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Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

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Antes de se botar a decoada nas caldeiras <strong>do</strong> cal<strong>do</strong>, experimente que ela é, e depois veja <strong>com</strong>o os<<strong>br</strong> />

caldeireiros a botam, e quan<strong>do</strong> hão de parar, nem consinta que a meladura se coe antes de se ver se o cal<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

está purifica<strong>do</strong>, <strong>com</strong>o há de ser; e o mesmo digo da passagem de uma para outra tacha, quan<strong>do</strong> se há de cozer<<strong>br</strong> />

e bater, sen<strong>do</strong> a alma de to<strong>do</strong> bom sucesso a diligente atenção.<<strong>br</strong> />

A justiça e a verdade o o<strong>br</strong>igam a não misturar o açúcar de um lavra<strong>do</strong>r <strong>com</strong> o <strong>do</strong> outro; e, por isso,<<strong>br</strong> />

nas formas que manda pôr no tendal, faça que haja sinal <strong>com</strong> que se possam distinguir das outras que<<strong>br</strong> />

pertencem a outros <strong>do</strong>nos para que o meu e o teu, inimigos da paz, não sejam causa de bulhas. E, para que a<<strong>br</strong> />

sua o<strong>br</strong>a seja perfeita, tenha boa correspondência <strong>com</strong> o feitor da moenda, que lhe envia o cal<strong>do</strong>, <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

banqueiro e o soto-banqueiro, quer lhe sucedem de noite no ofício, e <strong>com</strong> o purga<strong>do</strong>r <strong>do</strong> açúcar, para que<<strong>br</strong> />

vejam juntamente <strong>do</strong>nde nasce o purgar bem ou mal em as formas, e sejam entre si <strong>com</strong>o os olhos que<<strong>br</strong> />

igualmente vigiam e <strong>com</strong>o as mãos que unidamente trabalham.<<strong>br</strong> />

O que até agora está dito, pertence em grande parte ao banqueiro também, que é o soto-mestre e ao<<strong>br</strong> />

soto-banqueiro, seu ajudante. E, além disso, pertence a estes <strong>do</strong>us oficiais ter cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong> tendal das formas, de<<strong>br</strong> />

tapar-lhes os buracos, cavar-lhes as covas de bagaço <strong>com</strong> cava<strong>do</strong>res, endireita-las e botar nelas o açúcar feito<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> as três têmperas, das quais se falará em seu lugar; e, depois de três dias, envia-las para a casa de purgar,,<<strong>br</strong> />

ou so<strong>br</strong>e paviolas, ou às costas <strong>do</strong>s negros para que o purga<strong>do</strong>r trate delas.<<strong>br</strong> />

Devem também procurar que se faça a repartição justa <strong>do</strong>s claros entre os escravos, conforme o senhor<<strong>br</strong> />

ordenar, e que nesta casa haja toda a limpeza e claridade, água, decoada e to<strong>do</strong>s os instrumentos <strong>do</strong>s quais<<strong>br</strong> />

nela se usa. E ao mestre pertence ver, antes de <strong>com</strong>eçar o engenho a moer, se os fun<strong>do</strong>s das caldeiras e das<<strong>br</strong> />

tachas têm necessidade de se refazerem, e se os assentos delas pedem novo e mais firme conserto.<<strong>br</strong> />

A soldada <strong>do</strong> mestre de açúcar nos engenhos que fazem quatro ou cinco mil pães, particularmente se<<strong>br</strong> />

ele visita também a casa de purgar, é de cento e trinta mil réis; em outros dão-lhe só cem mil réis. Ao<<strong>br</strong> />

banqueiro, nos maiores, quarenta mil réis; nos menores, trinta mil réis. Ao soto-banqueiro (que <strong>com</strong>umente é<<strong>br</strong> />

algum mulato ou crioulo escravo de casa) dá-se também no fim da safra algum mimo, se serviu <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

satisfação no seu ofício, para que a esperança deste limita<strong>do</strong> prêmio o alente suavemente para o trabalho.<<strong>br</strong> />

VII<<strong>br</strong> />

Do purga<strong>do</strong>r de açúcar.<<strong>br</strong> />

AO PURGADOR DO AÇÚCAR pertence ver o barro que vem para o girao a secar-se so<strong>br</strong>e o cinzeiro,<<strong>br</strong> />

se é qual deve ser, <strong>com</strong>o se dirá em seu lugar; olhar para o amassa<strong>do</strong>r, se anda <strong>com</strong>o deve, <strong>com</strong> o ro<strong>do</strong> no<<strong>br</strong> />

cocho, furar os pães nas formas e levantá-las. Conhecer quan<strong>do</strong> o açúcar está enxuto e quan<strong>do</strong> é tempo de lhe<<strong>br</strong> />

botar o primeiro barro; e <strong>com</strong>o este se há de estender e quanto tempo se há de deixar, antes de lhe botar o<<strong>br</strong> />

segun<strong>do</strong>; <strong>com</strong> se lhe hão de dar as umidades ou lavagens e quantas se lhe hão de dar; e quais são os sinais de<<strong>br</strong> />

purgar ou não purgar bem o açúcar, conforme as diversas qualidades e têmperas. A ele também pertence ter<<strong>br</strong> />

cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong>s meles, ajuntá-los, cozê-los e fazer deles bati<strong>do</strong>s, ou guardá-los para fazer água ardente. Deve,<<strong>br</strong> />

juntamente, usar de toda a diligência para que não se sujem os tanques <strong>do</strong> mel, e de alguma indústria para<<strong>br</strong> />

afugentar os morcegos que <strong>com</strong>umente são a praga quase de todas as casas de purgar.<<strong>br</strong> />

Ao purga<strong>do</strong>r de quatro mil pães de açúcar, dá-se soldada de cinqüenta mil réis. Aos que têm menos<<strong>br</strong> />

trabalho dá-se também menos, <strong>com</strong> a devida proporção.<<strong>br</strong> />

VIII<<strong>br</strong> />

Do caixeiro <strong>do</strong> engenho.<<strong>br</strong> />

O QUE AQUI SE DIRÁ não pertence ao caixeiro da cidade, porque este trata só de receber o açúcar,<<strong>br</strong> />

já encaixa<strong>do</strong>, de o mandar ao trapiche, de vender ou embarcar, conforme o senhor <strong>do</strong> engenho o ordenar, e<<strong>br</strong> />

tem livro da razão de dar e haver, ajusta as contas e serve de agente, conta<strong>do</strong>r, procura<strong>do</strong>r e depositário de seu<<strong>br</strong> />

amo, ao qual, se a lida é grande, dá-se soldada de quarenta ou cinqüenta mil réis. Falo aqui <strong>do</strong> caixeiro que

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