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análise discursiva do telecurso 2000 - Unisul

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Ao mesmo tempo em que se propõe a ser espetáculo como fonte de<br />

entretenimento, a televisão transmite as informações <strong>do</strong> cotidiano pelo jornalismo, que traz a<br />

“realidade” para dentro <strong>do</strong> veículo e a repassa, com uma vigilância de 24 horas da sociedade.<br />

O olhar panóptico das instituições <strong>do</strong> aparelho <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (FOUCAULT, 1987)<br />

como o encontra<strong>do</strong> nos prédios disciplinares como a prisão, onde a arquitetura é desenvolvida<br />

para que o controle seja possível em qualquer espaço, torna-se uma das âncoras da “verdade”<br />

institucionalizada. As câmeras são materializações mais recentes desse “olhar”. Mesmo sem a<br />

presença de câmeras nas celas, por exemplo, estas celas eram desenhadas para uma vigilância<br />

constante <strong>do</strong> indivíduo recluso através <strong>do</strong> olhar <strong>do</strong> vigilante. De forma análoga, a televisão,<br />

com seu olhar prescruta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> dia-a-dia, é usada, em larga escala, para vigiar as ruas, o<br />

trânsito, evitar assaltos, etc. Está posicionada em eleva<strong>do</strong>res, no hall <strong>do</strong>s edifícios; está em<br />

helicópteros trazen<strong>do</strong> notícias ao vivo de acidentes a rebeliões em presídios, mas mostra<br />

também a cidade, de um ponto de vista, que antes era ocupa<strong>do</strong> apenas pela imaginação<br />

humana, na altura das nuvens, na superfície lunar. A televisão ocupa um espaço próprio que<br />

inaugura uma nova forma de perceber o mun<strong>do</strong>, resignifican<strong>do</strong>-o, sobre o que ainda pouco<br />

sabemos ou compreendemos. Por essa razão, a necessidade de levá-la à sala de aula para ser<br />

analisada e interpretada, exatamente por ser um meio que apresenta esta contradição em sua<br />

formulação, dada a posição descrita por Moran, como um sistema de intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>:<br />

...uma técnica, um eletro<strong>do</strong>méstico, em busca de necessidades que a legitimem<br />

socialmente. A ela se associaram, nas últimas três décadas, várias outras inovações<br />

(vídeo-tape, vídeo-cassete, grava<strong>do</strong>res, reprodução eletrostática, computa<strong>do</strong>res) que<br />

combinadas com anteriores meios de informação e entretenimento (jornal, rádio,<br />

cinema) e com dispositivos técnicos de comunicação e contato (telefone, teletipo),<br />

nos permitem falar de um sistema de intervenção crescente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, e de<br />

ampliação de seu poder, no âmbito <strong>do</strong> livre circuito da comunicação social. (2002,<br />

p.14)<br />

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