26.10.2014 Views

Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

algum descanso aos bois e aos cavalos, assim se dê, e <strong>com</strong> maior razão, por suas esquipações aos escravos.<<strong>br</strong> />

O feitor da moenda chama a seu tempo as escravas, recebe a cana e a manda vir e meter bem nos eixos<<strong>br</strong> />

e tirar o bagaço, atentan<strong>do</strong> que as negras não durmam, pelo perigo que há de ficarem presas e moídas, se lhes<<strong>br</strong> />

não cortarem as mãos, quan<strong>do</strong> isto suceda, e mandan<strong>do</strong> juntamente divertir a água da roda, para que pare.<<strong>br</strong> />

Procura que de vinte e quatro em vinte e quatro horas se lave a moenda e que o cal<strong>do</strong> vá limpo e se guinde<<strong>br</strong> />

para o parol. Pergunta quanto cal<strong>do</strong> há mister nas caldeiras, para que saiba <strong>com</strong> este aviso se há de moer mais<<strong>br</strong> />

cana ou parar até que se dê vazão, para que não azede o que já está no parol.<<strong>br</strong> />

Os feitore que estão no parti<strong>do</strong>s e nas fazendas têm à sua conta defender as terras e avisar logo ao<<strong>br</strong> />

senhor se há quem se meta dentro das roças, canaviais e matos, par tomar o que não é seu. Assistir aonde os<<strong>br</strong> />

escravos trabalham, para que se faça o serviço <strong>com</strong> é bem. Saber os tempos de plantar, limpar e cortar a cana<<strong>br</strong> />

e de fazer roças. Conhecer a diversidade das terras que há para servir-se delas para o que forem capazes de<<strong>br</strong> />

dar. Tomar a cada escravo a tarefa e as mãos que é o<strong>br</strong>iga<strong>do</strong> entregar. Atentar para os caminhos <strong>do</strong>s carros<<strong>br</strong> />

que sejam tais que por eles se possa conduzir a cana e a lenha de sorte que não fiquem na lama, e que também<<strong>br</strong> />

os carros se consertem quan<strong>do</strong> for necessário. Ver que cada escravo tenha sua fouce e enxada e o mais que há<<strong>br</strong> />

mister para o serviço. E esteja muito atento que se não pegue o fogo nos canaviais por descui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s negros<<strong>br</strong> />

boçais, que às vezes deixam ao vento o tição de fogo que levaram consigo para usarem <strong>do</strong> cachimbo; e, em<<strong>br</strong> />

ven<strong>do</strong> qualquer lavareda, acuda-lhe logo <strong>com</strong> toda a gente e corte <strong>com</strong> fouces o caminho à chama que vai<<strong>br</strong> />

crescen<strong>do</strong>, <strong>com</strong> grande perigo de se perderem em meia-hora muitas tarefas de cana.<<strong>br</strong> />

Ainda que se saiba a tarefa da cana que um negro há de plantar em um dia, e a que há de cortar,<<strong>br</strong> />

quantas covas de mandioca há de fazer e arrancar e que medida de lenha há de dar, <strong>com</strong>o se dirá em seu lugar,<<strong>br</strong> />

contu<strong>do</strong>, hão de atentar os feitores à idade e às forças de cada qual, para diminuírem o trabalho aos que eles<<strong>br</strong> />

manifestamente vêem que não podem <strong>com</strong> tanto, <strong>com</strong>o são as mulheres pejadas depois de seis meses, e as que<<strong>br</strong> />

há pouco que pariram e criam, os velhos e as velhas e os que saíram ainda convalescentes de alguma grave<<strong>br</strong> />

<strong>do</strong>ença.<<strong>br</strong> />

Ao feitor-mor dão nos engenhos reais sessenta mil réis. Ao feitor da moenda, aonde se moí por sete e<<strong>br</strong> />

oito meses, quarenta ou cinqüenta mil reis, particularmente se se lhe en<strong>com</strong>enda algum outro serviço, mas,<<strong>br</strong> />

aonde há menos que fazer, e não se ocuparem outra cousa, dão trinta mil réis. Aos que assistem nos parti<strong>do</strong>s<<strong>br</strong> />

fazendas,também hoje, aonde a lida é grande, dão quarenta ou quarenta e cinco mil réis.<<strong>br</strong> />

VI<<strong>br</strong> />

Do mestre <strong>do</strong> açúcar e soto-mestre, a quem chamam banqueiro e <strong>do</strong> seu ajudante, a quem<<strong>br</strong> />

chamam ajuda-banqueiro.<<strong>br</strong> />

A QUEM FAZ O AÇÚCAR, <strong>com</strong> razão se dá o nome de mestre, porque o seu o<strong>br</strong>ar pede inteligência,<<strong>br</strong> />

atenção e experiência, e esta, não basta que seja qualquer, mas é necessária a experiência local, a saber, <strong>do</strong><<strong>br</strong> />

lugar e qualidade da cana, aonde se planta e se mói; por que os canaviais, de uma parte, dão cana muito forte,<<strong>br</strong> />

e de outra, muito fraca. Diverso sumo tem a cana das várzeas <strong>do</strong> que tem a <strong>do</strong>s outeiros: as das várzeas vem<<strong>br</strong> />

muito aguacenta e o cal<strong>do</strong> dela tem muito que purgar nas caldeiras, e pede mais decoada; a <strong>do</strong>s outeiros vem<<strong>br</strong> />

bem açucarada e o seu cal<strong>do</strong> pede menos tempo e menos decoada para se purificar e clarificar. Nas tachas há<<strong>br</strong> />

mela<strong>do</strong>, que quer maior cozimento e há outro de menor; um, logo se condensa na batedeira, outro, mais<<strong>br</strong> />

devagar. Das três têmperas que se hão de fazer para encher as formas, depende o purgar-se o açúcar bem ou<<strong>br</strong> />

mal, conforme elas são. Se o mestre se fiar <strong>do</strong>s caldeireiros e <strong>do</strong>s tacheiros, umas vezes cansa<strong>do</strong>s, outras<<strong>br</strong> />

sonolentos e outras alegres mais <strong>do</strong> que convém, e <strong>com</strong> a cabeça esquentada, acontecer-lhe-á ver perdida uma<<strong>br</strong> />

e outra meladura, sem lhe poder dar remédio. Por isso, vigie em cousa de tanta importância; e se o banqueiro<<strong>br</strong> />

e o ajuda-banqueiro não tiverem a inteligência e a experiência necessária para suprirem em sua ausência, não<<strong>br</strong> />

descanse so<strong>br</strong>e eles, ensine-os, avise-os e, se for necessário, repreenda-os, po<strong>do</strong>-lhes diante <strong>do</strong>s olhos o<<strong>br</strong> />

prejuízo <strong>do</strong> senhor <strong>do</strong> engenho e <strong>do</strong>s lavra<strong>do</strong>res, se se perder o mela<strong>do</strong> nas tachas ou se for mal tempera<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

para as formas.<<strong>br</strong> />

Veja que o feitor da moenda modere de tal sorte o moer, que lhe não venha ao parol mais cal<strong>do</strong> <strong>do</strong> que<<strong>br</strong> />

há mister, para poder lhe dar vazão antes que se <strong>com</strong>ece azedar, purgan<strong>do</strong>-o, cozen<strong>do</strong>-o e baten<strong>do</strong>-o quan<strong>do</strong> é<<strong>br</strong> />

necessário.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!