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Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

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<strong>com</strong> a escumadeira, e apartan<strong>do</strong> aos la<strong>do</strong>s <strong>do</strong> vaso, até que a prata por último se dispa de uma teagem que tem<<strong>br</strong> />

por cima; e antes que de to<strong>do</strong> o faça, faz primeiro três ou quatro a<strong>com</strong>etimentos <strong>com</strong>o quem a<strong>br</strong>e e cerra os<<strong>br</strong> />

olhos, a mo<strong>do</strong> de ondas, até que de to<strong>do</strong> se a<strong>br</strong>e e fica a prata líquida, sem fazer movimentos. E então se pára<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o fogo, e estan<strong>do</strong> um pouco dura, se mete a escumadeira por um la<strong>do</strong> e outro, para a desapegar <strong>do</strong> vaso e<<strong>br</strong> />

se tira fora.<<strong>br</strong> />

Se quiserem fazer ensaio por azougue, far-se-á <strong>do</strong>s metais que não forem negros; ou, se forem negros,<<strong>br</strong> />

queimar-se-ão primeiro em forno de reverberação, até que se lhes tire a maldade de cousas acres que têm os<<strong>br</strong> />

metais ou pedras negras. E esta queima se faz depois de moí<strong>do</strong>s; e se algum <strong>do</strong>s outros metais tiver acridades,<<strong>br</strong> />

se deve primeiro queimar também. O que posto, digo que to<strong>do</strong>s os metais ou pedras se devem moer e<<strong>br</strong> />

peneirar, de sorte que fiquem <strong>com</strong>o farinha de trigo; a peneira há de ser de pano e pesar-se-ão os metais. Se<<strong>br</strong> />

forem seis li<strong>br</strong>as, se lhes botará um punha<strong>do</strong> de sal, e tu<strong>do</strong> junto se molhará <strong>com</strong> água, <strong>com</strong>o quem mistura a<<strong>br</strong> />

cal <strong>com</strong> areia. Depois de bem uni<strong>do</strong>, se faz um montinho, de sorte que esteja <strong>br</strong>an<strong>do</strong> <strong>com</strong> a água, para que se<<strong>br</strong> />

encorpore <strong>com</strong> ele o sal, e nesta forma se deixará estar so<strong>br</strong>e uma tábua quatro ou cinco dias ao sol. E<<strong>br</strong> />

passa<strong>do</strong>s estes dias, se desfará o montinho e se pisará mui bem aquela terra, e em um pano fino de linho se<<strong>br</strong> />

botarão duas onças de azougue vivo, e <strong>com</strong> o mesmo pano se espremerá por cima da dita terra, que estará<<strong>br</strong> />

espalhada e bem fina; e junta se amassará <strong>com</strong> a mão, por tempo de uma hora, e, se estiver mui seco, se<<strong>br</strong> />

molhará <strong>com</strong> água, até que fique <strong>com</strong>o barro de fazer telha.<<strong>br</strong> />

Depôs disto se tornará a fazer monte e a pô-lo ao sol outros tantos dias, no cabo <strong>do</strong>a quais se tem prata<<strong>br</strong> />

alguma, o mostrará nesta forma, e vem a ser que o azougue e a prata se converterão em um farelo <strong>br</strong>anco. E,<<strong>br</strong> />

estan<strong>do</strong> assim, se lhe lançará mais azougue, e se tornará a amassar, <strong>com</strong>o está dito, e a pô-lo ao sol outros<<strong>br</strong> />

tantos dias, e depois se torne a molhar e amassar. Isto feito, se bote em uma cuia envernizada um pedacinho<<strong>br</strong> />

daquela terra, <strong>do</strong> tamanho de uma noz, e <strong>com</strong> água limpa se irá lavan<strong>do</strong>, até que fique limpa a areiaq na cuia,<<strong>br</strong> />

para conhecer se o azougue há colhi<strong>do</strong> toda a prata; e se estiver ainda <strong>com</strong> farelo, se lance mais azougue,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o acima.<<strong>br</strong> />

Haven<strong>do</strong> colhi<strong>do</strong> o azougue toda a prata, já não fará farelo na cuia, e estará toda encorporada. Então, se lave<<strong>br</strong> />

to<strong>do</strong> o monte <strong>com</strong> muito cuida<strong>do</strong>, e se lance em um pano de linho novo e se esprema; e aquela bola que ficar<<strong>br</strong> />

se queimará até que se queime to<strong>do</strong> o azougue, e ficará líquida a prata, e se conhecerá se são os metais de<<strong>br</strong> />

rendimento ou não.<<strong>br</strong> />

Se o azougue estiver frio (o que se conhecerá estan<strong>do</strong> meti<strong>do</strong> dentro <strong>com</strong>o um saquinho negro, que de si<<strong>br</strong> />

mesmo forma) se lhe botará mais sal ou magistral; e se estiver quente (o que se conhecerá de estar mui negro<<strong>br</strong> />

o farelo da prata) se lhe botará cinza molhada e se misturará tu<strong>do</strong>, <strong>com</strong>o fica dito acima. Alguns dizem que a<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>edita massa se há de revolver e amassar to<strong>do</strong>s os dias duas vezes, por espaço de quarenta dias, e que a<<strong>br</strong> />

cada quintal de pedra se lança um almude de sal de <strong>com</strong>pás e dez li<strong>br</strong>as de azougue na forma acima.<<strong>br</strong> />

Ultimamente, dão estas regras gerais. As minas de norte a sul fixo, são permanentes. As minas de ouro<<strong>br</strong> />

cabeceiam de oriente a poente, e dão em seixo <strong>br</strong>anco ou negro, ou em barro vermelho, se são boas. Não<<strong>br</strong> />

haven<strong>do</strong> sal de pedras junto das serras de minas de prata, é sinal que não são minas de permanência, e a este<<strong>br</strong> />

chamam os castelhanos sal de <strong>com</strong>pás. Só à vista de quem tem experiência se podem dar a conhecer<<strong>br</strong> />

fixamente os metais, porque há outros gêneros de pedras <strong>com</strong>o eles, que não são de prata.<<strong>br</strong> />

XVII<<strong>br</strong> />

Dos danos que tem causa<strong>do</strong> ao <strong>Brasil</strong> a cobiça depois <strong>do</strong> desco<strong>br</strong>imento <strong>do</strong> ouro nas minas.<<strong>br</strong> />

NÃO HÁ COUSA TÃO BOA que não possa ser ocasião de muitos males, por culpa de quem não usa<<strong>br</strong> />

bem dela. E até nas sagradas se <strong>com</strong>etem os maiores sacrilégios. Que maravilha, pois, que sen<strong>do</strong> o ouro tão<<strong>br</strong> />

fermoso e tão precioso metal, tão útil para o <strong>com</strong>ércio humano, e tão digno de se empregar nos vasos e<<strong>br</strong> />

ornamentos <strong>do</strong>s templos para o culto divino, seja pela insaciável cobiça <strong>do</strong>s homens contínuo instrumento e<<strong>br</strong> />

causa de muitos danos? Convi<strong>do</strong>u a fama das minas tão abundantes <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> homens de toda a casta e de<<strong>br</strong> />

todas as partes, uns de cabedal, e outros, vadios. Aos de cabedal, que tiraram muita quantidade dele nas catas,<<strong>br</strong> />

foi causa de haverem <strong>com</strong> altivez e arrogância, de andarem sempre a<strong>com</strong>panha<strong>do</strong>s de tropas de<<strong>br</strong> />

espingardeiros, de ânimo pronto para executarem qualquer violência, e de tomar sem temor algum da justiça<<strong>br</strong> />

grandes e estron<strong>do</strong>sas vinganças. Convi<strong>do</strong>u0os o ouro a jogar largamente e a gastar em superfluidades<<strong>br</strong> />

quantias extraordinárias, sem reparo, <strong>com</strong>pran<strong>do</strong> (por exemplo) um negro trombeteiro por mil cruza<strong>do</strong>s, e

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