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Cervantes faz uma representação <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> pelo hom<strong>em</strong>, s<strong>em</strong> nenhuma<br />

interferência mágica ou divina que possa socorrê-lo, é por isso que Dom<br />

Quixote cai, apanha, se machuca, cansa... Ele é uma representação <strong>do</strong><br />

humano com todas as suas fraquezas. Deste mo<strong>do</strong>, Cervantes satiriza as<br />

novelas de cavalaria buscan<strong>do</strong> mostrar que estas apresentam uma visão de<br />

um mun<strong>do</strong> que só existe na imaginação. A ironia que o autor utiliza, <strong>em</strong> Dom<br />

Quixote, contra essas novelas é lançada com força total e ataca a perspectiva<br />

de mun<strong>do</strong> que tais novelas apresentam. Pires (2010: 8) afirma que:<br />

No Dom Quixote, ao contrário das d<strong>em</strong>ais novelas de cavalaria,<br />

a “maravilha”, tal como se verifica nessas, não existe. Ou, de<br />

outro mo<strong>do</strong>, o que se pode perceber, na obra cervantina, é uma<br />

ironização da perspectiva mágico-maravilhosa [...] Assim, mais <strong>do</strong><br />

que satirizar as novelas de cavalaria medievais, o que estaria sob<br />

um exame rigorosamente cético, no Quixote, seria a perspectiva,<br />

ou visão de mun<strong>do</strong>, na qual elas se fundam.<br />

Quanto à obra Quincas Borba, nela a ironia também existe por obra<br />

de Macha<strong>do</strong> de Assis, mas esta ironia volta-se contra uma sociedade que<br />

privilegia os fortes e exclui os fracos, uma sociedade individualista <strong>em</strong> que<br />

a disputa pela sobrevivência é bastante acirrada, e <strong>em</strong> que n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre os<br />

meios mais justos são utiliza<strong>do</strong>s por to<strong>do</strong>s. Em Quincas Borba, Macha<strong>do</strong><br />

utiliza-se <strong>do</strong> recurso da ironia para ridicularizar as ideias positivistas e<br />

evolucionistas, <strong>em</strong> alta naquela época. O autor satiriza a ideia (positivista)<br />

de que o único conhecimento verdadeiro é o científico, e que tu<strong>do</strong> o que<br />

não puder ser cientificamente comprova<strong>do</strong> é falso. Através <strong>do</strong> personag<strong>em</strong><br />

Quincas Borba, Macha<strong>do</strong> cria uma corrente distinta, o Humanitismo, que,<br />

visan<strong>do</strong> satirizar o Positivismo, também se afirma enquanto única forma<br />

de verdade. A teoria evolucionista também é ironizada; Macha<strong>do</strong> de Assis<br />

mostra, através da trajetória de Rubião, o quanto uma sociedade pode ser<br />

Revista Ao pé da Letra – Volume 11.2 - 2009 l 37

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