análise discursiva do telecurso 2000 - Unisul
análise discursiva do telecurso 2000 - Unisul
análise discursiva do telecurso 2000 - Unisul
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
13<br />
expressiva, a modalidade apreciativa sem a qual não haveria enunciação, o conteú<strong>do</strong><br />
ideológico, o relacionamento com uma situação social determinada, afetam a significação”<br />
(2004, p.15). Bakhtin garantia, desta forma, uma posição privilegiada para a fala,<br />
contextualizan<strong>do</strong>-a, sen<strong>do</strong> a enunciação a unidade de base da língua. O signo lingüístico seria<br />
também signo ideológico; polarizan<strong>do</strong> ou compon<strong>do</strong> a significação; materializa<strong>do</strong> na língua.<br />
... compreender um signo consiste em aproximar signo apreendi<strong>do</strong> de outros signos<br />
já conheci<strong>do</strong>s; em outros termos, a compreensão é uma resposta a um signo por<br />
meio de signos. E essa cadeia de criatividade e de compreensão ideológicas,<br />
deslocan<strong>do</strong>-se de signo em signo para um novo signo, é única e contínua: de um elo<br />
de natureza semiótica (e, portanto, também de natureza material) passamos sem<br />
interrupção para um outro elo de natureza estritamente idêntica. Em nenhum ponto a<br />
cadeia se quebra, em nenhum ponto ela penetra a existência interior, de natureza não<br />
material e não corporificada em signos.<br />
Essa cadeia ideológica estende-se de consciência individual em consciência<br />
individual, ligan<strong>do</strong> umas às outras. Os signos só emergem, decididamente, <strong>do</strong><br />
processo de interação entre uma consciência individual e uma outra. E a própria<br />
consciência individual está repleta de signos. A consciência só se torna consciência<br />
quan<strong>do</strong> se impregna de conteú<strong>do</strong> ideológico (semiótico) e, conseqüentemente,<br />
somente no processo de interação social. (idem, p. 33 -34)<br />
A palavra veicula, de maneira privilegiada, a ideologia; a ideologia é uma<br />
superestrutura, as transformações sociais de base refletem-se na ideologia e, portanto, na<br />
língua que as veicula (Bakhtin, 2004). Tal pensamento publica<strong>do</strong> na década de vinte, <strong>do</strong><br />
século XX, assina<strong>do</strong> por Volochinov (pseudônimo de Bakhtin) na então URSS, já chamava a<br />
atenção para a enunciação manten<strong>do</strong> como base as noções marxistas de ideologia e também às<br />
condições de produção e ao mo<strong>do</strong> de produção (a mais-valia, a merca<strong>do</strong>ria, valor de troca).<br />
Nessa perspectiva que considera a ideologia e as condições de produção o sujeito não é autor,<br />
mas determina<strong>do</strong> pelas condições históricas. Ou seja, um indivíduo é significa<strong>do</strong> mesmo antes<br />
de nascer e, a partir disso, não mantém o “controle” sobre sua própria significação no mun<strong>do</strong>,<br />
sen<strong>do</strong> determina<strong>do</strong> pelas condições históricas. Bakhtin (2004, p.113) também considerava a<br />
“situação social mais imediata e o meio social mais amplo determinam completamente e, por<br />
13