Isaac Kerstenetzky - Biblioteca - IBGE
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<strong>Isaac</strong> <strong>Kerstenetzky</strong>, fomentador das estatísticas brasileiras:<br />
perfi l do cientista e do humanista<br />
de técnicas e procedimentos mas, principalmente, um atitude. Daí dar pouca importância<br />
à elaboração de planos, que nada mais eram do que um ritual, que deixava de lado o fato<br />
de que o planejamento é uma operação eminentemente dinâmica.<br />
No correr dos anos passei a chamá-lo de “rabino”, no sentido hebraico de “mestre”, pois<br />
ele não só fi cara mais circunspecto, como também se tornara óbvia sua enorme erudição<br />
e seu profundo interesse pelos aspectos fi losófi cos das disciplinas sociais.<br />
[...]<br />
Perdi um grande amigo que, como tentei mostrar, muito me infl uenciou; e seus estudantes<br />
da PUC-Rio, EPGE e UFRJ perderam um grande professor, não por ser eloqüente,<br />
pois não o era, mas por seu grande saber, que o levava a dar excelentes aulas e a anotar e<br />
discutir minuciosamente os trabalhos a ele apresentados.<br />
***<br />
Em fi nal de 2002, meados de 2003, Reis Velloso concedeu entrevista ao Centro de<br />
Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – CPDOC, da FGV,<br />
para a obra IPEA 40 anos: uma trajetória voltada para o desenvolvimento (editada, em 2005,<br />
pela FGV e IPEA). Ao começar a responder à primeira pergunta que lhe fora feita, faz<br />
uma menção a <strong>Isaac</strong> <strong>Kerstenetzky</strong> que merece destaque, como segue:<br />
Roberto Campos, ministro do Planejamento e o senhor são os “pais fundadores” do IPEA.<br />
Como surgiu a idéia de se criar um órgão com esse perfi l?<br />
Em maio de 1964 voltei dos Estados Unidos, depois de terminar minha pós-graduação na<br />
Universidade de Yale. Tinha, então, duas opções: trabalhar em alguma instituição internacional<br />
ou voltar para Yale, mas acabei indo para o Ministério do Planejamento. Conheci<br />
Roberto Campos ainda em Yale – ele era embaixador em Washington e, no início de 1964,<br />
fez uma palestra na universidade. Houve um jantar em sua homenagem e, por coincidência,<br />
sentei-me à sua frente. De repente, ele perguntou: “Você não é o Velloso?”. Confi rmei.<br />
E ele: “Simonsen e <strong>Isaac</strong> <strong>Kerstenetzky</strong> me falaram de você”. Voltando do exterior, encontrei<br />
um telegrama dele, pedindo para procurá-lo assim que chegasse. [...] (p. 21) 3 .<br />
***<br />
Seguem quatro textos atuais, com perfi s de <strong>Isaac</strong> <strong>Kerstenetzky</strong>. Dois deles – os de<br />
Jane Souto de Oliveira e de Maristela Afonso de André Sant’Anna – foram objetos de palestras<br />
no evento em alusão aos 80 anos que ele faria a 18 de agosto deste ano. Outra palestra,<br />
a de Pedro Pinchas Geiger, por infeliz imprevisto, não pode integrar esta publicação.<br />
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Nelson de Castro Senra<br />
3 Segundo diversas fontes orais, a lembrança do nome de <strong>Isaac</strong> <strong>Kerstenetzky</strong> para a presidência do <strong>IBGE</strong> foi feita ao Ministro<br />
João Paulo dos Reis Velloso por Maurício Rangel Reis, à época ocupando a Secretaria Geral do Ministério da Agricultura, e<br />
futuro Ministro do Interior no governo Ernesto Geisel.