Isaac Kerstenetzky - Biblioteca - IBGE
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<strong>Isaac</strong> <strong>Kerstenetzky</strong>, fomentador das estatísticas brasileiras: legado ibgeano 59<br />
ado aumento na entrada de capital estrangeiro, especialmente para investimentos no<br />
setor industrial.<br />
Essa política de expansão da economia não enfrentou, entretanto, os problemas<br />
estruturais que obstruíam o caminho de um crescimento sustentado de longo prazo da<br />
economia. Na realidade a estratégia de desenvolvimento consistiu nesse período essencialmente<br />
em tentar contornar obstáculos estruturais. A conseqüência foi a aceleração<br />
do processo infl acionário e considerável aumento do endividamento externo.<br />
Esses problemas, aliados à crise política da primeira metade dos 1960, produziram<br />
acentuada desaceleração na expansão econômica, 4,9% ao ano no período 1961/1964<br />
e 4,2% em 1965/1967. Em 1963, 1964 e 1965 a taxa de aumento do produto chegou a ser<br />
inferior à taxa de aumento da população. Para os dois últimos anos do decênio, 1968<br />
e 1969, foi registrada acentuada recuperação no uso da capacidade produtiva do País,<br />
com elevação da taxa de expansão para 8,4 e 9%, respectivamente.<br />
A composição setorial da produção do País é hoje aproximadamente a seguinte:<br />
1/5, agricultura; 1/3, indústria e a metade restante correspondente ao setor terciário. A<br />
indústria já tem, por conseguinte, contribuição do PIB superior à. da agricultura. Em 1920,<br />
a agricultura representava metade do total da produção e a indústria pouco mais de 10%.<br />
Em 1930, essa posição não havia sofrido modifi cação substancial. Em 1939, porém, registrou-se<br />
declínio da participação da agricultura para 37% e aumento da contribuição da<br />
indústria para 16%, em conseqüência de importante surto industrial ocorrido no período<br />
com expansão relativamente pequena da agricultura afetada pela Depressão Mundial.<br />
Uma explicação parcial dessa aparente contradição parece residir nos refl exos sobre a<br />
demanda provocada pelo considerável aumento dos “defi cits” governamentais.<br />
O período em que se processou a transformação estrutural mais acentuada da<br />
economia foi o de 1950-1959. A participação relativa da agricultura declinou de 26 para<br />
21%, e a indústria passou de 23 para 30%, permanecendo a contribuição do setor terciário<br />
em torno de 50%.<br />
Em relação às taxas de expansão setorial a comparação dos 1960 com os 1950<br />
indica diferenças relativamente pequenas para a agricultura (4,3 contra 4,1%) e para<br />
os serviços (6,1 contra 6,4%). Na indústria, porém, o dec1ínio do ritmo de crescimento<br />
foi acentuado, pois baixou de 9,1 para 6,6 por cento. A tabela 11 indica que os declínios<br />
da taxa de crescimento foram mais signifi cativos nos gêneros têxtil (4,6 para 1,6) e de<br />
produtos alimentares (6,6 para 3,4). Nos gêneros material de transporte e químico as<br />
elevadas taxas dos anos 1950 correspondem aos primeiros estágios de implantação das<br />
indústrias automobilísticas e petroquímica. No decênio 1960-1969, o gênero material<br />
de transporte foi o ritmo de expansão mais expressivo: 12,3% ao ano. Estima-se que a<br />
indústria de construção civil nos últimos quatro anos expandiu-se a um ritmo médio<br />
de cerca de 10 por cento ao ano. Tanto a indústria de construção civil como a automobilística<br />
tiveram sua expansão substancialmente infl uenciada pelos respectivos sistemas<br />
de fi nanciamento – o Banco, Nacional de Habitação e a proliferação de consórcios, com<br />
acentuada absorção do potencial de poupança do País.<br />
Pelo confronto da composição da produção industrial, em termos de valor adicionado<br />
segundo gêneros (tabela 5), em 1959 e 1969; as modifi cações mais importantes<br />
ocorridas no período foram as seguintes: - os produtos metálicos (indústrias mecânicas,<br />
material elétrico e de comunicações e material de transporte) passaram a representar de<br />
15, cerca de 20 por cento do total do valor adicionado da indústria de transformação; a<br />
indústria química aumentou de 13 para 18 por cento; e os. gêneros que correspondem<br />
a consumo mais generalizado, têxtil, vestuário, produtos alimentares, bebidas e fumo,<br />
declinaram de 36 para 30 por cento do total (tabela 12).<br />
Comércio Exterior<br />
A proporção de bens e serviços de origem externa, absorvidos pela economia<br />
brasileira, declinou do período 1947/1952 para 1957/1960, de 8,7 para 6,5 por cento,<br />
como fruto do processo de substituição de importações. Trata-se de índice relativamente<br />
baixo em termos de comparação internacional, o que se explica pela diversidade de<br />
recursos com que conta o País.