25.10.2014 Views

análise discursiva do telecurso 2000 - Unisul

análise discursiva do telecurso 2000 - Unisul

análise discursiva do telecurso 2000 - Unisul

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Análise <strong>do</strong> Discurso, no entrecruzamento da lingüística, da psicanálise e da história<br />

(materialismo histórico).<br />

16<br />

Pêcheux desenvolve a dimensão histórica da língua, ao entender que a<br />

compreensão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> passa pela linguagem, ou melhor, pelo discurso, sen<strong>do</strong> defini<strong>do</strong> “não<br />

como transmissão de informação, mas como efeito de senti<strong>do</strong> entre os interlocutores,<br />

enquanto parte <strong>do</strong> funcionamento social geral” (ORLANDI 2001a , p.26). O discurso seria o<br />

território da linguagem em movimento.<br />

O uso que estou fazen<strong>do</strong> <strong>do</strong> conceito de discurso é o da linguagem em interação, ou<br />

seja, aquele em que se considera a linguagem em relação às suas condições de<br />

produção, ou, dito de outra forma, é aquele que se considera que a relação<br />

estabelecida pelos interlocutores, assim como o contexto, são constitutivos da<br />

significação <strong>do</strong> que se diz. (idem, p.157)<br />

Nessa relação estabelecida pelos interlocutores, um discurso vai se articulan<strong>do</strong> a<br />

outro e outro, sen<strong>do</strong> essa cadeia <strong>discursiva</strong> mantida pelo interdiscurso, aquilo que fala antes<br />

em outro lugar, e pelo intradiscurso, aquilo que estamos dizen<strong>do</strong>. Para Orlandi “to<strong>do</strong> dizer, na<br />

realidade, se encontra na confluência <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is eixos: o da memória (constituição) e o da<br />

atualidade (formulação)” (2201b, p 33) e relen<strong>do</strong> Pêcheux (1983) escreve que é o<br />

interdiscurso que especifica “as condições nas quais um acontecimento histórico (elemento<br />

histórico descontínuo e exterior) é suscetível de vir a inscrever-se na continuidade interna, no<br />

espaço potencial de coerência próprio a uma memória” (idem). O interdiscurso possibilita a<br />

articulação e a sustentação <strong>do</strong> dizer por meio da dimensão histórica <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>, ou <strong>do</strong> préconstruí<strong>do</strong>.<br />

Noção essa que foi trabalhada por Pêcheux a partir da definição feita por Paul<br />

Henry para evidenciar a importância desse conceito na formulação <strong>do</strong> dizer.<br />

Deveríamos, então, declarar como absurda e desprovida de qualquer senti<strong>do</strong> uma<br />

frase como: “aquele que salvou o mun<strong>do</strong> morren<strong>do</strong> na cruz nunca existiu”, na qual o<br />

discurso <strong>do</strong> ateísmo militante nega, na “proposição em seu to<strong>do</strong>”, a existência<br />

daquele mesmo que ele pressupõe como existente na subordinação? Não<br />

deveríamos, ao invés disso, considerar que há separação, distância ou discrepância<br />

na frase entre o que é pensa<strong>do</strong> antes, em outro lugar ou independentemente, e o que<br />

está conti<strong>do</strong> na afirmação global da frase? Foi isso que levou P. Henry a propor o<br />

termo “pré-construí<strong>do</strong>” para designar o que remete a uma construção anterior,<br />

16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!