br />
para fazer isso. Só de caixa<br />
temos cinco mil dólares de liquidez<br />
na empresa.