análise discursiva do telecurso 2000 - Unisul
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textualidade, à qual se submete”. (2001 b, p.63). Sen<strong>do</strong> a interpretação determinante nesse<br />
processo.<br />
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Como há uma distância entre o discurso e sua textualização, o texto tem impressas<br />
(guarda) as marcas da textualização que é sujeita a movimento (é móvel) e que<br />
permite, em si, um espaço de interpretação (tanto de quem produz como de quem<br />
lê). Isso não se dá ao acaso mas já na construção <strong>do</strong> efeito-leitor: pela memória e<br />
pela virtualidade da posição leitor inscrita no texto, porquanto esse traz em si um<br />
leitor idealiza<strong>do</strong>, imagina<strong>do</strong> pelo autor, e também pelo leitor efetivo com sua<br />
memória. Esse é o efeito material da leitura. O que é mais uma atestação da abertura<br />
<strong>do</strong> simbólico e de que não é possível falar <strong>do</strong> lugar <strong>do</strong> outro, como bem diz M.<br />
Pêcheux (1984). Em nosso caso, o da leitura, diríamos que o sujeito não lê da<br />
posição em que o sujeito formula: ele é posto em relação a essa posição. Aí jogam<br />
diferentes leituras, diferentes gestos de interpretação, trabalhadas no/pelo efeitoleitor.<br />
(ORLANDI, 2001 b, p.67,68)<br />
O sujeito que acompanha o Telecurso <strong>2000</strong>, cuja a imagem desse sujeito é<br />
projetada pelo autor, remete a um sujeito que obedece, que é condiciona<strong>do</strong>. Um operário, uma<br />
pessoa <strong>do</strong> povo, um não letra<strong>do</strong>, desqualifica<strong>do</strong>, mas que precisa ser forma<strong>do</strong>, educa<strong>do</strong>. Ele<br />
precisa operar novas máquinas e ler manuais técnicos. Manter a cadeia produtiva<br />
funcionan<strong>do</strong>. Nessa conjuntura que envolve discursividades diferentes, o discurso autoritário<br />
é pre<strong>do</strong>minante e originário <strong>do</strong>s discursos pedagógico e midiático. O discurso pedagógico<br />
sustenta o dizer, enquanto acontecimento enunciativo, mas esse acontecimento está<br />
fortemente marca<strong>do</strong> por essa discursividade midiática que também produz efeitos de senti<strong>do</strong>.<br />
O telespecta<strong>do</strong>r assiste. A atenção é garantida pela hipnose <strong>do</strong> espetáculo. Esse mesmo sujeito<br />
idealiza<strong>do</strong> é descrito no cenatexto (ANEXO 2): “na escola, ao som da esperada campainha, a<br />
criançada sai em algazarra para o recreio, enquanto na fábrica, também satisfeitos porém<br />
menos barulhentos, os trabalha<strong>do</strong>res, ouvin<strong>do</strong> o apito amigo, param para o almoço, bate-papo<br />
e descanso”.<br />
O sujeito ocupa a posição típica de um aluno da escola ideal, tradicional, é um<br />
sujeito <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>, disciplina<strong>do</strong>, mas também pode ser um operário que trabalha sob as<br />
mesmas condições. Não questiona as regras e considera o apito amigo. A ordem amiga. Assim<br />
o leitor ideal é projeta<strong>do</strong>, como alguém que obedece, é obediente, numa posição própria <strong>do</strong><br />
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