Isaac Kerstenetzky - Biblioteca - IBGE

124 Isaac Kerstenetzky: legado e perfi l
Pergunta - O que o senhor diz às críticas que muitas vezes são feitas ao IBGE quanto à
ausência de dados cadastrados ou atraso na publicação de resultados de pesquisas?
Resposta – Absolutamente não concordo com essas críticas. Nós temos um dos acervos
mais completos sobre a realidade econômico-social de um país em desenvolvimento.
O Brasil, aliás, ao contrário de muitos países desenvolvidos, já processou e divulgou
inteiramente os resultados do Censo de 1970. Dispõe de levantamentos completos, por
amostragem, de acompanhamento, em termos de pesquisas domiciliares, sobre a realidade
social e econômica do país. 0 anuário estatístico de 1975, que já está em circulação
contém dados relativos ao período enfocando os principais aspectos da realidade
econômica nacional. É evidente que, num país com a complexidade e com a dimensão
do Brasil, determinadas pesquisas de maior profundidade têm, necessariamente um
período relativamente longo de maturação, não só em termos de coleta, como em
termos de processamento. Embora o progresso seja contínuo, no sentido de encurtar
as distâncias, o intervalo entre o registro de fenômenos do campo e a disponibilidade
de dados para os usuários é ainda relevante, apesar de já estarmos obtendo melhores
marcas nesta área, nestes últimos anos.
Pergunta - Existem pesquisas por amostragem, outras que são baseadas nos Censos.
Qual desses tipos de investigação é mais efi ciente?
Resposta - O Censo, por defi nição, envolve o levantamento universal de toda uma população
e de todos os estabelecimentos envolvidos numa atividade econômica. Por tradição,
a experiência desenvolvida,
não só no Brasil como em outros
países, fez com que durante muito
tempo o intervalo entre esses
levantamentos fosse fi xado em 10
anos. A razão básica disso é que
um levantamento censitário tem
como objetivo tão somente apurar
dados de estrutura - as características
básicas da estrutura social,
da estrutura econômica do país. E
como é uma relação complexa, ela
envolve uma mobilização ampla
de recursos substanciais – e seria
extremamente dispendioso e pouco
efi caz repeti-la anualmente.
Por isso, além dos Censos que já
hoje em dia têm a periodicidade
qüinqüenal, o IBGE acompanha
os principais aspectos da realidade
econômica e social do país
por amostragem. A amostragem,
como processo de seleção de um
seguimento da população que é
submetido à investigação estatística,
tem uma base científi ca muito
sólida. E nós, inclusive, tivemos
oportunidade de testar esse
processo por diversas vezes. No
Censo de 70, nós, em seis meses,
divulgamos os principais resulta-