Isaac Kerstenetzky - Biblioteca - IBGE

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60 Isaac Kerstenetzky: legado e perfi l Durante os anos 1960 o coefi ciente de importação continuou a diminuir, chegando em 1964 e 1965 a 4,4%. Porém já nos últimos anos observa-se tendência de aumento desse índice. Esse comportamento do coefi ciente no decênio dos 1960, de declínio a posterior elevação, foi fenômeno essencialmente conjuntural, pois decorreu das fl utuações do nível de atividade econômica e de seus refl exos sobre a demanda de importação de equipamentos e matérias-primas (tabela 13). No decênio dos 1950 registram-se saldos negativos no balanço de pagamentos, provocando aumento acentuado de nossa divida externa. A tabela 8 proporciona uma visão agregada do balanço de pagamentos do Brasil no período 1959-1970. Observa-se que, excetuando-se 1960 e 1962, o balanço comercial apresenta saldos positivos durante esse período. Os saldos positivos mais elevados correspondem a períodos de expansão econômica lenta que exigiu menores importações. O movimento de capitais autônomos sofreu redução drástica em 1963 e, embora tenha voltado a aumentar nos anos seguintes, só veio a ter acréscimo substancial em 1968. Os investimentos diretos particulares que durante a crise da primeira metade do decênio, sofreram contração, não voltaram posteriormente a atingir os níveis dos anos 1950. Note-se, também, os elevados notáveis da amortização. As tabelas 14 e 15 indicam a direção das mudanças mais importantes ocorridas no período em foco na composição das exportações e importações segundo grandes classes de mercadorias. Nas exportações observa-se o acréscimo da proporção representada pela classe de matérias-primas, especialmente em decorrência do aumento das vendas de minérios. Os gêneros alimentícios e bebidas declinam em importância e surgem os produtos industriais na pauta. Para as importações as mudanças mais expressivas ocorridas correspondem às reduções relativas à classe das matérias-primas, principalmente devido à expansão do setor petroquímico nacional; e das importações de equipamentos e veículos. O Setor Público A pressão da população em processo de crescimento rápido e a necessidade de formação de capital de infra-estrutura vinculada à aceleração do crescimento econômico, de um lado, e, de outro, o ônus de uma burocracia governamental pouco efi ciente, contribuíram para acentuada elevação dos gastos do setor público nos últimos vinte anos. Como o aumento da carga tributária necessária para fi nanciar o dispêndio governamental não acompanhou seu crescimento, o “défi cit” orçamentário constituiu-se em fator decisivo na aceleração do processo de aumento de custos e preços internos. A parcela relativa, do PIB absorvida pelo setor público para consumo e formação de capital atingiu seu nível mais elevado de 18,l% do PIB, em 1960 (tabela 16). Durante os anos 1960 nota-se tendência a declínios lentos da relação dispêndio/produto, devido à redução relativa das despesas do consumo do governo, cuja percentagem manteve-se em cerca de 12 por cento, ao fi m do período focalizado. A relação dispêndio governamental/PIB parece ter voltado a aumentar nos últimos anos, registrando-se em 1969 um coefi ciente de 17,2% sobre do PIB. A taxa de formação de capital do setor público eleva-se de modo acentuado nos últimos anos da década dos anos 1950, refl etindo aumento dos gastos com obras públicas, entre as quais ressaltou a construção de Brasília. A relação formação de capital/PIB manteve-se na década em termo de 4% como conseqüência da taxa de crescimento demográfi co. Nos últimos anos, entretanto, a taxa de investimento do setor público deve ter aumentado (em 1969 já havia alcançado 5,6% do PIB), em razão do acelerado processo de urbanização da população brasileira e dos programas de integração nacional. Paralelamente ao aumento do dispêndio governamental aumentou a carga tributária. A carga tributária bruta (tabela 16) em 1947 era de 15%, em 1960, 20%, e em 1969, alcançava 20%, um dos índices mais elevados dos países em desenvolvimento.
Isaac Kerstenetzky, fomentador das estatísticas brasileiras: legado ibgeano 61 Diagramas e tabelas C33-123-72 A Estatística no planejamento TABELA 1 CONTAS NACIONAIS DO BRASIL, 1969 (Em Ncr$ 109) I - Conta de Produção 1.1 - Produto interno líquido ( a custo dos 1.6 - Consumo pessoal e variações de fatores) (2.6).................................................... 103,7 estoques (2.1).................................................. 95,6 1 - Agricultura.............................................. 17,8 1.7 - Consumo do Governo (3.1).......................... 15,5 2 - Indústria.................................................. 30,6 1.8 - Formação bruta de capital fixo 3 - Serviços.................................................... 55,4 (4.1).................................................................. 21,9 1.2 - Impostos indiretos (3.5)................................ 24,1 1. Governo..................................................... 7,4 1.3 - Menos subsídios (3.2)................................... 1,2 2. Setor Privado............................................ 14,5 1.4 - Depreciação do capital fixo (4.4)................. 6,6 1.9 - Exportação de mercadorias e ser- 1.5 - Importação de mercadorias e servi- viços (5.1)........................................................ 10,1 ços (5.3)............................................................ 10,0 TOTAL DA OFERTA DE BENS E SERVIÇOS............... 143,2 TOTAL DA PROCURA DE BENS E SERVIÇOS 143,2 II - Contas de apropriação 2.1 - Consumo pessoal (1.6).................................. 95,6 2.6 - Renda interna (1.1)........................................ 103,7 2.2 - Impostos diretos (3.6)................................... 13,1 1 - Setor Urbano........................................... 85,9 2.3 - Renda líquida enviada ao exterior 2 - Setor Agrícola......................................... 17,8 (5.4).................................................................. 2.4 - Outras receitas correntes do Gover- 1,2 no (3.7)............................................................. - 3,7 2.5 - Poupança líquida do setor privado 2.7 - Transferências (3.3)....................................... 15,6 (4.3).................................................................. 13,0 TOTAL DA DESPESA............................................. 119,2 TOTAL DA RENDA................................................ 119,2 III - Conta corrente do Governo 3.1 - Consumo do Governo (1.7).......................... 15,5 3.5 - Impostos indiretos (1.2)................................ 24,1 3.2 - Subsídios (1.3)................................................ 1,2 3.6 - Impostos diretos (2.2)................................... 13,1 3.3 - Transferências (2.7)....................................... 15,6 3.7 - Outras receitas correntes (2.4)..................... - 3,7 3.4 - Poupança (4.5)................................................ 1,2 TOTAL DA DESPESA............................................. 33,5 TOTAL DA RECEITA............................................. 33,5 IV - Conta consolidada de capital 4.1 - Formação bruta de capital fixo (1.8)........... 21,9 4.3 - Poupança líquida do setor privado (2.5).... 13,0 4.2 - Variação de estoques.................................... ... 4.4 - Depreciação do capital fixo (1.4)................. 6,6 4.5 - Poupança do Governo (3.4)......................... 4.6 - "Deficit" do balanço de pagamentos em 1,2 conta corrente (5.2)........................................ 1,1 TOTAL DA FORMAÇÃO DE CAPITAL............. 21,9 TOTAL DOS RECURSOS PARA FORMAÇÃO DE CAPITAL............................................................ 21,9 V - Conta das transações com o exterior 5.1 - Exportação de mercadorias e servi- 5.3 - Importações de mercadorias e serviços ços (1.10).......................................................... 10,1 (1.5).................................................................. 10,0 5.2 - Saldo do balanço de pagamentos em 5.4 - Renda líquida enviada para o exterior conta corrente (4.6)........................................ 1,1 (2.3).................................................................. 1,2 TOTAL DOS RECEBIMENTOS............................. 11,3 TOTAL DOS PAGAMENTOS............................... 11,3 ________________________________ Fonte - Centro de Conta Nacionais, Instituto Brasileiro de Economia (Fundação Getúlio Vargas) Estatísticas primárias da Fundação IBGE
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