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Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

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couro, que vem a ser bulir nelas devagar <strong>com</strong> as bocas viradas para o dito couro, para que saiam bem os pães,<<strong>br</strong> />

os quais, postos sucessivamente por um negro so<strong>br</strong>e um tol<strong>do</strong> que está estendi<strong>do</strong> neste balcão, por mão de<<strong>br</strong> />

uma negra (à qual chamam mãe <strong>do</strong> balcão) se lhes tira <strong>com</strong> um facão to<strong>do</strong> aquele açúcar mal purga<strong>do</strong>, e de<<strong>br</strong> />

cor parda, que têm na parte inferior, e isto se diz mascavar, e ao tal açúcar chamam depois mascava<strong>do</strong>. E,<<strong>br</strong> />

entretanto, outra sua <strong>com</strong>panheira, que é das mais práticas, tira <strong>com</strong> um machadinho <strong>do</strong> mesmo mascava<strong>do</strong> o<<strong>br</strong> />

mais úmi<strong>do</strong>, que chamam pé da forma, ou cabucho, e este torna para a casa de purgar em outras formas, até<<strong>br</strong> />

acabar de se enxugar; e logo outras negras que<strong>br</strong>am <strong>com</strong> toletes os torrões <strong>do</strong> mascava<strong>do</strong> so<strong>br</strong>e um tol<strong>do</strong>, que<<strong>br</strong> />

também há de ir ao balcão de secar.<<strong>br</strong> />

A perfeição <strong>do</strong>s pães consiste em terem pouco mascava<strong>do</strong>, e darem duas arrobas e meia de açúcar<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>anco, que, conforme a medida das formas da Bahia, é muito bom rendimento. Se quiserem fazer caras de<<strong>br</strong> />

açúcar para mimos, o caixeiro cortará aqui mesmo <strong>com</strong> um facão a primeira parte <strong>do</strong> pão, de sorte que,<<strong>br</strong> />

endireitada e aplainada, tenha uma arroba de peso; e estas, depois de estarem ao sol, empalham-se ou<<strong>br</strong> />

encouram-se e vão para o reino. Também, se quiser fazer lascas, cortará ao pão (depois de se tirar o<<strong>br</strong> />

mascava<strong>do</strong>) em seis ou oito partes, e as endireitará todas de quatro cantos em quadra, para irem tão vistosas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o <strong>do</strong>ces. E, queren<strong>do</strong> fazer fechos ou caixas de en<strong>com</strong>enda, escolherá da parte <strong>do</strong> açúcar que couber a<<strong>br</strong> />

quem as manda fazer, o mais fino, que é o das caras das formas, até dez arrobas por fecho, e trinta até trinta e<<strong>br</strong> />

cinco pr caixa. E, <strong>do</strong> que temos dito até agora, se entenderá bem o querem dizer estes nomes, que significam<<strong>br</strong> />

várias repartições de açúcar, a saber: caixa, fecho, pão, cara, lasca, torrão e migalhas, guardan<strong>do</strong> para outro<<strong>br</strong> />

capítulo o dar notícia de várias qualidades e diferenças de açúcar.<<strong>br</strong> />

Passan<strong>do</strong>, pois, <strong>do</strong> balcão de mascavar para o balcão de secar; levam-se, em primeiro lugar, para ele,<<strong>br</strong> />

tantos quantos são necessários para o açúcar que naquele dia se há de secar. E, se for de diversos <strong>do</strong>nos, que<<strong>br</strong> />

conhecerá a repartição que cabe a cada qual, pelos tol<strong>do</strong>s continua<strong>do</strong>s na mesma fileira, se pertencerem ao<<strong>br</strong> />

mesmo, ou descontinua<strong>do</strong>s, se forem de diversos senhores; e o que se diz <strong>do</strong> açúcar <strong>br</strong>anco, se há de dizer<<strong>br</strong> />

também <strong>do</strong> mascava<strong>do</strong>, reparti<strong>do</strong> pelo mesmo estilo nas suas próprias fileiras. Isto feito, levam os pães para<<strong>br</strong> />

os tol<strong>do</strong>s, e,<strong>com</strong> um pau grande e re<strong>do</strong>n<strong>do</strong> no cabo, em que se pega, e no remate de feitio chato, <strong>com</strong>o uma<<strong>br</strong> />

lança sem ponta (ao qual chamam de que<strong>br</strong>a<strong>do</strong>r, ou moleque de que<strong>br</strong>ar), que<strong>br</strong>am em quatro partes os pães, e<<strong>br</strong> />

cada uma destas em outras quatro; e logo outros, <strong>com</strong> facões, dividem as mesmas em torrões;e estes<<strong>br</strong> />

sucessivamente se tornam a partir <strong>com</strong> toletes em outros torrões menores; e, finalmente, depois de estarem já<<strong>br</strong> />

por algum tempo ao sol, acabam-se de que<strong>br</strong>ar em torrõezinhos pequenos. E guarda-se de propósito esta<<strong>br</strong> />

ordem em que<strong>br</strong>ar ao açúcar para que, ten<strong>do</strong> alguma umidade, que<strong>br</strong>a<strong>do</strong> pouco a pouco, se entese e não se<<strong>br</strong> />

faça logo em migalhas ou em pó. Estan<strong>do</strong> assim estendi<strong>do</strong>, pegam nas pontas <strong>do</strong>s tol<strong>do</strong>s, e, levantan<strong>do</strong>-as,<<strong>br</strong> />

fazem em cada tol<strong>do</strong> um montão, e entretanto aquentam-se as tábuas e os tol<strong>do</strong>s, e logo tornam a a<strong>br</strong>ir aqueles<<strong>br</strong> />

montes <strong>com</strong> ro<strong>do</strong>s, e, desta sorte, as partes que eram interiores ficam expostas ao sol, e as outra estendidas<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e as pontas <strong>do</strong>s tol<strong>do</strong>s, sentem o calor que eles e as tábuas ganharam. Espalha<strong>do</strong>, torna-se a mexer <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

ro<strong>do</strong>s de camboá, <strong>com</strong>o eles dizem, a saber: um de uma banda e outro de outra, empurran<strong>do</strong> cada um da sua<<strong>br</strong> />

parte o açúcar, e puxan<strong>do</strong> por ele por mo<strong>do</strong> oposto ao que faz no mesmo tol<strong>do</strong> o negro fronteiro, até acabar de<<strong>br</strong> />

secar. E, se de repente aparecer alguma nuvem, que ameace dar chuva, logo acode toda a gente ainda (se for<<strong>br</strong> />

necessário) a que trabalha na moenda, pejan<strong>do</strong> o engenho até se recolher nos mesmos tol<strong>do</strong>s o açúcar dentro<<strong>br</strong> />

da casa de encaixar, ou em outra parte coberta; e daqui torna outra vez para o balcão, em outro dia claro,<<strong>br</strong> />

estan<strong>do</strong> as tábuas enxutas. Que, se o tempo der lugar de enxugar perfeitamente o açúcar no mesmo dia no<<strong>br</strong> />

balcão, passará logo (<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> que agora direi) ao peso, e se encaixará <strong>com</strong> sua regra.<<strong>br</strong> />

VII<<strong>br</strong> />

Do peso, repartição e encaixamento <strong>do</strong> açúcar.<<strong>br</strong> />

DO BALCÃO DE SECAR vai o açúcar em tol<strong>do</strong>s ao peso, estan<strong>do</strong> presente o caixeiro, que tu<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

assenta <strong>com</strong> fidelidade e verdade, para que se dê justamente a cada um o que é seu. E, para isso, há balanças<<strong>br</strong> />

grandes e pesos de duas arrobas, e outros menores, de li<strong>br</strong>as, <strong>com</strong> peso também de tara <strong>do</strong> panacu, em que vai<<strong>br</strong> />

o açúcar ao peso, usan<strong>do</strong> de pá pequena para tirar o que sobeja, ou ajuntar o que falta. E, assim <strong>com</strong>o as duas<<strong>br</strong> />

mães <strong>do</strong> balcão ajudam ao peso,para dar lugar ao caixeiro, que está assentan<strong>do</strong> o que pesa, assim <strong>do</strong>us negros<<strong>br</strong> />

levam o açúcar pesa<strong>do</strong> para as caixas, enxutas e bem aparelhadas, a saber, barreadas por dentro nas untas <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

barro, e folhas secas de bananeira so<strong>br</strong>e o barro, pon<strong>do</strong> igualmente tanto açúcar na caixa <strong>do</strong> senhor <strong>do</strong>

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