26.10.2014 Views

Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

grandes cabedais aos mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> e incríveis emolumentos aos erários <strong>do</strong>s príncipes.<<strong>br</strong> />

Desta, pois, falaremos agora, mostran<strong>do</strong> primeiramente <strong>com</strong>o se semeia e planta, <strong>com</strong>o se alimpa e colhe,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o se beneficia e cura, <strong>com</strong>o se enrola e despacha na alfândega. 2. Como se pisa e se lha dá o cheiro, qual é<<strong>br</strong> />

melhor para mascar, qual para o cachimbo e qual para se pisar, e se o grani<strong>do</strong> ou o em pó. 3. Do uso<<strong>br</strong> />

modera<strong>do</strong> dele para a saúde, e <strong>do</strong> imodera<strong>do</strong> e vicioso na quantidade, no lugar e no tempo. 4. Dos rolos que<<strong>br</strong> />

cada ano ordinariamente se embarcam <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> para Portugal, <strong>do</strong> valor dele na Bahia e no Reino, das penas<<strong>br</strong> />

para se não mandar ou introduzir sem despacho, e <strong>do</strong>s artifícios para se passar de contraban<strong>do</strong>, não obstante a<<strong>br</strong> />

vigilância <strong>do</strong>s guardas, assim dentro, <strong>com</strong>o fora de Portugal. E, finalmente, <strong>do</strong> rendimento deste contrato e da<<strong>br</strong> />

repartição <strong>do</strong> tabaco por todas as partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Tu<strong>do</strong> conforme as notícias certas que procurei e me deram<<strong>br</strong> />

os mais inteligentes e mais versa<strong>do</strong>s nesta lavra, aos quais, no que direi, me reporto.<<strong>br</strong> />

II<<strong>br</strong> />

Em que consiste a lavra <strong>do</strong> tabaco, e de <strong>com</strong>o se semeia, planta e alimpa, e em que tempo se<<strong>br</strong> />

há de plantar.<<strong>br</strong> />

TODA A LAVRA E CULTURA DO TABACO consiste, por sua ordem, em se semear, plantar, alimpar,<<strong>br</strong> />

capar, desfolhar, colher, espinicar, torcer, virar, ajuntar, enrolar, encourar e pisar; e de tu<strong>do</strong> isto iremos<<strong>br</strong> />

falan<strong>do</strong> nos capítulos seguintes. E, <strong>com</strong>eçan<strong>do</strong> neste pela planta: semeia-se esta em canteiros bem esterca<strong>do</strong>s,<<strong>br</strong> />

ou em queimadas feitas no mato, aonde há terra conveniente para isso e aparelhadas no mesmo ano em que há<<strong>br</strong> />

de semear. O tempo em que <strong>com</strong>umente se semeia são os meses de maio, junho e julho; e, depois de nascida a<<strong>br</strong> />

semente, nasce também <strong>com</strong> ela algum capim, o qual se tira <strong>com</strong> tento, que se não arranque por descui<strong>do</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

o capim vicioso a planta inocente.<<strong>br</strong> />

Tento a planta já um palmo, ou pouco menos, de altura, se passa <strong>do</strong>s canteiros, aonde nasceu, para os<<strong>br</strong> />

cerca<strong>do</strong>s ou currais, aonde se há de criar, cuja terra, quanto mais estercada, é melhor. Mas, se nos ditos currais<<strong>br</strong> />

morou por muito tempo o ga<strong>do</strong>, há-se de tirar antes alguma parte <strong>do</strong> esterco, para que a força dele, ainda não<<strong>br</strong> />

curti<strong>do</strong> <strong>do</strong> tempo, não queime a planta, em vez de a ajudar.<<strong>br</strong> />

Distribui-se a dita terra em regos, <strong>com</strong> risca<strong>do</strong>r, para que a planta fique vistosa. A distância de um rego de<<strong>br</strong> />

outro é de cinco palmos, e a das plantas entre si é de <strong>do</strong>us palmos e meio, para que se possam estender e<<strong>br</strong> />

crescer folgadamente, sem uma ser de embaraço à outra. Plantam-se em covas de um palmo, quan<strong>do</strong> cava a<<strong>br</strong> />

enxada metida; e estas se enchem de terra bem estercada e <strong>com</strong> vigilância e cuida<strong>do</strong> se corre a dita planta<<strong>br</strong> />

to<strong>do</strong>s os dias para ver se tem lagarta, e esta logo se mata, para a não <strong>com</strong>er, sen<strong>do</strong> tenra. Os inimigos da<<strong>br</strong> />

planta são, ordinariamente, além da lagarta, a formiga, o pulgão e o grilo. A lagarta, em pequena, corta-lhe o<<strong>br</strong> />

pé ou raiz debaixo da terra, e, em crescen<strong>do</strong>, corta-lhe as folhas. O mesmo faz também a formiga, e por isso<<strong>br</strong> />

se põem nos regos, onde esta aparece, outras folhas de mandioca ou aroeira, para que delas <strong>com</strong>am as<<strong>br</strong> />

formigas e não cheguem a cortar e <strong>com</strong>er as <strong>do</strong> tabaco que, sen<strong>do</strong> cortadas desta sorte, não servem. O pulgão,<<strong>br</strong> />

que é um mosquito preto, pouco maior que uma pulga, faz buracos nas folhas e estas, assim furadas, não<<strong>br</strong> />

prestam para se fazer delas torcida. O grilo, enquanto a planta é pequena, a corta rente da terra, e, sen<strong>do</strong> já<<strong>br</strong> />

crescida, também se atreve a corta-lhe as folhas.<<strong>br</strong> />

Sen<strong>do</strong> a folha já bastante crescida, se lhe chega ao pé aquela terra que se tirou das covas em que foi plantada,<<strong>br</strong> />

daquela parte que ficou arrumada mais alta; porém, em tempo de inverno, não se aperta muito, porque toda<<strong>br</strong> />

está úmida; no verão, aperta-se mais, para que a terra a defenda e a umidade, posto que menor, lhe dê o<<strong>br</strong> />

primeiro alimento. E isto faz quem a planta.<<strong>br</strong> />

Estan<strong>do</strong> a planta em sua conta, <strong>com</strong> oito ou nove folhas, conforme a força <strong>com</strong> que vem crescen<strong>do</strong>, se lhe tira<<strong>br</strong> />

o olho de cima, ou grelo, antes de espigar, o que, por outra frase, chamam capar. E porque faltan<strong>do</strong>-lhe este<<strong>br</strong> />

olho, nasce em cada pé das folhas outro olho, to<strong>do</strong>s este olhos se hão de botar fora (e a isto chamam desolhar)<<strong>br</strong> />

para que não tirem sustância às folhas. E esta diligência se faz pelo menos de oito em oito dias; e mais<<strong>br</strong> />

freqüentemente se visitam e correm os regos para tirar o capim, até estarem as folhas sazonadas, o que se<<strong>br</strong> />

conhece por aparecerem nelas umas nó<strong>do</strong>as amarelas, ou por estar já preto por dentro o pé da folha, o que<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>umente sucede ao quarto mês depois de postas em suas covas as plantas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!