11.05.2013 Views

Isaac Kerstenetzky - Biblioteca - IBGE

Isaac Kerstenetzky - Biblioteca - IBGE

Isaac Kerstenetzky - Biblioteca - IBGE

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Isaac</strong> <strong>Kerstenetzky</strong>, fomentador das estatísticas brasileiras: legado ibgeano 19<br />

Como bem se lembram aqueles que acompanhavam as atividades ibgeanas, grave<br />

era o quadro que então se observava no setor estatístico nacional. Perdurava o descompasso<br />

que, ao longo de uma fase cujo início remontava a 1558 ou pouco antes, se<br />

vinha acentuando entre a solicitação de novas e mais atuais estatísticas e as reais possibilidades<br />

do sistema.<br />

Atento ao que vinha acontecendo, o Conselho Nacional de Estatística desenvolvera<br />

tenazes esfôrços para colocar-se em melhores condições técnicas e administrativas. Promovera,<br />

juntamente com outras entidades, movimentos visando ao encontro dos caminhos mais<br />

aconselháveis para a ampliação e a atualização dos levantamentos estatísticos nacionais.<br />

Foi assim quando do I Seminário de Estatística, realizado em dezembro de 1958<br />

sob os auspícios do Instituto Roberto Simonsen, e que recomendou a adoção, no setor da<br />

pesquisa estatística, de métodos e processos adequados ao ritmo de desenvolvimento do<br />

País. Mais adiante, em 1962, cooperou o Conselho Nacional de Estatística no Grupo de<br />

Trabalho organizado pela COPLAN - Comissão Nacional de Planejamento - para elaborar<br />

um plano de ampliação e atualização dos levantamentos estatísticos nacionais.<br />

É oportuno referir, que o relatório apresentado por êsse Grupo de Trabalho advertia<br />

que “a permanência de processos obsoletos na execução dos levantamentos e<br />

a dispersão de esfôrços em inquéritos de importância secundária, em detrimento de<br />

aspectos de maior especialidade, vinham difi cultando a ação de coordenação técnica<br />

que, institucionalmente, cabia ao Conselho Nacional de Estatística”. E apontava rumos,<br />

ao salientar que “a par de aperfeiçoamentos de natureza técnica indispensáveis, a melhoria<br />

do sistema nacional de Estatística dependia de alterações de caráter estrutural”,<br />

frisando a “necessidade de centralizar em um só órgão a responsabilidade do planejamento,<br />

execução e divulgação das estatísticas que interessam ao País, determinados<br />

num Plano Nacional de Estatística”.<br />

Ocorrendo, em abril de 1964, o advento de ambiente e condições favoráveis à efetiva<br />

promoção de medidas de renovação e estruturação há tanto tempo exigidas, aperceberam-se<br />

os novos dirigentes do <strong>IBGE</strong> da oportunidade de imprimir sentido prático<br />

ao encaminhamento das providencias para isso necessárias. Surgiu daí a iniciativa do<br />

convite ao Estatístico Tulo Hostílio Montenegro, antigo e competente técnico ibgeano,<br />

há mais de um decênio exercendo as funções de Secretário-Geral do Instituto Interamericano<br />

de Estatística e de Diretor da Departamento de Estatística da OEA, para vir ao<br />

Brasil e, após estudos, pesquisas e entrevistas, traçar um diagnóstico sôbre as entraves<br />

que vinham entorpecendo o funcionamento do sistema estatístico nacional.<br />

Durante o mês de maio de 1964, entregou-se o abalizado técnico à missão que lhe<br />

fora confi ada, da qual resultou um relatório em que apontava objetivamente os fatores<br />

determinantes do desencontro de meios e fi ns, quanto à estrutura e funcionamento do<br />

<strong>IBGE</strong>, e sugeria as bases de uma reformulação do sistema estatístico nacional.<br />

Tiveram ampla e profunda repercussão as conclusões e recomendações contidas<br />

na relatório de Tulo Hostílio Montenegro, que afi rmava, a certa altura, que o sistema<br />

estatística brasileira se encontrava, em 1964, em face de um dilema:<br />

- Ou, num esforço aparentemente superior à sua capacidade, enfrentava os problemas<br />

assinalados e reorientava suas atividades, a fi m de produzir as estatísticas<br />

de que o País necessitava;<br />

- ou, em proporção cada vez maior e em forma descoordenada, essas estatísticas<br />

seriam levantadas pelos órgãos da administração pública e pelas entidades<br />

privadas que delas necessitavam, tornando-se pouco a pouco injustifi cável a<br />

manutenção do sistema como tal.<br />

Aconselhava o relatório, entre outras medidas, a constituição de uma Comissão<br />

de Alto Nível para “efetuar o estudo cuidadoso dos meios cuja aplicação se requeria<br />

para eliminar ou, pelo menos, reduzir os efeitos desfavoráveis dos fatôres que afetavam<br />

a estrutura e o funcionamento do sistema, e a preposição, aos Poderes Públicos, das medidas<br />

necessárias à reformulação de suas bases e à representação de suas atividades”.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!