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Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

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III<<strong>br</strong> />

Como se tiram e curam as folhas <strong>do</strong> tabaco; <strong>com</strong>o delas se fazem e beneficiam as cordas.<<strong>br</strong> />

QUEBRAM-SE AS FOLHAS rente da hástea <strong>com</strong> o talo, e juntas em casa se deixam estar assim por vinte e<<strong>br</strong> />

quatro horas, pouco mais ou menos; e logo antes de se esquentarem e secarem, se dependuram duas e duas<<strong>br</strong> />

pelo pé, metidas entre a palha (de que constam as casas em que se beneficiam) e as varas, ou, em outra parte,<<strong>br</strong> />

aonde lhes dê o vento mas lhe não cheguem o sol, porque se este lhes chegasse, logo se secariam e perderiam<<strong>br</strong> />

a sustância. E, tanto que estiverem enxutas em sua conta, que pouco mais ou menos será depois de estarem<<strong>br</strong> />

assim dependuradas <strong>do</strong>us dias, se botam no chão, e se lhes tira a maior parte <strong>do</strong> talo pela parte inferior, <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

devi<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>, para que não se rasgue <strong>com</strong> o desvio <strong>do</strong> talo; e a isto chamam espinicar. E então se <strong>do</strong><strong>br</strong>am<<strong>br</strong> />

pelo meio das melhores, que hão de servir de capa para a corda que se há de fazer de todas as mais folhas. E<<strong>br</strong> />

advirta-se que as folhas que se tiraram em um dia não se hão de misturar senão <strong>com</strong> as que se tirarem no dia<<strong>br</strong> />

seguinte, para que sejam igualmente sazonadas; e, se não forem assim, umas prejudicarão ao bom concerto<<strong>br</strong> />

das outras.<<strong>br</strong> />

Curadas as folhas e tira<strong>do</strong> já o talo, <strong>com</strong>o está dito, delas se faz uma corda da grossura quase de três de<strong>do</strong>s. E,<<strong>br</strong> />

para isso, haverá roda e um torce<strong>do</strong>r estendi<strong>do</strong>, para que a corda fique unida, igual e forte, e atrás dele estará<<strong>br</strong> />

outro, colhen<strong>do</strong> a torcida so<strong>br</strong>e um pau ou so<strong>br</strong>e o aparelho, <strong>com</strong>o qualquer outra corda simples e não <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

as que se fazem de cordões; e junto <strong>do</strong> torce<strong>do</strong>r vão os rapazes, que dão as folhas para se torcerem em corda.<<strong>br</strong> />

IV<<strong>br</strong> />

Come se cura o tabaco depois de torci<strong>do</strong> em corda.<<strong>br</strong> />

FEITA A CORDA <strong>do</strong> <strong>com</strong>primento que quiserem e enrodilhada em um pau, se desenrola cada dia, a saber,<<strong>br</strong> />

pela manhã e à noite, e passa-se a outro pau, para que não arda; e na passagem se vai torcen<strong>do</strong> e apertan<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>andamente, para que fique bem ligada e dura. E, tanto que ficar preta, vira-se só uma vez cada dia; e, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

se vai aperfeiçoan<strong>do</strong>, se diminuem as viraduras, até ficar em esta<strong>do</strong> que se possa recolher sem temor de que<<strong>br</strong> />

apodreça. E <strong>com</strong>umente este benefício costuma durar quinze ou vinte dias, conforme vai o tempo mais ou<<strong>br</strong> />

menos úmi<strong>do</strong> ou seco.<<strong>br</strong> />

Segue-se atrás disto o que chamam ajuntar, que vem a ser pôr três bolas de corda de tabaco em um pau, aonde<<strong>br</strong> />

fica até que chegue o tempo de enrolar. E, entretanto, guardam-se estas bolas no tendal, que é <strong>com</strong>o um<<strong>br</strong> />

andaime alto, <strong>com</strong> seus regos embaixo, para receberem a calda que botam de si essas bolas e esta se ajunta e<<strong>br</strong> />

guarda para depois usar dela, quan<strong>do</strong> for tempo de enrolar.<<strong>br</strong> />

O último benefício que se lhe faz é o seguinte: tempera-se a calda <strong>do</strong> mesmo tabaco <strong>com</strong> seus cheiros de erva<<strong>br</strong> />

<strong>do</strong>ce, alfavaca e manteiga de porco; e quem faz manojos de en<strong>com</strong>enda bota-lhe almíscar ou âmbar, se o tem;<<strong>br</strong> />

e por esta calda misturada <strong>com</strong> mel de açúcar (quanto mais grosso, melhor) se passa a mesma corda de tabaco<<strong>br</strong> />

uma vez, e logo se fazem rolos, <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> seguinte.<<strong>br</strong> />

V<<strong>br</strong> />

Como se enrola e encoura o tabaco, e que pessoas se ocupam em toda a fá<strong>br</strong>ica dele, desde a sua planta<<strong>br</strong> />

até enrolar.<<strong>br</strong> />

PARA ENROLAR O TABACO, <strong>do</strong><strong>br</strong>am a corda já curada e melada, de <strong>com</strong>primento de três palmos, so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

uma estaca não muito grossa e leve, que nas extremidades tem quatro taboinhas em cruz, so<strong>br</strong>e as quais,<<strong>br</strong> />

<strong>do</strong><strong>br</strong>ada e segurada de uma e outra parte a dita corda, se vai enrolan<strong>do</strong> até o fim, puxan<strong>do</strong> sempre bem e<<strong>br</strong> />

unin<strong>do</strong> uma <strong>do</strong><strong>br</strong>a <strong>com</strong> outra, de sorte que não fique vão algum entre as <strong>do</strong><strong>br</strong>as. E para que as cabeças fiquem<<strong>br</strong> />

sempre direitas, além das cruzetas que levam, lhes vão meten<strong>do</strong> folhas de urucuri nos vãos, para que fiquem

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