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Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

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o<strong>br</strong>a continuamente, invoca<strong>do</strong> para benefício de to<strong>do</strong>s. Porém, confessar estas o<strong>br</strong>igações e não cooperar à<<strong>br</strong> />

glória de tão insigne benfeitor, não basta para um verdadeiro agradecimento, devi<strong>do</strong> justamente e espera<strong>do</strong>.<<strong>br</strong> />

Para excitar, pois, pie<strong>do</strong>so afeto nos ânimos de to<strong>do</strong>s os que mais facilmente podem ajudar <strong>com</strong>o agradeci<strong>do</strong>s<<strong>br</strong> />

e liberais o<strong>br</strong>as tão santas, <strong>com</strong>o é a canonização de um varão tão ilustre, procurei a<strong>com</strong>panhar esta justa<<strong>br</strong> />

petição <strong>com</strong> alguma dádiva que pudesse agradar, e ser de alguma utilidade aos que nos engenhos de açúcar,<<strong>br</strong> />

nos parti<strong>do</strong>s e nas lavouras de tabaco, e nas minas <strong>do</strong> ouro experimentam o fervor <strong>do</strong> céu <strong>com</strong> notável<<strong>br</strong> />

aumento <strong>do</strong>s bens temporais. Portanto, <strong>com</strong> esta limitada oferta provoco aquela generosa liberalidade, que não<<strong>br</strong> />

consente ser rogada, por não parecer que, dan<strong>do</strong>, quer vender benefícios. E ao mesmo Venerável Padre José<<strong>br</strong> />

de Anchieta peço encarecidamente que queira alcançar de Deus centuplicada remuneração na Terra e no Céu<<strong>br</strong> />

a quem se determinar a promover <strong>com</strong> alguma esmola as suas honras, para que publicadas nos templos e<<strong>br</strong> />

cele<strong>br</strong>adas nos altares, acrescentem também maior glória àquele Senhor que é honra<strong>do</strong> na honra <strong>do</strong>s santos, e<<strong>br</strong> />

glorifica<strong>do</strong> em suas glórias.<<strong>br</strong> />

Primeira Parte<<strong>br</strong> />

<strong>Cultura</strong> e Opulência <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> na lavra <strong>do</strong> açúcar no Engenho Real moente e corrente<<strong>br</strong> />

Trata-se Do senhor <strong>do</strong> engenho <strong>do</strong> açúcar, <strong>do</strong>s feitores e outros oficiais que nele se ocupam, suas<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>igações e salários. Da moenda, fá<strong>br</strong>ica e oficinas <strong>do</strong> engenho e <strong>do</strong> que em cada uma delas se faz.<<strong>br</strong> />

Da planta das canas, sua condução e moagem; e de <strong>com</strong>o se faz, purga e encaixa o açúcar no<<strong>br</strong> />

Recôncavo da Bahia, no <strong>Brasil</strong>, para o reino de Portugal, e seus emolumentos.<<strong>br</strong> />

Proêmio<<strong>br</strong> />

Quem chamou às oficinas, em que se fa<strong>br</strong>ica o açúcar, engenhos, acertou verdadeiramente no nome.<<strong>br</strong> />

Porque quem quer que as vê, e considera <strong>com</strong> a reflexão que merecem, é o<strong>br</strong>iga<strong>do</strong> a confessar que são um <strong>do</strong>s<<strong>br</strong> />

principais partos e invenções <strong>do</strong> engenho humano, o qual, <strong>com</strong>o pequena porção <strong>do</strong> Divino, sempre se mostra,<<strong>br</strong> />

no seu mo<strong>do</strong> de o<strong>br</strong>ar, admirável.<<strong>br</strong> />

Dos engenhos, uns se chamam reais, outros, inferiores, vulgarmente engenhocas. Os reais ganharam<<strong>br</strong> />

este apeli<strong>do</strong> por terem todas as partes de que se <strong>com</strong>põem e de todas as oficinas, perfeitas, cheias de grande<<strong>br</strong> />

número de escravos, <strong>com</strong> muitos canaviais próprios e outros o<strong>br</strong>iga<strong>do</strong>s à moenda; e principalmente por terem<<strong>br</strong> />

a realeza de moerem <strong>com</strong> água, à diferença de outros, que moem <strong>com</strong> cavalos e bois e são menos provi<strong>do</strong>s e<<strong>br</strong> />

aparelha<strong>do</strong>s; ou, pelo menos, <strong>com</strong> menor perfeição e largueza, das oficinas necessárias e <strong>com</strong> pouco número<<strong>br</strong> />

de escravos, para fazerem, <strong>com</strong>o dizem, o engenho moente e corrente.<<strong>br</strong> />

E porque algum dia folguei de ver um <strong>do</strong>s mais afama<strong>do</strong>s que há no Recôncavo, à beira-mar da Bahia,<<strong>br</strong> />

a quem chamam o engenho de Sergipe <strong>do</strong> Conde, movi<strong>do</strong> de uma louvável curiosidade, procurei, no espaço<<strong>br</strong> />

de oito ou dez dias que aí estive, tomar notícia de tu<strong>do</strong> o que o fazia tão cele<strong>br</strong>a<strong>do</strong>, e quase rei <strong>do</strong>s engenhos<<strong>br</strong> />

reais. E valen<strong>do</strong>-me das informações que me de quem o administrou mais de trinta anos <strong>com</strong> conhecida<<strong>br</strong> />

inteligência, e <strong>com</strong> acrescentamento igual à indústria, e da experiência de um famoso mestre de açúcar que<<strong>br</strong> />

cinqüenta anos se ocupou nesse ofício <strong>com</strong> venturoso sucesso, e <strong>do</strong>s mais oficiais de nome, aos quais<<strong>br</strong> />

miudamente perguntei o que a cada qual pertencia, me resolvi a deixar neste borrão tu<strong>do</strong> aquilo que na<<strong>br</strong> />

limitação <strong>do</strong> tempo so<strong>br</strong>edito apressadamente, mas <strong>com</strong> atenção, ajuntei e entendi <strong>com</strong> o mesmo estilo e<<strong>br</strong> />

mo<strong>do</strong> de falar claro e chão que se usa nos engenhos; para que os que não sabem o que custa a <strong>do</strong>çura <strong>do</strong><<strong>br</strong> />

açúcar a quem o lavra, o conheçam e sintam menos dar por ele o preço que vale; e quem de novo entrar na<<strong>br</strong> />

administração de algum engenho, tenha estas notícias práticas, dirigidas a o<strong>br</strong>ar <strong>com</strong> acerto, que é o que em<<strong>br</strong> />

toda ocupação se deve desejar e intentar. E, para maior clareza e ordem, reparti em vários capítulos tu<strong>do</strong> o que<<strong>br</strong> />

pertence a esta droga e a quem por ela e nela trabalha; <strong>com</strong>eçan<strong>do</strong>, depois de relatar as o<strong>br</strong>igações de cada<<strong>br</strong> />

qual, desde a primeira origem <strong>do</strong> açúcar da cana, até a sua cabal perfeição nas caixas, conforme o meu<<strong>br</strong> />

limita<strong>do</strong> cabedal, que pelo menos servirá para dar a outros de melhor capacidade e pena mais ligeira e bem<<strong>br</strong> />

aparada, algum estímulo de aperfeiçoar este em<strong>br</strong>ião. E se alguém quiser saber o autor deste curioso e útil<<strong>br</strong> />

trabalho, ele é um amigo <strong>do</strong> bem público, chama<strong>do</strong> O Anônimo Toscano.

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