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Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

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vilas e para o fornecimento das fá<strong>br</strong>icas <strong>do</strong>s engenhos, desde o rio de São Francisco até o rio Grande, tiran<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

os que acima estão nomea<strong>do</strong>s, desde o Piauí até a barra de Iguaçu, e de Parnaguá e rio Preto, porque as<<strong>br</strong> />

boiadas destes rios vão quase todas para a Bahia, por lhes ficar melhor caminho pelas Jacobinas, por onde<<strong>br</strong> />

passam e descansam. Assim <strong>com</strong>o aí também param e descansam as que à vezes vêm de mais longe. Mas,<<strong>br</strong> />

quan<strong>do</strong> nos caminhos se acham pastos, porque não faltaram as chuvas, em menos de três meses chegam as<<strong>br</strong> />

boiadas à Bahia, que vêm <strong>do</strong>s currais mais distantes. Porém, se por causa da seca forem o<strong>br</strong>iga<strong>do</strong>s a parar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o ga<strong>do</strong> nas Jacobinas, aí o vendem os que o levam e aí descansa seis, sete e oito meses, até poder ir à<<strong>br</strong> />

cidade.<<strong>br</strong> />

Só <strong>do</strong> rio de Iguaçu estão hoje mais de trinta mil cabeças de ga<strong>do</strong>. As da parte da Bahia se tem por certo que<<strong>br</strong> />

passam de meio milhão, e mais de oitocentas mil hão de ser as da parte de Pernambuco, ainda que destas se<<strong>br</strong> />

aproveitam mais os da Bahia, para aonde vão muitas boiadas, que os pernambucanos.<<strong>br</strong> />

A parte <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> que tem menos ga<strong>do</strong> é o Rio de Janeiro, porque tem currais somente nos campos de Santa<<strong>br</strong> />

Cruz, distante catorze léguas da cidade, nos Campos Novos <strong>do</strong> rio de São João, distante trinta e nos<<strong>br</strong> />

Goitacases, distante oitenta léguas; e em to<strong>do</strong>s estes campos não passam de sessenta mil as cabeças de ga<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

que nelas pastam.<<strong>br</strong> />

A capitania <strong>do</strong> Espírito Santo se provê limitadamente da Moribeca e de alguns currais aquém <strong>do</strong> rio Paraíba<<strong>br</strong> />

<strong>do</strong> Sul.<<strong>br</strong> />

As vilas de São Paulo matam as reses que têm em suas fazendas, que não são muito grandes, e só nos campos<<strong>br</strong> />

de Curitiba vai crescen<strong>do</strong> e multiplican<strong>do</strong> cada vez mais o ga<strong>do</strong>.<<strong>br</strong> />

Sen<strong>do</strong> o sertão da Bahia tão dilata<strong>do</strong>, <strong>com</strong>o temos referi<strong>do</strong>, quase to<strong>do</strong> pertence a duas das principais famílias<<strong>br</strong> />

da mesma cidade, que são a da Torre, e a <strong>do</strong> defunto mestre de campo Antônio Guedes de Brito. Porque a<<strong>br</strong> />

casa da Torres tem duzentas e sessenta léguas pelo rio de São Francisco, acima à mão direita, in<strong>do</strong> para o sul,<<strong>br</strong> />

e in<strong>do</strong> <strong>do</strong> dito rio para o norte chega a oitenta léguas. E os herdeiros <strong>do</strong> mestre de campo Antônio Guedes<<strong>br</strong> />

possuem desde o morro <strong>do</strong>s Chapéus até a nascença <strong>do</strong> rio das Velhas, cento e sessenta léguas. E nestas<<strong>br</strong> />

terras, parte os <strong>do</strong>nos delas têm currais próprios, e parte são <strong>do</strong>s que arrendam sítios delas, pagan<strong>do</strong> por cada<<strong>br</strong> />

sítio, que ordinariamente é de uma légua, cada ano, dez mil réis de foro. E, assim <strong>com</strong>o há currais no território<<strong>br</strong> />

da Bahia e de Pernambuco, e de outras capitanias, de duzentas, trezentas, quatrocentas, quinhentas, oitocentas<<strong>br</strong> />

e mil cabeças, assim a fazendas a quem pertencem tantos currais que chegam a ter seis mil, oito mil, dez mil,<<strong>br</strong> />

quinze mil e mais de vinte mil cabeças de ga<strong>do</strong>, <strong>do</strong>nde se tiram cada ano muitas boiadas, conforme os tempos<<strong>br</strong> />

são mais ou menos favoráveis à parição e multiplicação <strong>do</strong> mesmo ga<strong>do</strong>, e aos pastos assim nos sítios <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

também nos caminhos.<<strong>br</strong> />

II<<strong>br</strong> />

Das boiadas que ordinariamente se tiram cada ano <strong>do</strong>s currais para as cidades, vilas e recôncavos <strong>do</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Brasil</strong>, assim para o açougue <strong>com</strong>o para o fornecimento das fá<strong>br</strong>icas.<<strong>br</strong> />

PARA QUE SE FAÇA justo conceito das boiadas que se tiram cada ano <strong>do</strong>s currais <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, basta advertir<<strong>br</strong> />

que to<strong>do</strong>s os rolos de tabaco que se embarcam para qualquer parte vão encoura<strong>do</strong>s. E, sen<strong>do</strong> cada um de oito<<strong>br</strong> />

arrobas, e os da Bahia, <strong>com</strong>o vimos em seu lugar, ordinariamente cada ano pelo menos vinte e cinco mil, e os<<strong>br</strong> />

das Alagoas de Pernambuco <strong>do</strong>us mil e quinhentos, bem se vê quantas reses são necessárias para encourar<<strong>br</strong> />

vinte e sete mil e quinhentos rolos.<<strong>br</strong> />

Além disso, vão cada ano da Bahia para o Reino até cinqüenta mil meios de sola; de Pernambuco, quarenta<<strong>br</strong> />

mil, e <strong>do</strong> Rio de Janeiro (não sei se <strong>com</strong>putan<strong>do</strong> os que vinham da Nova Colônia ou só os <strong>do</strong> mesmo Rio e<<strong>br</strong> />

outras capitanias <strong>do</strong> Sul) até vinte mil, que vêm a ser, por to<strong>do</strong>s, cento e dez mil meios de sola.<<strong>br</strong> />

O certo é que não somente a cidade, mas a maior parte <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> recôncavo mais abundantes, se<<strong>br</strong> />

sustentam nos dias não proibi<strong>do</strong>s de carne <strong>do</strong> açougue, e da que se vende nas freguesias e vilas, e que<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>umente os negros, que são um número muito grande nas cidades, vivem de fressuras, bofes e tripas,<<strong>br</strong> />

sangue e mais fato das reses, e que no sertão mais alto a carne e o leite é o ordinário mantimento de to<strong>do</strong>s.<<strong>br</strong> />

Sen<strong>do</strong> também tantos os engenhos <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> que cada ano se fornecem de bois para os carros e os de que<<strong>br</strong> />

necessitam os lavra<strong>do</strong>res de canas, tabaco, mandioca, serrarias e lenhas, daqui se poderá facilmente inferir<<strong>br</strong> />

quanto haverão mister de ano em ano, para conservar este trabalhoso meneio. Portanto, deixar isto à<<strong>br</strong> />

consideração de quem ler este capítulo, julgo que será melhor acerto, <strong>do</strong> que afirmar precisamente o número

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