Isaac Kerstenetzky - Biblioteca - IBGE

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14 Isaac Kerstenetzky: legado e perfi l admitir que, sem controles mais seguros e compatibilização entre as políticas de longo e curto prazo, essa mobilização psicológica não tarda a frustrar-se. Se num grande número de setores o esfôrço de desenvolvimento da década dos 1950 teve sucesso, no setor da estatística a cúpula do sistema estava imbuída do pensamento mágico de que a compra de equipamento eletrônico resolveria os problemas com que então se defrontava a estatística brasileira. A aceleração do desenvolvimento do país, no decênio 1950-1960, não foi acompanhada, por conseguinte, na área estatística, de expansão correspondente às necessidades crescentes de dados, tanto na esfera do Governo como na do Setor Privado. E por volta de 1963 chegou-se mesmo a um colapso quase total no fl uxo de informações estatísticas. O esfôrço dos últimos anos, no sentido de implantar um sistema de planejamento governamental no país, levou a nôvo ensaio no sentido de revigoramento do sistema estatístico, cujos primeiros efeitos já se sentem, particularmente na área da estatística industrial, no esfôrço de conclusão do processamento e divulgação do Censo de 1960 e na implementação, já iniciada, de um inquérito domiciliar por amostragem. No entanto, muito resta ainda por fazer, tanto no que se refere à obtenção de dados vitais para a política governamental, como no âmbito das informações necessárias para o setor privado. Creio que a troca de idéias, nas discussões dos próximos dias, deverá elucidar alguns dos aspectos mais importantes dos futuros rumos do sistema estatístico. Gostaria de acentuar, como tarefas particularmente merecedoras de atenção dos congressistas, o planejamento do Censo de 1970, a reestruturação completa da estatística agrícola, a apuração do comércio interestadual por vias internas, a compatibilização das prioridades nacionais e regionais em matéria de informações estatísticas, a ampliação do sistema de indicadores indispensáveis para a elaboração do contrôle da política econômica de curto prazo e a compatibilização e articulação, com o Plano Nacional de Estatísticas Básicas, de estatísticas de responsabilidade, no presente, de diferentes órgãos da administração pública. Do ponto de vista do consumidor - Setor Privado -, quer me parecer que êsse está interessado em dispor de estatísticas acuradas e atualizadas, despendendo o mínimo esfôrço no fornecimento de informações e com garantia de sigilo em relação às informações que prestar. Para que se possa atender a essas aspirações legítimas dos consumidores de estatísticas e à necessidade de informações para o sistema de planejamento - que do ponto de vista do setor privado de economia pode também ser considerado como uma pesquisa de mercado em grande escala -, deve-se atentar para as considerações que seguem. Em primeiro lugar, estabelecer um critério de prioridades tentando, tanto quanto possível, eliminar as solicitações de informações pouco úteis. Como entretanto determinar êsse critério de prioridades? A resposta, a meu ver, está na articulação das chamadas estatísticas primárias com as estatísticas derivadas, isto é, entre as estatísticas que resultam de “apuração de registro ou levantamento direto” e as estatísticas que decorrem “da elaboração com base, em geral, nas estatísticas primárias”. Entre as estatísticas derivadas merecem especial referência os indicadores da situação demográfi ca, a contabilidade social, os índices de preços, o balanço alimentar e o balanço energético. Em segundo lugar, é preciso atentar para o principio da centralização do sistema estatístico, no sentido de evitar duplicação desnecessária em inquéritos de diferentes agências governamentais, e assegurar a adoção de classifi cação uniforme nas tabulações dos dados. Além dos pontos que já mencionei, esta Conferência deverá também considerar que a modernização do sistema estatístico está vinculada ao maior uso de técnicas de amostragem e de processamento eletrônico de dados. Julgamos portanto muito oportuna a realização da I Conferência Nacional de Estatística, que poderá realizar uma exata avaliação da atividade estatística do país e, assim, propiciar importante contribuição para o progresso do Sistema Estatístico Brasileiro”.
Posse do nôvo presidente da Fundação IBGE Assumiu o cargo de Presidente da Fundação IBGE, no dia 25 de março, o professor Isaac Kerstenetzky, nomeado por ato do Sr. Presidente da República, datado do dia anterior. O ato de posse verifi cou-se no Rio, no gabinete do Ministro do Planejamento e Coordenação Geral, presentes altas autoridades, representantes de entidades públicas e privadas, funcionários e jornalistas. O titular da pasta leu uma mensagem do Presidente Garrastazu Médici ao funcionalismo do IBGE, sôbre a prioridade concedida pelo Governo à realização do VIII Recenseamento Geral do Brasil, ressaltando ainda, em breves palavras, a importância do papel que cabe à Fundação IBGE, como centro de coordenação das atividades estatísticas, geográfi cas e cartográfi cas do país. Por fi m, formulou votos pelo êxito da atuação do novo presidente da Fundação IBGE. O Prof. Isaac Kerstenetzky agradeceu a alta distinção que lhe fôra conferida e assegurou que todos os esfôrços envidaria no sentido de assegurar a efi ciência e melhoria do sistema estatístico-geográfi co nacional. A cerimônia da transmissão do cargo realizou-se, em seguida, às 16 horas e 30 minutos na sede da Fundação IBGE. Nessa ocasião o Prof. Sebastião Aguiar Ayres fìz minucioso relato de sua administração. O Prof. Isaac Kerstenetzky pronunciou o seguinte discurso: “Desvanecido com a confi ança com que nos distinguiu o Senhor Ministro do Planejamento e Coordenação Geral, ao indicar nosso nome para a Presidência desta Instituição, assumimos este importante pôsto com a sensação de continuidade em nossa vida profi ssional. Já se vão mais de dois decênios que vimos trabalhando, quase ininterruptamente, na área das chamadas estatísticas derivadas, em mensurações da evolução da economia do país. Durante êsse mesmo período mantivemos constante contato informal e formal com a Instituição. KERSTENETZKY, Isaac. Posse do nôvo presidente da Fundação IBGE. Revista Brasileira de Estatística, Rio de Janeiro: IBGE, v. 31, n. 121, p. 60-74, jan./mar. 1970. Reportagem com o discurso de posse pronunciado pelo Presidente do IBGE, e com o discurso de transmissão do cargo, pronunciado por Sebastião Aguiar Ayres.
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