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Isaac Kerstenetzky - Biblioteca - IBGE

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128 <strong>Isaac</strong> <strong>Kerstenetzky</strong>: legado e perfi l<br />

têm dado à exploração de idéias básicas desenvolvidas com abordagem consideradas<br />

menos sofi sticadas.<br />

“Em tal contexto é que desejo referir-me, nesta solenidade, ao bicentenário da<br />

obra “Uma Investigação Sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações”, do<br />

fi lósofo e economista escocês Adam Smith. A Riqueza das Nações foi concebida no gênese<br />

da Revolução Industrial na Inglaterra. Por conseguinte, no início do processo que<br />

representa a segunda grande ruptura na continuidade histórica da evolução, humana,<br />

depois da chamada revolução neolítica.<br />

“A Revolução Industrial nos séculos XVIII e XIX, com o uso de novas fontes de<br />

energia, transformou o homem de agricultor e pastor em manipulador de máquinas<br />

movidas por energia não-animal. A história do progresso, nos últimos duzentos anos,<br />

em termos de perspectiva ampla, ressalta como que uma grande exceção na experiência<br />

histórica da humanidade. No início desse processo, podem-se perceber duas mudanças<br />

sociais críticas: os frutos institucionais da revolução inglesa do século XVII e o fl orescimento<br />

do capitalismo.<br />

“A disposição para a experimentação e a adoção de novos métodos originou-se<br />

particularmente dos avanços no pensamento científi co nos séculos XVI e XVII, quando<br />

foram sacudidas idéias tradicionais que bloqueavam novas aberturas no entendimento<br />

físico do mundo e do universo e contribuíram para preparar o caminho de grandes<br />

transformações. É que a ciência não apenas supriu a tecnologia necessária, mas fez também<br />

nascer o espírito de inovação que desencadeou a Revolução Industrial. O desafi o<br />

intelectual provocado por essas transformações foi o da procura da compreensão de<br />

como pode funcionar a economia de um país sem uma autoridade econômica central<br />

de comando e a natureza e as causas do crescimento econômico.<br />

“Considera-se, em geral, que o pensamento científi co em economia começa<br />

com as respostas que Smith deu a essas indagações. Inspirado possivelmente na física<br />

newtoniana, Smith desenvolveu, de modo genial, hipóteses que se ajustavam às suas<br />

impressões da realidade ou conhecimento de fatos do passado. Como é rica, para a época,<br />

sua visão do equilíbrio geral do mecanismo de preços e da interdependência entre<br />

variáveis econômicas, demográfi cas e sociais!<br />

“O desenvolvimento econômico decorre da crescente produtividade, gerada<br />

pela aplicação de lucros em empreendimentos estimulados pelo mercado em expansão<br />

e que permite contínua ampliação da divisão do trabalho. A extensão do mercado é<br />

produzida pela inter-relação entre acumulação-salários-população. Pressupondo clima<br />

institucional adequado, a chave do crescimento econômico é representada pela acumulação<br />

de capital e pela ampliação dos mercados, o que permite mais efi ciente divisão<br />

de trabalho. O mecanismo automático de aplicação de recursos na produção de bens e<br />

serviços funciona graças à “mão invisível” do mercado, que coordena os agentes econômicos<br />

individuais através de sistema de estímulos e sanções produzido pelos preços.<br />

“Estudos históricos contemporâneos tendem a confi rmar, em suas linhas gerais,<br />

a visão que Adam Smith tinha do período da revolução industrial que lhe foi dado<br />

observar, da inter-relação entre o pano de fundo institucional da sociedade, tecnologia,<br />

crescimento demográfi co e o que chamou a Riqueza das Nações.<br />

“Qual a signifi cação para os nossos dias da Riqueza das Nações? “Em primeiro<br />

lugar, o tratamento da população é possivelmente válido para o período focalizado por<br />

Smith. Os aumentos da população teriam sido mais conseqüências de aumentos dos<br />

nascimentos do que de declínios da mortalidade, embora se trate, ainda hoje, de questão<br />

um tanto controversa. A oferta crescente de mão-de-obra é absorvida pela indústria<br />

têxtil e por outras formas de atividade industrial semi-artesanal, típicas do setor secundário<br />

da segunda metade do século XVIII na Inglaterra.<br />

“O comportamento cíclico registrado no século XIX levou os economistas a<br />

uma visão menos otimista do que a de Smith, no que se refere à vinculação progresso<br />

tecnológico-emprego. Por outro lado, a matriz demográfi ca com que se defrontam<br />

os países em desenvolvimento, na segunda metade do século XX, é bem diversa. Os<br />

declínios de mortalidade têm sido muito mais rápidos do que os de natalidade esti-

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