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Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

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cousa que toque à jurisdição <strong>do</strong>s párocos, para que não incorra nas penas e censuras que so<strong>br</strong>e isso são<<strong>br</strong> />

decretadas, e debalde se queixe <strong>do</strong> seu descui<strong>do</strong> ou ignorância.<<strong>br</strong> />

Finalmente, faça muito por morar fora da casa <strong>do</strong> senhor <strong>do</strong> engenho, porque assim convém a ambos,<<strong>br</strong> />

pois é sacer<strong>do</strong>te, e não cria<strong>do</strong>, familiar de Deus e não de outro homem, nem tenha em casa escrava para o seu<<strong>br</strong> />

serviço, que não seja adiantada de idade, nem se faça merca<strong>do</strong>r ao divino ou ao humano, porque tu<strong>do</strong> isto<<strong>br</strong> />

muito se opõe ao esta<strong>do</strong> clerical que professa, e se lhe proíbe por vários sumos pontífices.<<strong>br</strong> />

O que se costuma dar ao capelão cada ano, pelo seu trabalho, quan<strong>do</strong> tem as missas da semana livres,<<strong>br</strong> />

são quarenta ou cinqüenta mil réis; e <strong>com</strong> o que lhe dão os aplica<strong>do</strong>s, vem fazer uma porção <strong>com</strong>petente, bem<<strong>br</strong> />

ganhada, se guardar tu<strong>do</strong> o que acima está dito. E se houver de ensinar aos filhos <strong>do</strong> senhor <strong>do</strong> engenho, se<<strong>br</strong> />

lhe acrescentará o que for justo e correspondente ao trabalho.<<strong>br</strong> />

No dia em que se bota a cana a moer, se o senhor <strong>do</strong> engenho não convidar ao vigário, o capelão<<strong>br</strong> />

benzerá o engenho e pedirá a Deus que dê bom rendimento, e que livre os que nele trabalham de to<strong>do</strong> o<<strong>br</strong> />

desastre. E quan<strong>do</strong>, no fim da safra, o engenho pejar, procurará que to<strong>do</strong>s dêem a Deus as graças na capela.<<strong>br</strong> />

V<<strong>br</strong> />

Do feitor-mor <strong>do</strong> engenho, e <strong>do</strong>s outros feitores menores que assistem na moenda, fazendas e<<strong>br</strong> />

parti<strong>do</strong>s da cana: suas o<strong>br</strong>igações e soldadas.<<strong>br</strong> />

OS BRAÇOS DE QUE SE VALE o senhor <strong>do</strong> engenho para o bom governo da gente e da fazenda, são<<strong>br</strong> />

os feitores. Porém, se cada um deles quiser ser cabeça, será o governo monstruoso e um verdadeiro retrato <strong>do</strong><<strong>br</strong> />

cão Cérbero, a quem os poetas fabulosamente dão três cabeças. Eu não digo que se não dê autoridade aos<<strong>br</strong> />

feitores; digo que esta autoridade há de ser bem ordenada e dependente, não absoluta, de sorte que os menores<<strong>br</strong> />

se hajam <strong>com</strong> subordinação ao maior, e to<strong>do</strong>s ao senhor a quem servem. Convém que os escravos se<<strong>br</strong> />

persuadam que o feitor-mor tem muito poder para lhes mandar e para os repreende e castigar quan<strong>do</strong> for<<strong>br</strong> />

necessário, porém de tal sorte que também saibam que podem recorrer ao senhor e que hão de ser ouvi<strong>do</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o pede a justiça. Nem os outros feitores, por terem manda<strong>do</strong>, hão de crer que o seu poder não é coarta<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

nem limita<strong>do</strong>, principalmente no que é castigar e prender. Portanto, o senhor há de declarar muito bem a<<strong>br</strong> />

autoridade que dá a cada um deles, e mais ao maior, s, se excederem, há de puxar pelas rédeas <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

repreensão que os excessos merecem; mas não diante <strong>do</strong>s escravos, para que outra vez se não levantem contra<<strong>br</strong> />

o feitor, e este leve o mal de ser repreendi<strong>do</strong> diante deles e se não atreva a governa-los. Só bastará que por<<strong>br</strong> />

terceira pessoa se faça entender ao escravo que padeceu e a alguns outros <strong>do</strong>s mais antigos da fazenda que o<<strong>br</strong> />

senhor estranhou muito ao feitor o excesso que <strong>com</strong>eteu e que, quan<strong>do</strong> se não emende, o há de despedir<<strong>br</strong> />

certamente.<<strong>br</strong> />

Aos feitores de nenhuma maneira se deve consentir o dar couces, principalmente nas barrigas das<<strong>br</strong> />

mulheres que andam pejadas, nem dar <strong>com</strong> pau nos escravos, porque na cólera se não medem os golpes, e<<strong>br</strong> />

podem ferir mortalmente na cabeça a um escravo de muito préstimo, que vale muito dinheiro, e perde-lo.<<strong>br</strong> />

Repreende-los e chegar-lhes <strong>com</strong> um cipó às costas <strong>com</strong> algumas varancadas, é o que se lhes pode e deve<<strong>br</strong> />

permitir para ensino. Prender os fugitivos e os que <strong>br</strong>igaram <strong>com</strong> feridas ou se embebedaram, para que o<<strong>br</strong> />

senhor os mande castigar <strong>com</strong>o merecem, é diligência digna de louvor. Porém, amarrar e castigar <strong>com</strong> cipó<<strong>br</strong> />

até correr o sangue e meter no tronco, ou em uma corrente por meses (estan<strong>do</strong> o senhor na cidade) a escrava<<strong>br</strong> />

que não quis consentir no peca<strong>do</strong> ou ao escravo que deu fielmente conta da infidelidade, violência e crueldade<<strong>br</strong> />

<strong>do</strong> feitor que para isso armou delitos fingi<strong>do</strong>s, isto de nenhum mo<strong>do</strong> se há de sofrer, porque seria ter um lobo<<strong>br</strong> />

carniceiro e não um feitor modera<strong>do</strong> e cristão.<<strong>br</strong> />

O<strong>br</strong>igação <strong>do</strong> feitor-mor <strong>do</strong> engenho é governar a gente e reparti-la a seu tempo, <strong>com</strong>o é bem, para o<<strong>br</strong> />

serviço. A ele pertence saber <strong>do</strong> senhor a quem se há de avisar para que corte a cana e mandar-lhe logo<<strong>br</strong> />

reca<strong>do</strong>. Tratar de aviar os barcos e os carros para buscar a cana, formas e lenha. Dar conta ao senhor de tu<strong>do</strong> o<<strong>br</strong> />

que é necessário para o aparelho <strong>do</strong> engenho, antes de <strong>com</strong>eçar a moer, e, logo acabada a safra, arrumar tu<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

em seu lugar. Vigiar que ninguém falte à sua o<strong>br</strong>igação, e acudir depressa a qualquer desastre que suceda,<<strong>br</strong> />

para lhe dar, quan<strong>do</strong> puder ser, o remédio. A<strong>do</strong>ecen<strong>do</strong> qualquer escravo, deve livra-lo <strong>do</strong> trabalho e pôr outro<<strong>br</strong> />

em seu lugar e dar parte ao senhor para que trate de o mandar curar, e ao capelão para que o ouça de<<strong>br</strong> />

confissão, e o disponha, crescen<strong>do</strong> a <strong>do</strong>ença, <strong>com</strong> os mais sacramentos para morrer. Advirta que não se<<strong>br</strong> />

metam no carro os bois que trabalham muito nos dias antecedentes, e que em to<strong>do</strong> o serviço assim <strong>com</strong>o se dá

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