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Isaac Kerstenetzky - Biblioteca - IBGE

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180 <strong>Isaac</strong> <strong>Kerstenetzky</strong>: legado e perfi l<br />

crucial para a superação de crises internas e eu sabia que ele contava comigo para viabilizar<br />

vários de seus projetos. Ele me ouviu e disse prontamente: Meus parabéns ! Fique<br />

tranqüila, tudo vai correr muito bem, não há nada com que se preocupar.<br />

Conheci o professor <strong>Isaac</strong> na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro<br />

- PUC - RJ, em 1967, como aluna de mestrado, orientou minha tese, um modelo econométrico<br />

multisetorial da indústria paulista, subsídio a políticas ditadas pela Secretaria<br />

da Fazenda do Estado de São Paulo, da qual eu era assessora. Eu sonhava com modelos<br />

de desenvolvimento industrial pautados em relações de interdependência setorial da<br />

economia, impossíveis na época, por falta de estatísticas e métodos adequados para<br />

modelos de relações inter-setoriais nacional ou regional.<br />

Em 1970, como presidente do <strong>IBGE</strong>, o professor <strong>Isaac</strong> me propôs compor sua equipe,<br />

na realização de um ambicioso sonho dele: o projeto de disponibilizar ao País modelos<br />

macroeconômicos de desenvolvimento econômico-social, integradores das dimensões<br />

global e setorial, da nacional e regional, da econômica e da social. O passo inicial consistia<br />

na reconstrução do Sistema de Contabilidade Social do País, ao qual o professor havia dedicado<br />

anos preciosos de sua vida profi ssional, na Fundação Getulio Vargas, e que seria<br />

integrado com sistemas de indicadores e de estudos sociais, a serem criados.<br />

Segundo a sua concepção, o projeto desencadeador, que daria consistência a esse<br />

novo Sistema de Contabilidade Social (o bench mark), consistia na construção qüinqüenal<br />

de uma matriz nacional de relações intersetoriais de produção de bens e serviços,<br />

então conhecida como Matriz de Input-Output da economia brasileira, sendo a primeira<br />

referente ao ano censitário de 1970. A partir dela, caberia redefi nir a Conta de Produção<br />

do Sistema de Contas Nacionais e orientar a reconstrução das demais Contas, fossem<br />

de periodicidade anual como trimestral, no plano nacional como no regional. Seriam<br />

desenvolvidas pesquisas econômicas e sociais para ampliar o conhecimento da apropriação<br />

da renda pelas famílias, pelo setor público, na formação de capital dos vários<br />

agentes econômicos. O arcabouço inicial viria a dar estímulo a uma profunda renovação<br />

nos indicadores, os de produção industrial, serviços, agropecuária, emprego, salários,<br />

preços e outros. O sonho do professor se estendia à criação de amplo projeto de indicadores<br />

sociais de qualidade de vida, de distribuição de renda, de estrutura de consumo<br />

das famílias, de oportunidades de ascensão social, de condições de vida dos vários estratos<br />

da população, nas várias regiões do País.<br />

O Sistema Nacional de Estatísticas Primárias viu-se submetido a uma demanda<br />

hercúlea, em extensão, em qualidade, em consistência conceitual e metodológica.<br />

Emergiu demanda irresistível por ampliar o sistema e integrar as estatísticas primárias<br />

do <strong>IBGE</strong>, econômicas, sociais, demográfi cas e geográfi cas, por se integrar com outras<br />

fontes estatísticas, em especial com registros administrativos, como os de comércio exterior,<br />

construção civil e outros, gerados em órgãos governamentais e privados.<br />

Foram criados novos levantamentos no âmbito do <strong>IBGE</strong>, em âmbitos como o de<br />

órgãos do governo, serviços, construção civil, agropecuária. Foi absorvido o sistema de<br />

índices de preços do Ministério do Trabalho e reconstruído, cada área metropolitana<br />

passou a ter os seus índices, com conceituação, metodologia e confi abilidade até então<br />

desconhecida no País, pautada em experiências bem sucedidas em países avançados<br />

nessa área.<br />

Construir a primeira matriz nacional de input-output, para 1970, foi minha primeira<br />

tarefa no <strong>IBGE</strong> e a ela me dediquei de 1971 a 1977, foi publicada em 1979. Uma<br />

competente e bem integrada equipe central realizou comigo o intento. Formamos e treinamos<br />

várias equipes de apoio, o que mais adiante permitiu criar novos projetos de<br />

estatísticas primárias e derivadas. Não havia bibliografi a sobre a construção de matrizes<br />

e seus modelos, a metodologia foi defi nida num empenho de vários anos, apoiado<br />

em estágios em instituições de estatística de vários países e do concurso de consultores<br />

internacionais. Minhas tarefas foram se diversifi cando, passaram a incluir a reconstrução<br />

do sistema de indicadores mensais de produção industrial, emprego e salários, do<br />

sistema de índices de preços ao consumidor do País, de um sistema de estatísticas do<br />

setor público. Eu formava equipes e monitorava a implantação de projetos e departamentos.<br />

O sistema e estatísticas primárias do <strong>IBGE</strong> (Superintendência de Estatísticas

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