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Isaac Kerstenetzky - Biblioteca - IBGE

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<strong>Isaac</strong> <strong>Kerstenetzky</strong>, fomentador das estatísticas brasileiras: legado ibgeano 129<br />

mulados pela modernização. Daí o aumento da população mundial apresentado freqüentemente<br />

como explosivo.<br />

“Nesse particular, não vemos, fora da correlação modernização da sociedade/precipitação<br />

dos nascimentos, perspectivas para o declínio dessa expansão demográfi ca. O<br />

fato é que no século XIX, mesmo com a ausência dos anticoncepcionais modernos, a<br />

modernização produziu, com os chamados “freios preventivos” de Malthus, o declínio<br />

do crescimento demográfi co. Focalizando o produto per capita, a abordagem aritmética<br />

de reduzir o denominador para aumentar o quociente é falsa em termos da inter-relação<br />

que existe entre as variáveis. Não obstante, o governo não deve privar os segmentos<br />

menos favorecidos da sociedade da informação e dos meios do planejamento familiar.<br />

Essa foi, aliás, a posição adotada pelo Brasil na Conferência Mundial de População de<br />

Bucareste, de 1974.<br />

“A questão da acumulação de capital da sociedade, relacionando-se com seu crescimento<br />

futuro, tem importantes implicações quanto à conceituação de crescimento e<br />

do que deve ser considerado como capital. Em tal sentido, talvez estejamos freqüentemente<br />

muito presos ao curto prazo em que o problema crítico da formulação de política<br />

pode ser o uso adequado da capacidade produtiva existente. Quando se tem vista, entretanto,<br />

horizonte de tempo mais longo, a idéia de geração de capacidade produtiva,<br />

orientada para necessidades básicas da população, não pode deixar de emergir como<br />

núcleo central de nossas preocupações. E é Smith quem diz que “nenhuma sociedade<br />

pode fl orescer e ser feliz, enquanto a maior parte de seus membros forem pobres e<br />

miseráveis”. Nessa afi rmação, sustenta o Professor Thomas Lowell, estava implícita a<br />

concepção de nação identifi cada com sua população, a qual, embora óbvia hoje em dia,<br />

não tinha aceitação ampla no tempo de Smith, nem na Europa nem na América.<br />

“A relação entre o crescimento e necessidades básicas leva à preocupação com<br />

a própria conceituação de crescimento. Os economistas tiveram certa difi culdade em<br />

“vender” a idéia de taxa de crescimento do produto interno bruto (PIB) como indicador<br />

de sucesso. Encontram, agora, resistências na aceitação de suas limitações e na necessidade<br />

de considerá-lo com certa cautela. Ao desenvolvimento, em curso, de medidas<br />

de bem-estar complementares ao PIS acresce a percepção de possível divergência entre<br />

“corrida” e “crescimento harmônico”, usando-se expressões cunhadas pelo Professor<br />

Janos Kornai. A “corrida” caracteriza-se, essencialmente, por ter como objetivo de política<br />

a expansão rápida, sobretudo daqueles setores que provocam, pelos seus efeitos de<br />

encadeamento, taxa elevada de crescimento ao menos por algum tempo. Taxas de crescimento<br />

nem sempre podem ser identifi cadas com efi ciência, pois devem ser confrontadas<br />

com os insumos críticos necessários para alcançá-las. A “corrida” muitas vezes<br />

chega a constituir espécie de sortilégio. É como se tivéssemos um corredor que corresse<br />

contra o relógio sem se preocupar com o lugar a que pretenda chegar.<br />

“O “crescimento harmônico” apresenta conotações éticas e políticas e, num país<br />

em desenvolvimento, não pode deixar de ter, entre seus objetivos fundamentais, o atendimento<br />

das necessidades básicas da população dentro de determinado horizonte de<br />

tempo. Esse atendimento pode ser considerado parte de uma estratégia de necessidades<br />

básicas constituída de três componentes essenciais: consumo pessoal (destacando-se níveis<br />

adequados de nutrição), acesso a serviços comunitários e emprego produtivo.<br />

“O conceito da acumulação é amplo e cumpre não circunscrevê-lo à tecnologia e<br />

ao capital físico, devendo ser considerado, de alguma forma, nutrição, educação, treinamento<br />

no emprego etc.<br />

“A relação entre esses fatores e o crescimento não é tão simples quanto muitas<br />

vezes se imagina, ou como muitos exercícios econométricos nos pretendem sugerir.<br />

Essa a razão por que não podem ser esquecidos fatores familiares constituídos pelo<br />

rendimento e instrução dos pais, inteligência, motivação, além de amplo espectro de<br />

fatores educacionais. Tal ordem de idéias encontra eco na preocupação dos governos<br />

contemporâneos, não apenas com os indicadores de sucesso, de natureza econômica,<br />

mas com atenção crescente para os indicadores de natureza social. No Brasil, estes não<br />

só integram o elenco ofi cial de informações estatísticas, mas também foram objeto de

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