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14 | Outlook | Sábado, 19.12.2009 A MINHA ECONOMIA A importância do riso e das ‘gaffes’ políticas na economia francesa. Um ensaio por Fernando Pacheco. Enquanto isso, Tim Harford ensaia a aplicação de mais alguns princípios da economia comportamental para ajudar um leitor nas suas decisões. Tim Harford Querido Economista Fui recentemente informado que o meu cargo será eliminado no final do mês. O meu empregador oferece-me dois meses de indemnização. Estou a pensar em mudar de indústria, da finança para as tecnologias verdes, e mudar-me dos EUA para a Europa. Tenho quase trinta anos, sou solteiro e tenho disponibilidade para viajar e mudar de país – algo que, quando encontrar um novo emprego, talvez já não esteja em condições de fazer. Mas uma mudança deste tipo pode ser difícil e demorar mais de dois meses. Também posso continuar na cidade onde vivo e aceitar outro emprego na mesma indústria com relativa facilidade. Será que devo pensar bem antes de aceitar um novo emprego, ficar no desemprego durante algum tempo, ou devo jogar pelo seguro e arranjar emprego já? Jeremy Caro Jeremy, “A economia comportamental”, que funciona na fronteira entre a psicologia e a economia, dá- -nos uma série de pistas. Mas, infelizmente, a suas mensagens são contraditórias. Por um lado, pode estar a sofrer de “desconto hiperbólico” – uma tendência para atentar demasiado os custos imediatos e ignorar as vantagens a longo prazo. Tem três ou quarto décadas pela frente e, no entanto, só pensa nas poucas semanas durante as quais estará desempregado. O economista Johannes Spinnewijn descobriu que as pessoas que procuram trabalho tendem a ser demasiado optimistas quanto às suas hipóteses de encontrar rapidamente uma nova ocupação. Provavelmente está a subestimar os riscos, pensando ao mesmo tempo demasiado nos mesmos. Coloquemos de parte as contradições da economia comportamental e viremo-nos antes para a história económica. A experiência sugere que os grandes projectos de transformação – a GrandeMarchadeMaoeo‘jackpot’ da energia nuclear no Reino Unido – acabaram em desastre. É sempre melhor adoptar uma abordagem gradual. O seu plano consiste em mudar de indústria ou de continente, ou passar de uma situação precária para uma situação de desemprego. Será assim tão difícil tentar uma carreira de sonho passo a passo? Exclusivo Financial Times Tradução de Carlos Tomé Sousa Fernando Pacheco Riréomelhor remédio A senhora Christine Lagarde acaba de ser escolhida pelos seus pares como a melhor ministra do governo francês, ao mesmo tempo que bateu o recorde velho de dezassete anos de longevidade à cabeça da economia e finanças, até aqui nas mãos de Dominique Strauss-Kahn com dois anos e cinco meses. Relembre-se que ainda o mês passado um júri do “Financial Times” a tinha designado melhor ministro das finanças europeu. Nada mal para quem era apontado, dois anos atrás, como ‘gaffeur’ e de quem se dizia ser como o peru: não passaria do Natal. Aliás, em Fevereiro de 2008 a sua demissão foi anunciada duas vezes nos jornais. Christine Lagarde é de facto uma pessoa especial. Já lá vai o tempo em que era a Madame Lagaffe por no pico dos preços do petróleo recomendar que “se ande de bicicleta” e a quem, em plena crise, os deputados se referiam como “está tudo bem, senhora Marquesa” devido ao seu optimismo. A primeira mulher a habitar Bercy mandou substituir o tapete do gabinete por um horrível, tipo pele de zebra, para “ter a certeza que, quando falo, ninguém está a olhar para o chão” e é hoje citada quando diz coisas como “o risco, na política, é tornarmo-nos endógenos.” E a verdade é que a economia francesa resistiu melhor à crise do que muitas por estar melhor posicionada: não atravessava uma fase de forte especulação imobiliária, não estava tão exposta aos mercados externos por não depender na mesma medida das exportações e evidenciou maior estabilidade de emprego por o sector público ser mais importante. Mas não se pense que o governo francês ficou sem ‘gaffeur’ de serviço. E se a anedota do aluno que mentia na escola sobre a profissão dos pais por estes trabalharem em empresas financeiras ficou famosa graças à senhora Bachelot, a mesma que no dia 16 de Novembro passou uma viagem no avião presidencial a contar piadas de louras, o campeão incontestável – eleito pelos pares – é o senhor Kouchner. Foi ele que disse num conselho de ministros a um colega: “Sei que ofenderei a sua modéstia dizendo que foi excelente, mas mesmo assim vou fazê-lo”; é ele que, um mês antes das europeias, confessava “não sei em quem votar”; é ainda ele que antes das eleições afegãs opinava que uma segunda volta seria uma catástrofe para, na inevitabilidade desta, dizer que “era uma coisa muito boa para a democracia.” Será Kouchner o melhor ministro europeu de 2010? Serão as ‘gaffes’ boas para a economia? Valeria a pena desenvolver um projecto de investigação para avaliar o impacto destas nos índices de confiança e de clima económico. É que, como se vê na terra de Astérix, com as ‘gaffes’ nem tudo são tristezas, o que indubitavelmente deve dar alguma animação – aos franceses e francesas, ‘forcément’ aos mercados.
Bestof Outlook | Sábado, 19.12.2009 | 15 Miúdos | Há alturas na vida em que gostaríamos de ser pirralhos. Por muitas razões. Ter uma bicicleta Early Rider é uma delas. São giras a valer. E mais importante, são manufacturadas (com o carinho que os mais pequeninos merecem) em contraplacado marítimo de madeira proveniente de florestas nórdicas sustentáveis, selim em pele sintética ajustável e rodas em alumínio. Filosofia ‘sit-and-go’, sentar e equilibrar-se com os pés no chão. Pedais, não há. À venda na Gadgetoys em Sintra (Terrugem) e no ‘site’ www.gadgetoys.pt. A da foto é de uma Evolution Rider (dos três e meio aos seis anos) e custa 165 euros.
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