26.10.2014 Views

Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

Cultura e opulência do Brasil - Culturatura.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

das boiadas, porque nem os mesmos marchantes, que são tantos e tão dividi<strong>do</strong>s por todas as partes povoadas<<strong>br</strong> />

<strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, o podem dizer <strong>com</strong> certeza; e, dizen<strong>do</strong>-o, temo que não pareça crível e que se julgue encarecimento<<strong>br</strong> />

fantástico.<<strong>br</strong> />

III<<strong>br</strong> />

Da condução das boiadas <strong>do</strong> sertão <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>; preço ordinário <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> que se mata e <strong>do</strong> que vai para as<<strong>br</strong> />

fá<strong>br</strong>icas.<<strong>br</strong> />

CONSTAM AS BOIADAS que ordinariamente vêm para a Bahia de cem, cento e cinqüenta, duzentas<<strong>br</strong> />

cabeças de ga<strong>do</strong>; e, destas, quase cada semana chegam algumas a Capoame, lugar distante da cidade oito<<strong>br</strong> />

léguas, aonde têm pasto e aonde os marchantes as <strong>com</strong>pram; e em alguns tempos <strong>do</strong> ano há semanas em que,<<strong>br</strong> />

cada dia, chegam boiadas. Os que as trazem, são <strong>br</strong>ancos, mulatos e pretos, e também índios, que <strong>com</strong> este<<strong>br</strong> />

trabalho procuram ter algum lucro. Guiam-se in<strong>do</strong> uns adiante cantan<strong>do</strong>, para serem desta sorte segui<strong>do</strong>s <strong>do</strong><<strong>br</strong> />

ga<strong>do</strong>, e outros vêm atrás das reses, tangen<strong>do</strong>-as, e ten<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> que não saiam <strong>do</strong> caminho e se amontoem.<<strong>br</strong> />

As suas jornadas são de quatro, cinco e seis léguas, conforme a <strong>com</strong>odidade <strong>do</strong>s pastos aonde vão parar.<<strong>br</strong> />

Porém, aonde há falta de água, seguem o caminho de quinze e vinte léguas, marchan<strong>do</strong> de dia e de noite, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

pouco descanso, até que achem paragem aonde possam parar. Nas passagens de alguns rios, um <strong>do</strong>s que<<strong>br</strong> />

guiam a boiada, pon<strong>do</strong> uma armação de boi na cabeça, e nadan<strong>do</strong>, mostra às reses o vão por onde hão de<<strong>br</strong> />

passar.<<strong>br</strong> />

Quem quer que entrega sua boiada ao passa<strong>do</strong>r, para que a leve das Jacobinas, v. g.,até a Capoame, que é<<strong>br</strong> />

jornada de quinze ou dezasseis até dezessete dias, lhe dá por paga <strong>do</strong> seu trabalho um cruza<strong>do</strong> por cada<<strong>br</strong> />

cabeça da dita boiada; e este corre <strong>com</strong> os gastos <strong>do</strong>s tange<strong>do</strong>res e guias; e tira da mesma boiada a<<strong>br</strong> />

matalotagem da jornada. De sorte que, se a boiada constar de duzentas cabeças de ga<strong>do</strong>, dão-se-lhe outros<<strong>br</strong> />

tantos cruza<strong>do</strong>s, se <strong>com</strong> todas chegar ao lugar destina<strong>do</strong>. Porém, se no caminho algumas fugirem, tantos<<strong>br</strong> />

cruza<strong>do</strong>s se diminuem quantas são as reses que faltam. Aos índios que das Jacobinas vêm para Capoame se<<strong>br</strong> />

dão quatro até cinco mil réis, e ao homem que <strong>com</strong> seu cavalo guia a boiada, oito mil réis. Sen<strong>do</strong> as distâncias<<strong>br</strong> />

maiores, cresce proporcionadamente a paga de to<strong>do</strong>s. E, por isso, <strong>do</strong> rio de São Francisco acima, vin<strong>do</strong> para<<strong>br</strong> />

Capoame, alguns <strong>do</strong>s que tomam à sua conta trazer boiadas alheias querem seis ou sete tostões por cada<<strong>br</strong> />

cabeça, e mais, se for maior a distância.<<strong>br</strong> />

Uma rês, ordinariamente, se vende na Bahia, por quatro até cinco mil réis; os bois mansos, por sete para oito<<strong>br</strong> />

mil réis. Nas Jacobinas vende-se uma rês por <strong>do</strong>us mil e quinhentos até três mil réis. Porém, nos currais <strong>do</strong> rio<<strong>br</strong> />

de São Francisco, os que têm maior conveniência de venderem ga<strong>do</strong> para as minas o vendem na porteira <strong>do</strong><<strong>br</strong> />

curral pelo mesmo preço que se vende na cidade. E o que temos dito até aqui das boiadas da Bahia, se deve<<strong>br</strong> />

entender <strong>com</strong> pouca diferença das boiadas de Pernambuco e <strong>do</strong> Rio de Janeiro.<<strong>br</strong> />

IV<<strong>br</strong> />

Que custa um couro em cabelo e um meio de sola beneficia<strong>do</strong> até se pôr <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> na alfândega de<<strong>br</strong> />

Lisboa.<<strong>br</strong> />

Vale cada couro em cabelo 2$100<<strong>br</strong> />

De o salgar e secar $200<<strong>br</strong> />

De o carregar ao curtume $040<<strong>br</strong> />

De o curtir $600<<strong>br</strong> />

Importa tu<strong>do</strong> <strong>do</strong>us mil, novecentos e quarenta réis 2$940<<strong>br</strong> />

Um meio de sola vale 1$500<<strong>br</strong> />

De o carregar à praia $010<<strong>br</strong> />

De frete <strong>do</strong> navio $120

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!