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Isaac Kerstenetzky - Biblioteca - IBGE

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<strong>Isaac</strong> <strong>Kerstenetzky</strong>, fomentador das estatísticas brasileiras:<br />

perfi l do cientista e do humanista<br />

Um sistema estatístico pode ser pensado como organização da produção centralizada de<br />

dados econômicos e sociais, abrangendo sua concepção, coleta, processamento, armazenamento<br />

e disseminação. A experiência internacional desaconselha produção descentralizada<br />

como, por exemplo, a de estatísticas setoriais distribuídas segundo ministérios<br />

afi ns ou por delegações a nível regional5 . Isso decorre, principalmente, da constatação<br />

de difi culdades de coordenação e operação sintonizada, bem como da instabilidade provocada<br />

por excessivas mudanças quando da sucessão de direções institucionais. [...] Os<br />

dados estatísticos constituem bem público, cuja produção deve atender não apenas ao<br />

Governo, mas, também, a demandas oriundas da Sociedade Civil. O conjunto dessas<br />

demandas deve ser organizado através de um conselho ou comissão nacional de estatísticas,<br />

vinculado ao Ministério ao qual o órgão central está vinculado. O sistema estatístico deve<br />

preocupar-se continuamente com a relevância, precisão e oportunidade de seus dados.<br />

Deve, por isso, planejar suas atividades e controlar a qualidade de seus produtos. A instituição<br />

deve nortear-se por projeto institucional6 com horizonte de tempo de dez anos7 . Esse<br />

projeto deve estabelecer prioridades e determinar o elenco de levantamentos regulares e<br />

especiais, levando em conta o painel amplo que a sociedade almeja ver elaborado. A falta<br />

de projeto central que atue como referencial para os diversos programas de trabalho do<br />

sistema estatístico, pode causar considerável insegurança e falhas em seu funcionamento<br />

(KERSTENETZKY, 1990, p. 185; grifo do autor).<br />

E deixa claro a idéia de que “o sistema estatístico deve ser estruturado a partir da<br />

contabilidade social integrada”, vista como a junção das “contas consolidadas (antigas<br />

contas nacionais), [das] tabelas de relações intersetoriais (input-output) e [do] fl uxo de<br />

fundos”, sem olvidar os índices de preços. Tem em mente, ainda, os “levantamentos<br />

domiciliares multi-objetivos” (por amostras), as “estatísticas básicas setoriais”, o uso<br />

dos “registros administrativos”, e aborda a criação do “cadastro de informantes”. Trata,<br />

também, dos níveis de agregação, das bases de microdados, dos estudos e análises; e<br />

por fi m, realça o que chama a “voz dos usuários” a ser ouvida sempre. Em suma, um<br />

programa completo.<br />

A Fundação é refundada<br />

Desde 1970, volta-se às críticas de 1958, de 1962, de 1964, de 1966, culminando na<br />

realização simultânea da II Conferência Nacional de Estatística e II Conferência Nacional<br />

de Geografi a, de que sairia o Plano Geral de Informações Estatísticas e Geográfi cas.<br />

Enfi m, a 11 de maio de 1973, a Lei no 5.878 enfeixa a mudança na Fundação; como centro<br />

dos ajustes, acabam-se as autonomias do “E” e do “G”, e se busca juntá-los na geração<br />

dos estudos e análises8 .<br />

Constituía objetivo básico do <strong>IBGE</strong>, segundo esta lei, “assegurar informações e<br />

estudos de natureza estatística, geográfi ca, cartográfi ca e demográfi ca necessários ao<br />

conhecimento da realidade física, econômica e social do País, visando especifi camente<br />

ao planejamento econômico e social e à segurança nacional” (art. 2º), produzindo e coordenando<br />

(§ 1º), para tanto, podendo manter “cursos de graduação e de treinamento<br />

de profi ssionais e especialistas” nas suas áreas de competência9 (§ 2º). Seu art. 3º oferece<br />

novidade na mudança:<br />

5 A seguir, essa posição é relativizada: “A noção de sistema estatístico pode ir além da concepção de uma organização central<br />

de estatística, pois abrange também, outras instituições associadas por diferentes formas de colaboração, mesmo quando o<br />

sistema é do tipo centralizado” (KERSTENETZKY, 1990, p. 185).<br />

6 Tomando essa expressão como similar a “Planejamento Estratégico”, o <strong>IBGE</strong> só veio a fazê-lo em 1988-1989, na gestão de<br />

Charles Müeller (contudo, a nova gestão, de Eduardo Augusto Guimarães, não o aplicou). Depois, veio a tê-lo, de fato, na<br />

gestão de Simon Schwartzman, em 1998, sendo mantido nas gestões de Sérgio Besserman e (ainda que com menos ênfase),<br />

na atual, de Eduardo Pereira Nunes.<br />

7 O horizonte de dez anos tem o viés do censo. O Planejamento Estratégico do <strong>IBGE</strong> tem o horizonte de três anos, com revisão<br />

contínua a cada ano; nem por isso perde a noção da decenalidade censitária<br />

8 Ao contrário do expresso no Decreto-lei n o 161, de 13 de fevereiro de 1967, que introduziu a denominação Fundação <strong>IBGE</strong>,<br />

e a tornou corrente, nesse instante, com a Lei n o 5.878, a sigla <strong>IBGE</strong> é tornada independente da especifi cação de ser uma<br />

Fundação.<br />

9 Essas áreas, é claro, não se resumiam à Estatística, o que sugeriria a abertura de novos cursos na ENCE. Mas isso só virá<br />

em 1998, com a criação do Programa de Mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais .<br />

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