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análise discursiva do telecurso 2000 - Unisul

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... uma forma de estu<strong>do</strong> complementar à era industrial e tecnológica uma forma<br />

industrial de educação e, portanto, o “ensinar” a distância é também um processo<br />

industrial de trabalho, cuja estrutura é determinada pelos princípios <strong>do</strong> modelo<br />

industrial fordista, prevalente no Ocidente desde as primeiras décadas deste século e<br />

especialmente desde o fim da 2ª Guerra mundial, quan<strong>do</strong> se estendeu para quase<br />

to<strong>do</strong> o planeta. (BELLONI, 2003, p.10)<br />

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No séc. XX, as bases <strong>do</strong> processo industrial de produtos de massa chegam até a<br />

Escola. Aliás, desde o século XVIII já se inicia a "modernização" <strong>do</strong> espaço escolar, descrita<br />

por Foucault (1987) como "uma das grandes modificações técnicas <strong>do</strong> ensino elementar".<br />

Nele, os alunos são perfila<strong>do</strong>s, organiza<strong>do</strong>s e identifica<strong>do</strong>s como os trabalha<strong>do</strong>res industriais.<br />

A ordenação por fileiras, no século XVIII, começa a definir a grande forma de<br />

repartição <strong>do</strong>s indivíduos na ordem escolar: filas de alunos na sala, nos corre<strong>do</strong>res,<br />

nos pátios; colocação atribuída a cada um em relação a cada tarefa e cada prova;<br />

colocação que ele obtém de semana em semana, de mês em mês, de ano em ano;<br />

alinhamento das classes de idade umas depois das outras; sucessão <strong>do</strong>s assuntos<br />

ensina<strong>do</strong>s, das questões tratadas segun<strong>do</strong> uma ordem de dificuldade crescente. E<br />

nesse conjunto de alinhamentos obrigatórios, cada aluno segun<strong>do</strong> sua idade, seus<br />

desempenhos, seu comportamento, ocupa ora uma fila, ora outra; ele se desloca o<br />

tempo to<strong>do</strong> numa série de casas; umas ideais, que marcam uma hierarquia <strong>do</strong> saber e<br />

das capacidades, outras deven<strong>do</strong> traduzir materialmente no espaço da classe ou <strong>do</strong><br />

colégio essa repartição de valores ou <strong>do</strong>s méritos. Movimento perpétuo onde os<br />

indivíduos substituem uns aos outros, num espaço escondi<strong>do</strong> por intervalos<br />

alinha<strong>do</strong>s. (1987, p. 134)<br />

O modelo de escola descrito por Foucault referente aos séculos XVIII e XIX<br />

manteve-se inaltera<strong>do</strong>, graças principalmente aos meios de produção que se mantiveram,<br />

principalmente e se perpetuaram nos conteú<strong>do</strong>s escolares, materializa<strong>do</strong>s no livro que era o<br />

principal instrumento de disseminação <strong>do</strong> saber.<br />

O modelo fordista (produção em série) e taylorismo (especialização <strong>do</strong> trabalho)<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela indústria a partir <strong>do</strong> século XX, também servem de base para a sustentação <strong>do</strong><br />

ensino padroniza<strong>do</strong>, inclusive aquele desenvolvi<strong>do</strong> a distância. As mesmas tecnologias<br />

disponibilizadas aos operários e trabalha<strong>do</strong>res, poderiam e deveriam estar presentes no ensino.<br />

Afinal, a Escola, dentro <strong>do</strong> processo de modernização <strong>do</strong>s espaços públicos, como descreveu<br />

Foucault, impunha uma ordem que otimizava o tempo e aumentava a produção.<br />

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