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Isaac Kerstenetzky - Biblioteca - IBGE

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<strong>Isaac</strong> <strong>Kerstenetzky</strong>, fomentador das estatísticas brasileiras: legado ibgeano 47<br />

ser alteradas pelo governo, e, quando isso acontece, as demais variáveis são afetadas.<br />

Num modelo de estabilização, de curto prazo, esta é a base das políticas monetária e<br />

fi scal. Variáveis sob controle do governo, denominadas instrumentos, são ajustadas de<br />

tal modo que determinadas outras variáveis, que denominaremos variáveis-objetivos,<br />

alcancem valores ótimos. Variáveis-objetivo típicas incluem o nível de emprego, o balanço<br />

de pagamentos, a taxa de variação do nível de preços, a taxa de crescimento do<br />

produto em termos reais e uma distribuição razoável de renda. Instrumentos típicos<br />

incluem o nível de disponibilidade do governo, várias alíquotas tributárias, a taxa de<br />

redesconto e o volume de aquisições de obrigações pela autoridade monetária.<br />

O planejamento macroeconômico envolve, então, o ajustamento dos instrumentos<br />

(compras do governo, várias alíquotas de impostos, etc.) de modo a alcançar os<br />

valores pré-estabelecidos para as variáveis-objetivo. (X)<br />

A teoria da política, contida nos modelos de tipo sinótico ou de decisão, apresenta<br />

desse modo uma seqüência inversa da análise econômica convencional. Nesta última<br />

podemos considerar, por exemplo, o efeito de um aumento nas aquisições de bens e<br />

serviços pelo governo, sobre o nível da renda nacional, sem preocupação de investigar<br />

se a variação foi “boa” ou “desejável”. Trata-se, nesse caso, de análise que se restringe<br />

pura e simplesmente à investigação de causa e efeito. Nos chamados modelos de decisão<br />

procedemos; em direção oposta. Identifi camos, em primeiro lugar, alguns objetivos<br />

que consideramos desejáveis e indagamos, em seguida, o que deve ser feito de modo a<br />

manipular os vários meios (instrumentos) à nossa disposição no sentido de a1cançar os<br />

objetivos desejados (ver Diagramas 1 e 2).<br />

A defi nição da política econômica para determinado período pede ser apresentada<br />

na forma de um documento que constitui o plano. Um plano pode ser considerado<br />

como constituindo um todo coerente de fatos e números que indica o curso mais desejável<br />

de eventos futuros.<br />

Faz-se freqüentemente distinção entre os planos quanto a três horizontes de tempo<br />

- o curto, o médio e o longo. Essa distinção decorre da circunstância de que determinados<br />

fatores infl uenciam a evolução econômica no decorrer de um ano e outros afetam<br />

o desenvolvimento a médio e longo prazos (ver Diagrama 3).<br />

O plano-perspectiva de longo prazo, que pode abranger período de 10 a 20 anos,<br />

visa a projetar os limites prováveis do crescimento da economia, em função da projeção<br />

do crescimento da população, das tendências das transformações tecnológicas, das<br />

possibilidades de transformação estrutural e de suas implicações para a formação de<br />

recursos humanos e uso de recursos naturais.<br />

O plano-perspectiva prepara o caminho para o plano de médio prazo, cujo horizonte<br />

de tempo costuma coincidir com o mandato do governo e/ou com o período de<br />

maturação de investimentos básicos. A sua preparação principia, em geral, com avaliação<br />

global das condições de crescimento da economia dentro do horizonte de tempo<br />

considerado, dadas algumas limitações básicas, como taxa de poupança e o balanço de<br />

pagamento. A segunda etapa consiste na tradução em termos de implicações setoriais<br />

e regionais, da visão do crescimento da economia elaborada na etapa global. Na etapa<br />

setorial, alguns países têm admitido, com sucesso, a cooperação direta de diferentes<br />

áreas do setor privado, de cujo ponto de vista a experiência pode representar a participação<br />

de uma pesquisa de mercado em grande escala, de grande interesse para as<br />

empresas. Estabelecida a compatibilidade entre as etapas global e setorial, o programa<br />

de investimento em áreas estratégicas é “preenchido” com projetos que eventualmente<br />

receberão fi nanciamentos prioritários sob a forma de empreendimentos governamentais<br />

ou privados.<br />

A principal função de planos de médio prazo e planos perspectiva é da especifi<br />

cação das intenções do governo. Os planos anuais incluem, por outro lado, a tarefa<br />

(X) M.K. Wood, considerando freqüentemente difícil o estabelecimento de objetivos nacionais com pesos quantitativos claramente<br />

defi nidos, elaborou sistema de programação no qual usa modelo que se limita a explicar as múltiplas implicações de<br />

políticas e programas cuja adoção está sendo considerada (“Sequential Economic Programming”, in Mathematical Model<br />

Building in Economics and Industry, Second Series, Londres, 1970).

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