Isaac Kerstenetzky - Biblioteca - IBGE

Isaac Kerstenetzky, fomentador das estatísticas brasileiras: legado ibgeano 103
de importância um tanto palpitante é de que, por coincidência, estamos comemorando
os 250 anos de nascimento de Adam Smith e, dentro de dois anos, estaremos comemorando
os 200 anos de “A Riqueza das Nações”.
Pois bem, creio que, embora tenha havido um esforço substancial tanto de historiadores,
quanto de economistas, especialmente ingleses, no sentido de um melhor
entendimento do que foi a revolução fi scal na Inglaterra, o fato é que uma boa parte do
nosso entendimento do que foi esse processo ainda depende, ainda se baseia, essencialmente,
no que Adam Smith escreveu há cerca de 200 anos. A nossa teoria de desenvolvimento,
de certa forma, tem um ritmo de desenvolvimento, de expansão, muito aquém
da própria necessidade de compreensão e de informação adicionais sobre processos.
Por outro lado, talvez uma explicação para essa difi culdade da teoria é que o que
existe em termos de esclarecimentos para a tomada de decisões não são problemas que
sejam especifi camente, econômicos, de educação ou sociais. O que existe são problemas
que têm uma dimensão por assim dizer total e, freqüentemente o nosso fracasso, em
termos de construir uma base para a decisão, está em nós tentarmos talvez fracionar em
excesso esses problemas. Na realidade é como se nós tivéssemos um problema-desafi o,
um quebra-cabeças, com inúmeras peças a serem compostas para se ter uma idéia, uma
visão do que está sendo representado.
Processo de aprendizagem
Assim, freqüentemente, em termos de uma tomada de decisão, na área econômico-social,
nós estamos num nível de análise essencialmente global, puramente econômica,
quando, na realidade, o problema tem uma dimensão, um conteúdo fortemente
político, às vezes até de psicologia social. Tem que haver, por assim dizer, um processo
de aprendizagem, de convivência, na elaboração, não só do sistema de informações,
como até da própria teoria básica para a elaboração desse sistema de dados, em que se
combinam os esforços de um grande número de especialistas.
Creio que nós podemos imaginar três dimensões na direção dessa quantifi cação;
a primeira, relativa a problema de estrutura; a segunda, de problemas de conjuntura; a
terceira, de problemas diretamente relacionados com decisão. Os problemas de estrutura
tratam essencialmente das principais características, dos principais atributos da estrutura
da população, da estrutura global, da estrutura macro-econômica da atividade
e das suas dimensões setoriais, em suas grandes linhas.
Os problemas de conjuntura, por assim dizer, começam em determinados segmentos
dos problemas de estruturas e estão relacionados, não só com observação sobre o
passado e sobre as condições das atividades econômicas e dos indicadores sociais, como
também com as sondagens sobre as atividades econômicas, que são também de uma importância
crítica para que se tome decisão em relação ao problema de conjuntura.
A terceira área de importância é área das decisöes propriamente ditas. Essa área,
em geral, não é focalizada ao lado dos problemas de estrutura e de conjuntura, porque
os estudos institucionais que representam a análise da atuação na área de decisão não
exercem - pelo fato de não utilizar instrumental considerado muito sofi sticado - grande
atrativo em relação aos especialistas da área de ciências sociais.
Um modelo de estrutura ou de conjuntura que mantenha uma certa relação com
o modelo de como funciona a tomada de decisão em qualquer dimensão do sistema,
quer seja ao nível regional ou estadual, ou mesmo numa empresa de grandes dimensões,
é um modelo que pode ter um aspecto elegante, mas, em termos de utilidade para
a tomada de decisões, ele tem um conteúdo extremamente reduzido.
O novo IBGE
Essa dimensão de estrutura e a dimensão de conjuntura podem ser focalizadas
também de uma outra ótica: problemas de composição de produto, produto interno
bruto, que em nosso País são muito importantes, problemas relacionados com o crescimento
do produto, isto é, crescimento com infra-estrutura social. A segunda dimensão
é a distribuição do produto, quer dizer, direito de acesso ao fl uxo de bens e serviços
do produto. A terceira dimensão de importância social, é o problema da regularidade