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Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

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(Segue-se a notícia bibliográfica haurida de Inocêncio).<<strong>br</strong> />

“Ficam em vista <strong>do</strong> que aí deixo, diz Blake, ao terminar o seu artigo, bastante demonstradas as conveniências<<strong>br</strong> />

políticas e as razões de esta<strong>do</strong> que determinaram a supressão da o<strong>br</strong>a <strong>do</strong> escritor <strong>br</strong>asileiro por ordem <strong>do</strong><<strong>br</strong> />

governo português.”<<strong>br</strong> />

Ignorava o dicionarista, parece-nos, que a Biblioteca Nacional <strong>do</strong> Rio de Janeiro possuía o livro, pois ainda<<strong>br</strong> />

acrescenta:<<strong>br</strong> />

“A Biblioteca Nacional possui cópias de excertos de alguns capítulos desta o<strong>br</strong>a, sob o título de – Opulência e<<strong>br</strong> />

cultura <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> nas fá<strong>br</strong>icas de açúcar, tabaco, ouro, couro e sola. Fragmentos destaca<strong>do</strong>s de um livro da<<strong>br</strong> />

Academia Real das Ciências, impresso em Lisboa em 1711, cujo foi proibi<strong>do</strong> por El-Rei <strong>do</strong>m João V por lhe<<strong>br</strong> />

dizerem que por dito livro estava publica<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o segre<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> aos estrangeiros, etc.”<<strong>br</strong> />

Assim nos conta pequena nota <strong>do</strong> manuscrito referi<strong>do</strong> por Blake que a sentença de extermínio lavrada contra a<<strong>br</strong> />

<strong>Cultura</strong> partiu <strong>do</strong> próprio Rei! Que honra...<<strong>br</strong> />

Fato inexplicável e que nos causa surpresa é a circunstância de jamais haverem os bibliógrafos nota<strong>do</strong> quanto<<strong>br</strong> />

no volume são claros os indícios de que seu autor fora eclesiástico e, ainda mais, so<strong>br</strong>emo<strong>do</strong> simpático à<<strong>br</strong> />

Companhia de Jesus.<<strong>br</strong> />

Já na folha de rosto se declara que a o<strong>br</strong>a é “oferecida aos que desejam ver glorifica<strong>do</strong> nos altares o Venerável<<strong>br</strong> />

Padre José de Anchieta, Missionário Apostólico e novo taumaturgo <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>”.<<strong>br</strong> />

Na introdução dirige-se “aos senhores de engenho e lavra<strong>do</strong>res de açúcar, e <strong>do</strong> tabaco, e aos que se ocupam de<<strong>br</strong> />

tirar ouro das minas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>”, lem<strong>br</strong>an<strong>do</strong>-lhes quanto deviam de gratidão por lhes proporcionar a<<strong>br</strong> />

Providência grandes lucros de sua indústria. Quanto devia o <strong>Brasil</strong> a Anchieta, “um <strong>do</strong>s primeiros e mais<<strong>br</strong> />

fervorosos missionários da América Meridional, que a boca cheia o chama seu grande Apóstolo e novo<<strong>br</strong> />

Taumaturgo!”<<strong>br</strong> />

Haveria, pois, maior o<strong>br</strong>a de justiça, <strong>do</strong> que da gratidão par <strong>com</strong> tão grande evangeliza<strong>do</strong>r? Assim queria ele,<<strong>br</strong> />

autor, ser um dia o motiva<strong>do</strong>r deste reconhecimento “por parte <strong>do</strong>s que nas lavouras e minas experimentaram<<strong>br</strong> />

o favor <strong>do</strong> céu <strong>com</strong> notável aumento <strong>do</strong>s bens temporais”, provocan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>ns <strong>do</strong>s fiéis para o custeio das<<strong>br</strong> />

despesas elevadas <strong>do</strong> processo de canonização, desde um século para<strong>do</strong> em Roma, por falta de recursos<<strong>br</strong> />

monetários <strong>do</strong>s seus promotores.<<strong>br</strong> />

“E ao mesmo venerável José de Anchieta, termina, peço encarecidamente, que queira alcançar Deus,<<strong>br</strong> />

centuplicada remuneração, na terra e no céu, a quem se determinar a promover <strong>com</strong> alguma esmola as suas<<strong>br</strong> />

honras, para que publicadas nos templos, e cele<strong>br</strong>adas nos altares acrescentem também maior glória àquele<<strong>br</strong> />

Senhor benfazejo.”<<strong>br</strong> />

A cada passo se trai, nas páginas da <strong>Cultura</strong>, a pena <strong>do</strong> homem de fé robusta, e mais, a <strong>do</strong> sacer<strong>do</strong>te zeloso. E<<strong>br</strong> />

ao encerrar o volume exclama Laus Deo!<<strong>br</strong> />

Pois bem não houve analista que em tal reparasse!<<strong>br</strong> />

Refundin<strong>do</strong> <strong>com</strong>pletamente a primeira edição da História Geral <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> ampliou-lhe o Visconde de Porto<<strong>br</strong> />

Seguro notavelmente o quadro, <strong>com</strong>o to<strong>do</strong>s sabem, dan<strong>do</strong>-lhe outro padrão de erudição.<<strong>br</strong> />

Na primeira edição (a de 1854) chama à <strong>Cultura</strong> “livro mui importante, qual é atribuí<strong>do</strong> a um André João<<strong>br</strong> />

Antonil, acaso pseudônimo <strong>do</strong> autor que em outro lugar assina anônimo toscano”. Da segunda (1876),<<strong>br</strong> />

passa<strong>do</strong>s, portanto, vinte e <strong>do</strong>us anos, se depreende que jamais o preocupou o caso da criptonímia de Antonil.<<strong>br</strong> />

Também não a examinou Saldanha da Gama, o biógrafo de Frei Veloso, na extensa, minuciosa e valiosa<<strong>br</strong> />

biografia que lhe consagrou (Rev.. <strong>do</strong> Instituto Histórico <strong>Brasil</strong>eiro, tomo 31, parte 2.ª, págs. 137-305).<<strong>br</strong> />

Assim consagra exatamente o seu capítulo X a um exame <strong>do</strong> livro de Antonil sem que jamais se refira ao caso<<strong>br</strong> />

interessante da identificação <strong>do</strong> seu autor (1868 e 1869).<<strong>br</strong> />

VI<<strong>br</strong> />

Descoberta da criptonímia de Antonil por J. Capistrano de A<strong>br</strong>eu. Mo<strong>do</strong> pelo qual este a realizou.<<strong>br</strong> />

Silêncio <strong>do</strong> suplemento <strong>do</strong> dicionário de Blake, indesculpável. Primeira descrição <strong>com</strong>pleta da <strong>Cultura</strong><<strong>br</strong> />

por J. C. Rodrigues. Silêncio inexplicável quanto à descoberta de Capistrano. Opiniões de Galanti,<<strong>br</strong> />

Basílio de Magalhães, Calógeras, Ro<strong>do</strong>lfo Garcia.<<strong>br</strong> />

Pouco tempo mais tarde, <strong>do</strong>us a três anos apenas, após a afirmação de Blake, informa<strong>do</strong> pelo tal “<strong>com</strong>petente

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