análise discursiva do telecurso 2000 - Unisul
análise discursiva do telecurso 2000 - Unisul
análise discursiva do telecurso 2000 - Unisul
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
58<br />
A FRM por sua vez, se inscreve como instituição social comprometida com a<br />
teleducação no país ao mobilizar senti<strong>do</strong>s que estejam dentro <strong>do</strong> acontecimento de mídia,<br />
onde a memória é metálica (ORLANDI, 2001b) e a rede Globo se anuncia com o slogan “aqui<br />
a gente se vê”. Apaga desta forma sua relação direta com as instâncias de poder e controle<br />
social. No entanto, o funcionamento autoritário desse discurso materializa histórias de<br />
dependências e favoritismos mútuos. As marcas “permanecem” no sujeito enuncia<strong>do</strong>r,<br />
Telecurso <strong>2000</strong>, originário dessa condição histórica, social e ideológica, que na teleaula a<br />
partir da escrita apresenta-se com uma provocação ao intelocutor (sujeito ouvinte/ideal,<br />
telespecta<strong>do</strong>r) utilizan<strong>do</strong> os seguintes dizeres: quem tem me<strong>do</strong> de dicionário? Conte uma<br />
história, fala cidadão!!! O sujeito enuncia<strong>do</strong>r se vale <strong>do</strong> discurso interrogativo e impositivo<br />
para se apresentar, com características pertencentes ao discurso autoritário (que pode ser<br />
emprega<strong>do</strong> tanto pelo pedagógico quanto pela mídia), evidencian<strong>do</strong> assim um efeito-autor. O<br />
uso da palavra me<strong>do</strong> também se destaca no dizer. Por que usar a palavra me<strong>do</strong>? Com tantas<br />
outras possíveis como: quem gosta de dicionário? Quem usa dicionário? O fascinante<br />
dicionário... Devemos analisar o que não foi dito no seu lugar, porque a escolha da palavra,<br />
faz o sujeito se inserir numa FD dada, que no caso não está inscrita em um discurso polêmico<br />
ou lúdico. Me<strong>do</strong> de dicionário remete ao DP no qual o sujeito “não” sabe o significa<strong>do</strong> das<br />
palavras e “deve” recorrer ao dicionário. O me<strong>do</strong> é próprio da <strong>do</strong>minação. O termo também<br />
pode ser emprega<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> de negar algo que está no pré-construí<strong>do</strong>, que é esse senti<strong>do</strong> de<br />
<strong>do</strong>minação, oferecen<strong>do</strong> um senti<strong>do</strong> de intimidade. Afinal, quem não tem me<strong>do</strong> na escola?<br />
O resulta<strong>do</strong> é que essa forma aparentemente inova<strong>do</strong>ra, de teleaula, conserva os<br />
senti<strong>do</strong>s que continuam garantin<strong>do</strong> o “status quo”, pelo seu mo<strong>do</strong> de funcionamento. Isso<br />
não poderia ser garanti<strong>do</strong> por um funcionamento polêmico <strong>do</strong> discurso, a partir <strong>do</strong> qual não se<br />
tem controle <strong>do</strong>s efeitos.<br />
58