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tiran<strong>do</strong> o coelho da cartola, através de um truque, atribuiu ao animal uma<br />

áurea de encantamento. Por fim, descobre-se que esse não é um coelho<br />

qualquer, é um coelho pensante, nada mais fantástico <strong>do</strong> que isso para a<br />

mente <strong>do</strong>s seus leitores: “É que ele pensava essas algumas ideias com o<br />

nariz dele. O jeito de pensar as ideias dele era mexen<strong>do</strong> b<strong>em</strong> depressa o<br />

nariz” (Lispector, 1999).<br />

To<strong>do</strong> o livro é muito rico para o desenvolvimento desse<br />

imaginário que é tão importante para a construção de conceitos livres e,<br />

consequent<strong>em</strong>ente, de leitores e cidadãos mais críticos, sen<strong>do</strong> essa uma<br />

das principais propostas da literatura. Segun<strong>do</strong> Cadermatori,<br />

se o hom<strong>em</strong> se constitui à proporção da formação de<br />

conceitos, a infância se caracteriza por ser o momento basilar<br />

e primordial dessa constituição (...) a literatura se configura não<br />

só como instrumento de formação conceitual mas também<br />

de <strong>em</strong>ancipação da manipulação da sociedade (Cadermatori,<br />

2007: 23).<br />

A formação desses conceitos livres que a literatura deve promover<br />

quan<strong>do</strong> b<strong>em</strong> trabalhada é uma ponte que levará à autonomia <strong>do</strong> ser humano<br />

enquanto ser pensante, levan<strong>do</strong>-o à libertação <strong>do</strong>s conceitos massifica<strong>do</strong>s.<br />

A esse respeito, Cadermatori afirma que “a literatura surge como um meio<br />

de superação da dependência e da carência “por possibilitar a reformulação<br />

de conceitos e a autonomia <strong>do</strong> pensamento” (Cadermatori, 2007: 23).<br />

Lispector não dá marg<strong>em</strong> para nenhuma interpretação fechada <strong>em</strong><br />

sua obra, existe uma liberdade interpretativa que contribui para a criação<br />

por parte <strong>do</strong> leitor dentro da história, tornan<strong>do</strong>-o co-autor da obra. De<br />

acor<strong>do</strong> com Claparède, cita<strong>do</strong> por Wunenburger e Araújo (2006, p. 76), “é<br />

a imaginação cria<strong>do</strong>ra que eleva o hom<strong>em</strong> acima da natureza permitin<strong>do</strong>-lhe<br />

agrupar os el<strong>em</strong>entos <strong>em</strong> novas combinações”. A narrativa não especifica<br />

Revista Ao pé da Letra – Volume 11.2 - 2009 l 133

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