Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br
Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br
Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
testemunho <strong>do</strong> P. Reitor que então era <strong>do</strong> Colégio”.<<strong>br</strong> />
Nele se narra o falecimento <strong>do</strong> “diligentíssimo amanuense e fidelíssimo <strong>com</strong>panheiro, por mais de trinta anos,<<strong>br</strong> />
<strong>do</strong> P. Antônio Vieira, desapareci<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> a 16 de maio de 1699, aos 74 anos de idade”.<<strong>br</strong> />
Quinze dias antes de morrer tivera o Padre Soares a visão de um encontro <strong>com</strong> Vieira, que “<strong>com</strong> os olhos<<strong>br</strong> />
levanta<strong>do</strong>s para o céu, o convidara a partir”, pelo que ficara “repleto de grande alegria”.<<strong>br</strong> />
Dous dias mais tarde aleitava-se, narran<strong>do</strong> ao seu confessor e consócios a prodigiosa visita;passa<strong>do</strong>s mais<<strong>br</strong> />
alguns dias, estan<strong>do</strong> a conversar “man<strong>do</strong>u, de repente, no meio da conversa, que se desse o sinal da sua<<strong>br</strong> />
próxima morte tocan<strong>do</strong>-se a sineta, segun<strong>do</strong> o costume; e apenas recitadas as costumadas preces,<<strong>br</strong> />
imediatamente, depois de recitadas, expirou, invejan<strong>do</strong> pie<strong>do</strong>samente a sua morte os que se achavam<<strong>br</strong> />
presentes”.<<strong>br</strong> />
Grande impressão causou na Bahia o acontecimento so<strong>br</strong>enatural, refere Andreoni depois de contar que ao<<strong>br</strong> />
enterro <strong>do</strong> Padre Soares haviam concorri<strong>do</strong> as primeiras autoridades <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>. “Honrou Deus desse<<strong>br</strong> />
mo<strong>do</strong>, <strong>com</strong> tão honorífico a<strong>com</strong>panhamento e ilustre testemunho de sua virtude, ao seu servo que fora tão<<strong>br</strong> />
amante da humildade que, durante a sua vida, fugia <strong>do</strong> trato e da presença <strong>do</strong>s magnatas. Todas estas cousas<<strong>br</strong> />
quis ficassem escritas, para testemunho da verdade e para louvor de Deus.<<strong>br</strong> />
Era em 1711 Reitor <strong>do</strong> Colégio da Bahia, <strong>com</strong>o se infere de um incidente da entrega <strong>do</strong> lega<strong>do</strong> enorme de<<strong>br</strong> />
Domingos Afonso Sertão à Companhia de Jesus, os latifúndios colossais <strong>do</strong> Piauí, hoje fazendas nacionais,<<strong>br</strong> />
graças ao confisco pombalino.<<strong>br</strong> />
“Morren<strong>do</strong> Domingos Afonso, o reitor da Companhia de Jesus da cidade da Bahia, que era então o Rev. Padre<<strong>br</strong> />
João Antônio Andreoni, por ato de 20 de agosto de 1711 nomeou administra<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s bens <strong>do</strong> faleci<strong>do</strong> ao Padre<<strong>br</strong> />
Manuel da Costa”, diz Alencastre na sua Memória Cronológica, Histórica e Geográfica da Província <strong>do</strong><<strong>br</strong> />
Piauí (Revista <strong>do</strong> Instituto Histórico <strong>Brasil</strong>eiro, tomo 20, pág. 32).<<strong>br</strong> />
Durante a longa rivalidade luso-<strong>br</strong>asileira, chamada a Guerra <strong>do</strong>s Mascates, em que, <strong>com</strong>o to<strong>do</strong>s sabem, se<<strong>br</strong> />
deram sangrentos episódios, aparece, uma vez ou outra, o nome de Andreoni, informa o <strong>do</strong>uto Capistrano,<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>o um <strong>do</strong>s personagens infensos à causa portuguesa, ou <strong>do</strong> Recife.<<strong>br</strong> />
A 13 de março de 1716, diz o erudito biógrafo inacino Sommervogel – falecia o ilustre jesuíta naquele mesmo<<strong>br</strong> />
colégio da Bahia, onde tão longos anos vivera e cuja direção por muitos lustros tivera. Cremos, porém, que<<strong>br</strong> />
nesta data há engano de Sommervogel, <strong>com</strong>o adiante exporemos.<<strong>br</strong> />
Nada nos é possível informar <strong>do</strong>s seus últimos anos, nem temos <strong>com</strong>o preencher esta última falha de uma<<strong>br</strong> />
biografia so<strong>br</strong>emo<strong>do</strong> lacunosa.<<strong>br</strong> />
Assim <strong>do</strong>s arquivos jesuíticos venham novos <strong>do</strong>cumentos <strong>com</strong>pletar este esforço despretensioso da vida de<<strong>br</strong> />
um benemérito <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>com</strong>o certamente o foi o Padre João Antônio Andreoni. Como prêmio a tantos<<strong>br</strong> />
serviços à terra <strong>br</strong>asileira, vira, na sua velhice, consumar-se imensa injustiça, o confisco <strong>do</strong> livro em cuja<<strong>br</strong> />
vendagem tanto confiava para promover o andamento <strong>do</strong> processo achietano! Como não lhe terá amargura<strong>do</strong><<strong>br</strong> />
os últimos anos tão iníqua demonstração da prepotência régia!<<strong>br</strong> />
VIII<<strong>br</strong> />
A o<strong>br</strong>a de Andreoni. Referências <strong>do</strong>s irmãos Backer e de Sommervogel. Dúvidas suscitadas pela<<strong>br</strong> />
publicação de extratos das Anuas de 1714, 1716 E 1721, por Studart. Reimpressão de <strong>Cultura</strong> por João<<strong>br</strong> />
Xavier da Veiga. A edição de Macau. Pesquisas de Capristano e Pablo Hernandez so<strong>br</strong>e “De rebus<<strong>br</strong> />
<strong>Brasil</strong>iae”.<<strong>br</strong> />
Da o<strong>br</strong>a de Andreoni pouco se conhece; o que em seu nome está averba<strong>do</strong>, encontra-se nos dicionários<<strong>br</strong> />
de Sommervogel.<<strong>br</strong> />
No seu Dictionnaire des ouvrages anonymes et pseu<strong>do</strong>nymes publiés par des réligieux de la<<strong>br</strong> />
Compagnie de Jesus, depuis sa fondation jusqu’à nos jours (Paris, 1884, 2 vols.) revela Sommervogel ignorar<<strong>br</strong> />
a existência da <strong>Cultura</strong> e a ligação existente entre Andreoni e o nosso céle<strong>br</strong>e livro.<<strong>br</strong> />
Assim na sua pequena notícia (insignificante quanto à parte biográfica, duas linhas apenas: “Andreoni<<strong>br</strong> />
(Jean Antoine) N. a Lucques em 1650, M. Au Brésil, 13 mars 1716”) só se refere à tradução da Sinagoga<<strong>br</strong> />
desenganada, lem<strong>br</strong>an<strong>do</strong> então que tal livro antijudaico havia também uma tradução espanhola pelo Padre<<strong>br</strong> />
Cláudio A<strong>do</strong>lfo Malboan, de que se tinham feito duas edições em Madri (1723 e 1733), dizen<strong>do</strong> o tradutor<<strong>br</strong> />
que o livro fora traduzi<strong>do</strong> “Del toscano en portugues, en el <strong>Brasil</strong>, por un anonimo y ahora traduci<strong>do</strong> del