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transformar o inumano <strong>em</strong> humano, o real <strong>em</strong> fantástico” (Resende, 2000:<br />

122). O coelho tinha nome de gente; pensava de maneira maravilhosa, no<br />

senti<strong>do</strong> literário, com o nariz; possuía uma alegria humana e atitudes humanas,<br />

“o jeito de pensar as ideias dele era franzin<strong>do</strong> o nariz (...). De pura alegria<br />

seu coração bateu tão depressa (...) e ficou encanta<strong>do</strong>” (Lispector, 1999).<br />

As imagens criadas aqui geram senti<strong>do</strong>s únicos de acor<strong>do</strong> com a<br />

recepção e a percepção dessas imagens, desse coelho quase gente, senti<strong>do</strong>s<br />

esses que dependerão da interpretação <strong>do</strong>s símbolos. A autora mais uma<br />

vez induz na criação individual de significa<strong>do</strong>s e as suas inferências na obra só<br />

suscitam ainda mais essa criatividade no imaginar <strong>do</strong> leitor “mas o probl<strong>em</strong>a<br />

era o seguinte: como era que ia poder sair lá de dentro? (...) o que é que<br />

você acha que Joãozinho fazia quan<strong>do</strong> fugia?” (Lispector, 1999).<br />

Embora não se queira aqui desmerecer as obras destinadas a uma<br />

educação que priorize a moral, pois cada obra t<strong>em</strong> a sua utilidade dentro<br />

<strong>do</strong> que se quer oferecer como educação. Percebe-se que, enquanto<br />

a pedagogia moralizante faz uso de obras que d<strong>em</strong>onstram para cada<br />

“peca<strong>do</strong>” cometi<strong>do</strong> há uma punição, na obra de Clarice Lispector não<br />

há certo n<strong>em</strong> erra<strong>do</strong>, n<strong>em</strong> castigo, n<strong>em</strong> uma moral no final. O que se<br />

quer ressaltar, por fim, é que a narrativa de O mistério <strong>do</strong> coelho pensante<br />

oferece uma pedagogia que se utiliza <strong>do</strong> imaginário para libertar a mente<br />

das “grades”. Na realidade, não há moral n<strong>em</strong> há um final: deixa-se uma<br />

lacuna para a continuação da história. Sen<strong>do</strong> essa lacuna o seu grande<br />

mérito, pois é nesse espaço que se potencializa a capacidade criativa <strong>do</strong>s<br />

seus leitores: nada é fecha<strong>do</strong> e a narrativa se encerra com a abertura para<br />

que o leitor busque a sua verdade.<br />

Referências bibliográficas<br />

BOSI, Alfre<strong>do</strong> (2004). História concisa da literatura brasileira. São Paulo, Cultrix.<br />

CADEMARTORI, Lígia (2004). O que é literatura infantil. São Paulo, Editora<br />

Brasiliense.<br />

136 l Revista Ao pé da Letra – Volume 11.2 - 2009

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