Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br
Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br
Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Vão ordinariamente, cada ano, da Bahia, vinte e cinco mil rolos de tabaco; e a <strong>do</strong>ze mil, cento e vinte e quatro<<strong>br</strong> />
réis, importam trezentos e três contos e cem mil-réis 303:100$000<<strong>br</strong> />
Vão, ordinariamente, cada ano, das Alagoas de Pernambuco, <strong>do</strong>us mil e quinhentos rolos; e a dezasseis mil,<<strong>br</strong> />
seiscentos e vinte réis, por ser melhor o tabaco, importam quarenta e um contos, quinhentos e cinqüenta milréis<<strong>br</strong> />
41:550$000<<strong>br</strong> />
Importa to<strong>do</strong> este tabaco trezentos e quarenta e quatro contos, seiscentos e cinqüenta mil-réis 344:650$000<<strong>br</strong> />
E, reduzi<strong>do</strong>s a cruza<strong>do</strong>s, são oitocentos e sessenta e um mil, seiscentos e vinte e cinco cruza<strong>do</strong>s.<<strong>br</strong> />
XI<<strong>br</strong> />
Da estimação <strong>do</strong> tabaco <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> na Europa e nas mais partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, e <strong>do</strong>s grandes emolumentos<<strong>br</strong> />
que dele tira a Fazenda Real.<<strong>br</strong> />
DO QUE ATÉ AGORA SE TEM DITO, facilmente se pode entender a estimação e valor a que tem<<strong>br</strong> />
chega<strong>do</strong> o tabaco, e, mais particularmente, o <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>. Pois (<strong>com</strong>o disse ao princípio), haven<strong>do</strong> pouco mais<<strong>br</strong> />
de cem anos que se <strong>com</strong>eçou a plantar e beneficiar na Bahia, foram as primeiras arrobas que se mandaram a<<strong>br</strong> />
Lisboa, <strong>com</strong>o uma sementeira de desejos, para que cada ano se pedissem logo e se mandassem mais e mais<<strong>br</strong> />
arrobas. E, passan<strong>do</strong> de mimo a ser mercancia, hoje apenas os tantos milhares de rolos que levam as frotas são<<strong>br</strong> />
bastante para satisfazer ao apetite de todas as nações, não somente da Europa, mas também das outras partes<<strong>br</strong> />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, <strong>do</strong>nde encarecidamente se procuram. Vale uma li<strong>br</strong>a de tabaco pisa<strong>do</strong>, em Lisboa, de vinte até<<strong>br</strong> />
vinte e quatro tostões, conforme é mais ou menos fino, e o que El-Rei tira deste contrato cada ano são <strong>do</strong>us<<strong>br</strong> />
milhões e duzentos mil cruza<strong>do</strong>s. Nem hoje têm os príncipes da Europa contrato de maior rendimento, pela<<strong>br</strong> />
muita quantidade de tabaco que se gasta em todas as cidades e vilas.<<strong>br</strong> />
Sirva de prova o que conta Engelgrave no primeiro tomo da Luz Evangélica, na <strong>do</strong>minga quinta depois <strong>do</strong><<strong>br</strong> />
Pentecoste, ao § I, alegan<strong>do</strong> por testemunho <strong>do</strong> que diz ao historia<strong>do</strong>r Barnabé de Rijcke, <strong>com</strong>o certamente<<strong>br</strong> />
informa<strong>do</strong>. Diz, pois, este autor, que na cidade de Londres, cabeça da Grã-Bretanha, povoada de mais de<<strong>br</strong> />
oitocentas mil almas, passam as vendas <strong>do</strong> tabaco o número de sete mil; e, dan<strong>do</strong> que cada uma destas não<<strong>br</strong> />
venda mais cada dia que um florim e meio de tabaco, importará o que se vende cada dia dez mil e quinhentos<<strong>br</strong> />
florins, os quais, reduzi<strong>do</strong>s à moeda portuguesa, em que cada florim são <strong>do</strong>us tostões, importam cinco mil e<<strong>br</strong> />
duzentos e cinqüenta cruza<strong>do</strong>s. E, conseqüentemente, o que se vende só em Londres, em um ano, que consta<<strong>br</strong> />
de trezentos e sessenta e cinco dias, importa um milhão, novecentos e dezasseis mil, duzentos e cinqüenta<<strong>br</strong> />
cruza<strong>do</strong>s. E a que soma chegará o que se vende cada ano em toda Grã-Bretanha, em Flandres, em França, em<<strong>br</strong> />
toda Espanha e em Itália? Para não falar em outras partes e <strong>do</strong> que vai para fora da Europa, particularmente às<<strong>br</strong> />
Índias, Oriental e Ocidental, procuran<strong>do</strong>-se o <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, por mais perfeito e melhor cura<strong>do</strong>, em maior<<strong>br</strong> />
quantidade da que se lhe pode mandar, por não faltarem os <strong>com</strong>issários aos merca<strong>do</strong>res que tratam de prover<<strong>br</strong> />
as partes mais próximas.<<strong>br</strong> />
XII<<strong>br</strong> />
Das penas <strong>do</strong>s que levam tabaco não despacha<strong>do</strong> nas alfândegas, e das indústrias de que se usa<<strong>br</strong> />
para se levar de contraban<strong>do</strong>.<<strong>br</strong> />
QUALQUER DESCAMINHO DO TABACO, por qualquer destas partes <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, fora <strong>do</strong> registro e<<strong>br</strong> />
guias, debaixo <strong>do</strong> que tu<strong>do</strong> vai despacha<strong>do</strong>, tem por pena a perda <strong>do</strong> tabaco e da embarcação em que se achar<<strong>br</strong> />
e mais cinco anos de degre<strong>do</strong> para Angola ao autor desta culpa. Porém, muito maiores são as penas que têm<<strong>br</strong> />
os transgressores <strong>do</strong> ban<strong>do</strong> em Portugal. E em outros reinos são tantas e tão graves que a cada passo são causa<<strong>br</strong> />
da ruína de muitas famílias. E, quanto mais rigorosas são estas penas, tanto maior prova são <strong>do</strong> muito a que<<strong>br</strong> />
subiu o contrato e <strong>do</strong> grande lucro que têm dele to<strong>do</strong>s os príncipes.<<strong>br</strong> />
Mas, ainda maior prova <strong>do</strong> grande valor e lucro que dá o tabaco, é o perderem muitos, por ambição, o temor