Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas
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também o que jamais se <strong>de</strong>ve falar, que <strong>de</strong>ve se manter no silêncio. É<br />
como diz Orlandi “o lugar do qual fala o sujeito é constitutivo do que ele<br />
diz” (2001, p, 39).<br />
Os lugares dos quais estamos falando são as instituições sociais,<br />
locais <strong>de</strong> on<strong>de</strong> o homem profere suas palavras <strong>de</strong> acordo com a<br />
imagem que faz <strong>de</strong> si e do outro, condições também que se imbricam<br />
na produção <strong>de</strong> discursos.<br />
Esse homem <strong>de</strong> domínio social e coletivo é o que se costuma<br />
<strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> sujeito. A esse passo, torna-se necessária a noção <strong>de</strong><br />
sujeito, principalmente a proposta por Pêcheux (1975) e amplamente<br />
retomada por Orlandi (2001), para os quais o sujeito discursivo é<br />
<strong>de</strong>scentrado, ou seja, ele irrompe seu discurso pela língua e pela a<br />
história, sem domínio sob o modo como as palavras significam: não<br />
significam nele (sujeito), mas no discurso, pois se trata <strong>de</strong> um objeto<br />
lingüístico-histórico.<br />
O sujeito é afetado, segundo Pêcheux (1983) citado por Brandão<br />
(1998), conforme a posição que o mesmo ocupa na esfera social, pela<br />
inconsciência e i<strong>de</strong>ologia, que fazem que ele egocentricamente acredite<br />
ser dono fiel do que diz, o sujeito procura apagar, rejeitar tudo que<br />
não está inserido na formação discursiva em que se situa, esse é o<br />
“esquecimento <strong>de</strong> nº 1”. O “esquecimento nº 2”, por sua vez, relacionase<br />
com uma pré-consciência, a qual faz com que ele prestigie uma<br />
seqüência lingüística, <strong>de</strong>sprezando outras, o que o leva a acreditar que<br />
tem domínio sobre o que está dizendo, sobre os sentidos por ele selecionados<br />
o que evi<strong>de</strong>ncia o conhecimento que tem da realida<strong>de</strong>.<br />
Finalmente, uma vez estabelecidos alguns princípios teóricos da<br />
AD pertinentes à análise, resta apresentar visões teóricas a <strong>de</strong>speito<br />
da escola e da mídia, para nos situarmos diante dos discursos reunidos<br />
para análise.<br />
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2. UMA VISÃO DISCURSIVA DO ESPAÇO ESCOLAR<br />
E DO ESPAÇO DA MÍDIA<br />
Para Bordieu (1974) a escola tem se prestado a contribuir para<br />
com a reprodução da estrutura social, isto é, relações <strong>de</strong> classe. A<br />
dissimulação do ensino se dá sob a rubrica da aparência inocente da<br />
neutralida<strong>de</strong>, em que, na verda<strong>de</strong>, recobrem a “classificação” feita por<br />
ela mesma, seja <strong>de</strong> salas <strong>de</strong> aulas, como <strong>de</strong> disciplinas.<br />
Na escola atuam convenções que estimulam a hierarquização<br />
social, como ocorre pelo prestígio que se dá aos “dons”, méritos, com-