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Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

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impresso, quase deixou até hoje de lograr as honras de ser li<strong>do</strong>, não só pela sua extrema raridade, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

porque deixou de ser relaciona<strong>do</strong> na Biblioteca Lusitana o seu sumário – o motivo de tal raridade da primeira<<strong>br</strong> />

edição (pois outra não havia até agora) provém na opinião de J. P. Ribeiro da sua imediata supressão, a qual<<strong>br</strong> />

teve lugar, segun<strong>do</strong> este céle<strong>br</strong>e crítico, por ordem <strong>do</strong> mesmo rei que facultou a impressão. Julga-se ter si<strong>do</strong> a<<strong>br</strong> />

principal causa para tal procedimento, o receio de que os segre<strong>do</strong>s revela<strong>do</strong>s no livro acerca <strong>do</strong> fa<strong>br</strong>ico <strong>do</strong><<strong>br</strong> />

açúcar fossem servir de mais utilidade às colônias espanholas, holandesas, inglesas e francesas, em detrimento<<strong>br</strong> />

manifesto das portuguesas, e <strong>com</strong> especialidade <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, cuja prosperidade tanto então se desvelava o<<strong>br</strong> />

governo em promover, à custa às vezes até das outras colônias nacionais. O certo é que o livro ficou<<strong>br</strong> />

raríssimo, e, por nossa parte, da primeira edição só de vista testemunhamos nesta cidade a existência de um<<strong>br</strong> />

único exemplar, acha<strong>do</strong> no depósito <strong>do</strong>s livros em São Francisco; foi, julgamos nós, leva<strong>do</strong> para a biblioteca<<strong>br</strong> />

privada de uma das secretárias.<<strong>br</strong> />

Quanto à falta de menção que se encontra em Barbosa não seremos nós quem ouse dizer que foi disto causa a<<strong>br</strong> />

raridade;pois parece terem posto este A., ou aqueles de quem aproveitou, mais esmero nas notícias <strong>do</strong>s livros<<strong>br</strong> />

mais nomea<strong>do</strong>s em raridade. Ora, haven<strong>do</strong>, o conhecimento seria o esquecimento o motivo mais plausível e<<strong>br</strong> />

natural, porém também não é a este que atribuímos o silêncio – é sim à assinatura <strong>do</strong> Proêmio da o<strong>br</strong>a em que<<strong>br</strong> />

o A. diz “E se alguém quiser saber o autor deste curioso e útil trabalho ele é um amigo <strong>do</strong> bem público<<strong>br</strong> />

chama<strong>do</strong> o Anônimo Toscano”. Talvez destas palavras deduzisse Barbosa ser estrangeiro o A. e por esta<<strong>br</strong> />

condição excluísse a o<strong>br</strong>a <strong>com</strong>o fez a respeito de outras feitas em português por autores de outra nação.<<strong>br</strong> />

Findan<strong>do</strong> esta digressão a que insensivelmente fomos leva<strong>do</strong>s, cumpre-nos enunciar sinceramente o que dela<<strong>br</strong> />

julgamos; fim primário deste artigo pois que para noticiar a o<strong>br</strong>a era suficiente anunciar o seu título.<<strong>br</strong> />

Quanto a parte literária o A. aproveitou a terminologia usada pelos práticos assim no fa<strong>br</strong>ico <strong>do</strong> açúcar <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

na cultura <strong>do</strong> tabaco e lavra das minas; é certo que não existe na língua portuguesa o<strong>br</strong>a de mais pura e fértil<<strong>br</strong> />

autoridade em tais assuntos e por isso não deixou a ser re<strong>com</strong>endada no catálogo <strong>do</strong>s livros que se hão de ler<<strong>br</strong> />

para a <strong>com</strong>posição <strong>do</strong> Dicionário Português publica<strong>do</strong> pela Academia. – A linguagem não obstante dizer o A.<<strong>br</strong> />

servir-se <strong>do</strong> mesmo estilo e mo<strong>do</strong> de falar claro e chão, que se usa nos engenhos “é por vezes agradável <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

mostraremos em outra ocasião. Quanto à utilidade da <strong>do</strong>utrina que contém, ainda hoje é muita, apesar <strong>do</strong><<strong>br</strong> />

progresso que desde então há feito a indústria, principalmente no fa<strong>br</strong>ico <strong>do</strong> açúcar de que se ocupa a primeira<<strong>br</strong> />

parte. Contu<strong>do</strong> o A., apesar de ter estuda<strong>do</strong> a prática em um engenho da Bahia (verdade é que no princípio),<<strong>br</strong> />

descreve <strong>com</strong> tanta prudência e prevenção que julgamos ser esse um livro que nenhum senhor de engenho<<strong>br</strong> />

deverá deixar de possuir, e muito menos os que se propõem a sê-lo <strong>com</strong>o ora acontece a alguns nas ilhas de<<strong>br</strong> />

Cabo Verde, S. Tomé e Angola. Aconselhamos porém a par desta, para conhecimento <strong>do</strong>s aperfeiçoamentos<<strong>br</strong> />

modernos no fa<strong>br</strong>ico <strong>do</strong> açúcar, a o<strong>br</strong>a publicada na Bahia em 1834 pelo Sr. Conselheiro Calmon. Da segunda<<strong>br</strong> />

parte que tem por objeto a cultura e preparação <strong>do</strong> tabaco daremos num próximo número um excerto, visto<<strong>br</strong> />

que o governo promove também hoje esta cultura nas colônias. Com a leitura da terceira parte, que trata das<<strong>br</strong> />

minas, muitas notícias se aproveitaram principalmente no que diz respeito ao seu desco<strong>br</strong>imento.<<strong>br</strong> />

Terminaremos re<strong>com</strong>endan<strong>do</strong> tal o<strong>br</strong>a a to<strong>do</strong>s aqueles que à vista da simples e imparcial narração que<<strong>br</strong> />

acabamos de fazer julgarem que lhes deve ser de interesse e aos editores tributamos agradecimentos por se<<strong>br</strong> />

terem arrisca<strong>do</strong> fazer esta edição em tempos em que o fun<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> em impressões de livros dá lucros tão<<strong>br</strong> />

pequenos e precários”.<<strong>br</strong> />

Fiel ao anúncio transcreveu o Panorama, em <strong>do</strong>us números subseqüentes, daquela série V, à página 227, o<<strong>br</strong> />

capítulo Martírios <strong>do</strong> açúcar, assim anunciada: “Escolhemos esta passagem por ser de estilo desenfastia<strong>do</strong>,<<strong>br</strong> />

ten<strong>do</strong> certo que é agradável a linguagem e corrente a frase nos lugares, em que o A. trata assuntos graves e<<strong>br</strong> />

ensina méto<strong>do</strong>s úteis às produções <strong>do</strong> solo <strong>br</strong>asiliense” – e à página 263 um trecho so<strong>br</strong>e preparação <strong>do</strong> tabaco<<strong>br</strong> />

“em razão da sua utilidade e exatidão que nos é afiançada por pessoa conhece<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>”.<<strong>br</strong> />

Não nos parece admissível que a notícia crítica anônima (apenas traz um A. <strong>com</strong>o assinatura) so<strong>br</strong>e a o<strong>br</strong>a de<<strong>br</strong> />

Antonil seja da lavra de um daqueles escritores ilustres, ou pelo menos distintos, cuja colaboração tanto <strong>br</strong>ilho<<strong>br</strong> />

de às páginas <strong>do</strong> Panorama e tanto lhe alicerçaram o prestígio, até hoje permanente. Diz Rivara (Catálogo<<strong>br</strong> />

<strong>do</strong>s Manuscritos da Biblioteca Pública Eborense, pág 14) que é seu autor o nosso ilustre Varnhagem,<<strong>br</strong> />

Visconde de Porto Seguro. Mas, francamente, custa-nos a crer que se possa atribuir semelhante série de<<strong>br</strong> />

insignificâncias à pena <strong>do</strong> autor da História Geral.<<strong>br</strong> />

E se assim é constitui um caso de quan<strong>do</strong>que bônus, só explicável pelos vinte e cinco anos <strong>do</strong> apregoa<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

autor.<<strong>br</strong> />

E co efeito, que viu tal crítico em tão curiosa o<strong>br</strong>a: um mero manual de agricultura. E nem sequer lhe saltou<<strong>br</strong> />

aos olhos que <strong>com</strong>o tal ainda estava atrasa<strong>do</strong> de nada menos de 130 anos!<<strong>br</strong> />

Mas afinal a Humanidade progride! Re<strong>com</strong>endar-se calorosamente, transcrever-se grande número de páginas<<strong>br</strong> />

de um livro de aplicação científica, data<strong>do</strong> de 1711, a industriais de 1841 é realmente pasmoso! Quan<strong>do</strong> muito

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