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Primeira fextd feira da Quarefma. 21 £
amor, como ha de ter amor vaffallos te acçaõ para a de»
para o ódio? Naõ ha entre zejar, nem pedir. Daqui íe
todos os corações humanos, fegue aquella grade dor (por
ôc entre todos os eftados do lhe naó chamar injuftiça) de
mundo, nem vontades,mais
defamoraveis, que as foberanas,
nem couía mais oppo»
fta ao amor , que a Mageftâde.
E porque razaõ, íe razaõ
fe pôde chamar? Por
duas. Pela defigualdade, ôc
pela obrigação dos vaffallos.
O amor reciproco, que por
outro nome fe chama amiza*
que tenoa mais ventura com
os Reys o fervir, que o amar:
porque os ferviços alguma
vez faõ premiados, o amor
nunca he correfpondido»
Naõ feriaõ as Mageftades
Mageftades,fe fe fuge it afiem
a amar. Porque ? Por outras
duas razoens da fua parte.
Amar he inclinarfe à vonta­
de, diz Ariftoteles que o naõ de primeiro , ôc depois renpóde
haver fenaõ entre igua» deríe:ôc o render fe he contra
es: ôc como entre os Reys,Ôc a potência da Mageftâde , o
os vaffallos ha huma defi­ inclinarfe contra a foberagualdade
taõ diftante, conia. Por iffo diffe bem quem
mo do inferior ao fupremo, lhe conhecia efta condição,
a mefma foberania, que os q nem pôde haver Magefta*
remonta fobre a igualdade, de com amor, nem amor com
os defobriga da correfpon- Mageftâde: Non bem conve*
dencia. E. porque amarem niunt, nec in una fede morantur
os vaffallos ao Rey , he obri­ maieftas, (fy amor. E fe 0$
gação natural, efta he a fe­ Reys, como dizia, nem amagunda
izençaõ, ou Regalia, dos fe inclinaõ a amar os a»
que lograõ as Mageftades, migos, odiados, ôc aborreci­
para nem lhe fer neceffario dos, como fe haõ de fogeitar
amar para fer amados, nem a amar inimigos ?
depois de fer amados, fica­ 251 Seja exemplo o
rem obrigados a amar. Co­ Rey do melhor coração de
mo oamor dos vaffallos he quantos impunháraõ cetro.
divida, nem os Reys ficaõ Teve David muitos, ôc gran­
obrigados a paga, nem os des inimigos (que naõ fora
Tom. 4.
Oiij Da-