análise discursiva do telecurso 2000 - Unisul
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Pêcheux relê Althusser e ao conceito de formação ideológica encontra<strong>do</strong> em<br />
Aparelhos Ideológicos de Esta<strong>do</strong> acrescenta a noção de formação <strong>discursiva</strong>, que por sua vez<br />
era encontrada nas obras de Foucault. Este definia uma FD quan<strong>do</strong> esta pode ser identificada<br />
a partir da ocorrência de uma certa regularidade em um certo número de enuncia<strong>do</strong>s. Fazen<strong>do</strong><br />
assim uma aproximação <strong>do</strong> referente lingüístico às práticas sociais. Pêcheux promove a<br />
aproximação entre FI e FD, em Semântica e Discurso, livro publica<strong>do</strong> em 1975, quan<strong>do</strong><br />
afirma que as proposições mudam de senti<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> as posições sustentadas por aqueles que<br />
as empregam numa dada formação <strong>discursiva</strong>.<br />
Chamaremos, então, formação <strong>discursiva</strong> aquilo que, numa formação ideológica<br />
dada, isto é, a partir de uma posição dada numa conjuntura dada, determinada pelo<br />
esta<strong>do</strong> da luta de classes, determina o que pode ser dito (articula<strong>do</strong> sob a forma de<br />
uma arenga, de um sermão, de um panfleto, de uma exposição, de um programa,<br />
etc). (PÊCHEUX, 1988, p.160)<br />
Por outro la<strong>do</strong>, a aproximação entre os estu<strong>do</strong>s lingüísticos e a psicanálise<br />
acontece na década de 1960, quan<strong>do</strong> Lacan é convida<strong>do</strong> por Althusser a realizar um seminário<br />
na Escola Normal Superior da rua d’Ulm. Lacan acreditava que a linguagem estava ligada ao<br />
inconsciente e teria papel fundamental na formulação <strong>do</strong> dizer. A influência da teoria<br />
psicanalítica é marcante nos escritos de Michel Pêcheux:<br />
“O inconsciente é o discurso <strong>do</strong> Outro”, podemos discernir de que mo<strong>do</strong> o recalque<br />
o inconsciente e o assujeitamento ideológico estão materialmente liga<strong>do</strong>s, sem estar<br />
confundi<strong>do</strong>s, no interior <strong>do</strong> que se poderia designar como o processo de significante<br />
na interpelação e na identificação, processo pelo qual se realiza o que chamamos as<br />
condições ideológicas da reprodução/transformação das relações de produção.<br />
(1988, p.134)<br />
A psicanálise funda o inconsciente <strong>do</strong> sujeito, e possibilita a “falha” <strong>do</strong> mesmo; a<br />
história o relaciona ao seu contexto e a lingüística o interpreta num sistema. A compreensão<br />
de mun<strong>do</strong> passa pela linguagem, ou melhor, pelo discurso. E a análise <strong>do</strong> discurso pode<br />
devolver a opacidade, ou seja, a materialidade histórica <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s ao situar a teoria da<br />
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