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Weekend 1197 : Plano 56 : 1 : P.gina 1- - Económico

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8 | Outlook | Sábado, 19.12.2009<br />

UTOPIAS<br />

Só respondo na presença<br />

do meu avatar<br />

Guarde bem a sua ‘password’ do Facebook, o ‘login’ do Twitter, o endereço<br />

do MySpace ou o nome de utilizador do Blogger. Em breve, será mais<br />

perigoso perdê-los do que perder a carteira com o Cartão de Cidadão dentro.<br />

Não é possível adocicar a notícia: as redes sociais mataram os carteiristas<br />

TEXTO ÂNGELA MARQUES / ILUSTRAÇÃO GONÇALO VIANA<br />

Há o que vivemos na realidade:<br />

um sismo mariquinhas.<br />

E depois há o que anunciamos<br />

que vivemos no Facebook:<br />

um sismo que ficará<br />

para a história e que nós<br />

sentimos – sentimos muito. Poucos minutos<br />

após o tremor de terra de quinta-feira<br />

milhares de portugueses ligaram o computador<br />

para postar: eu senti. Na verdade,<br />

o que diziam era que a sua identidade virtual<br />

sentiu. Provavelmente sem querer,<br />

deram informações a mais: que o prédio<br />

isto, que os filhos aquilo. Mas não resistiram,<br />

porque não estavam em si – mas na<br />

personagem que são do outro lado do ecrã.<br />

É crime? Não. Mas pode ser perigoso.<br />

Para muitos foi como a anedota do homem<br />

que lamenta estar numa ilha deserta<br />

com uma top model se não se pode<br />

gabar disso aos amigos. Para outros, uma<br />

necessidade básica. Os portugueses só<br />

foram apresentados ao Facebook em Setembro<br />

de 2008, mas hoje há já um milhão<br />

que não passa sem ele. E ali deixa<br />

metade da alma. “As pessoas usam as redes<br />

sociais como um espelho daquilo que<br />

são na realidade. Por exemplo, as fotografias<br />

que colocam no Facebook são<br />

reais. E isso levanta a problemática da<br />

segurança, claro”, diz Nelson Zagalo,<br />

professor e investigador da Universidade<br />

do Minho na área das Ciências e Tecnologias<br />

da Comunicação.<br />

As histórias de pessoas que perderam o<br />

emprego por dizerem mal do patrão em<br />

blogues e tweets já nem impressionam<br />

(são tão 2009 que não contam). “Hoje o<br />

Facebook é uma plataforma de centralização<br />

de informação. Até de informação relacionada<br />

com a nossa saúde”. Segundo o<br />

investigador, está já a ser “trabalhada pelo<br />

Google uma ferramenta que nos permitirá<br />

termos um login para aceder aos nossos<br />

boletins de saúde nos hospitais”. Não é<br />

preciso ima<strong>gina</strong>r muito para saber que<br />

“quem tiver acesso a essa ‘password’ terá<br />

acesso a informação extremamente relevante<br />

sobre nós”.<br />

Depois de ter destronado o Hi5 e o<br />

MySpace, o Facebook aparece assim, para<br />

Nelson Zagalo, como a rede social onde<br />

esta confusão de identidades será mais<br />

visível: “O objectivo do Facebook é dar-<br />

-nos a omnipresença constante. É podermos<br />

funcionar continuamente, mesmo<br />

que estejamos a dormir.”<br />

A dormir ou a dar uma entrevista na<br />

RTP2. A Paulo Querido, jornalista e consultor<br />

em Tecnologias de Informação e<br />

Conhecimento, isto já acontece: “Na semana<br />

passada eu estava em directo na<br />

RTP2 e as minhas contas Twitter, Facebook<br />

e FriendFeed eram alimentadas pelos<br />

meus bots, em acções relativamente<br />

independentes de mim.” Bots? “Bot é<br />

abreviatura de infobot. Um robot é um<br />

conjunto mecânico que executa tarefas<br />

pré-programadas. Um infobot é igual,<br />

mas não é mecânico, é informático. É um<br />

programa, ou conjunto, que executa tarefas<br />

pré-programadas”. Os de Paulo Querido<br />

estão por todo o lado.<br />

“Os meus bots recolhem informação<br />

(links) segundo directivas que lhes forneço,<br />

depositam-na numa base de dados.<br />

Depois, consoante se verifiquem certos<br />

pressupostos (hora, dia da semana, fonte<br />

da informação) vão buscar a informação a<br />

essa base de dados, processam-na e formatam-na<br />

para a enviarem para as minhas<br />

contas”. Assim, de uma forma mais<br />

ou menos assustadora, diz, “os bots fazem<br />

tweets em meu nome, sim”. Geralmente,<br />

acrescenta, são “tweets informativos,<br />

não-conversacionais, embora possam ser<br />

programados até para responderem a perguntas<br />

ou frases específicas.”<br />

Mas no futuro será melhor (ou pior):<br />

“Essa independência será maior e ao<br />

mesmo tempo essas entidades ganharão<br />

complexidade, massa, e finalmente al-<br />

Prepare-se:<br />

até a dormir<br />

vai partilhar.<br />

E as ferramentas<br />

que hoje usa para<br />

conversar em tempo<br />

real serão capazes<br />

de, em 10 a 20 anos,<br />

comunicar o seu<br />

estado de espírito<br />

sob a forma de<br />

um holograma<br />

enquanto está longe<br />

do computador.<br />

Os avatares já não<br />

são ficção científica

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