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Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

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uma nova terra que era habitada por índios <strong>de</strong> fama antropofágica, e <strong>de</strong><br />

um clima tropical que incomodava os recém chegados a Colônia, que<br />

segundo Laura <strong>de</strong> Melo e Souza (1986), <strong>de</strong>monizavam a mesma.<br />

Com toda essa idéia <strong>de</strong>monizadora que as pessoas da época<br />

propagavam sobre a Colônia, Portugal ficou com gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> para<br />

povoá-la. Como visto era necessário um gran<strong>de</strong> contingente <strong>de</strong> pessoas<br />

para o iniciar <strong>de</strong> um povoamento. Então Portugal utiliza-se do <strong>de</strong>gredado<br />

como forma para povoá-la.<br />

O povoamento do Brasil por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>gredados teve inicio em<br />

1500 quando Cabral <strong>de</strong>ixou dois <strong>de</strong>gredados em Porto Seguro, para<br />

que ficassem com os índios. Muitos foram os que nas viagens seguintes<br />

foram <strong>de</strong>ixados no litoral, para <strong>de</strong>pois prestarem serviços à colonização.<br />

O <strong>de</strong>gredo ao Brasil fora bastante ampliado após 1530, período<br />

em que cresce a exploração e colonização do Brasil. O <strong>de</strong>gredado era<br />

uma pessoa que na metrópole cometeu algum <strong>de</strong>lito, ele po<strong>de</strong>ria ser<br />

um con<strong>de</strong>nado tanto da justiça secular ou eclesiástica e ele era <strong>de</strong>sterrado<br />

<strong>de</strong> seu país. Giucci, diz “que não se trata simplesmente <strong>de</strong><br />

abandoná-los em regiões <strong>de</strong>sconhecidas. Os con<strong>de</strong>nados servem à<br />

coroa e <strong>de</strong>vem trabalhar em beneficio dos interesses imperiais” (1993,<br />

p.52). Os <strong>de</strong>gredados tinham varias funções, entre elas a <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r<br />

os usos e costumes dos índios, obter informações sobre possíveis riquezas,<br />

conhecer o ignoto e disseminar a palavra do senhor.<br />

O <strong>de</strong>gredo fora utilizado pela coroa, não só para punir diversos<br />

con<strong>de</strong>nados como também para povoar o território. Gilberto Freyre, em<br />

Casa-gran<strong>de</strong> e senzala (1933), tenta mostrar a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> indivíduos<br />

con<strong>de</strong>nados ao <strong>de</strong>gredo, alguns por pequenos <strong>de</strong>litos já outros por<br />

crimes mais sérios. Muitos <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>gredados eram con<strong>de</strong>nados da<br />

justiça eclesiástica como os cristãos-novos, acusados <strong>de</strong> heresia contra<br />

a igreja por praticarem o judaísmo. Era também muito comum a<br />

vinda <strong>de</strong> padres. Siqueira (1978), diz que vários padres foram <strong>de</strong>gredados<br />

para Colônia, padres esses que segundo ela eram acusados <strong>de</strong><br />

falta <strong>de</strong> compostura, por praticarem atos ilícitos como a sodomia ato<br />

mais comum entre os padres <strong>de</strong>gredados.<br />

Segundo Laura <strong>de</strong> Mello e Souza (1986), os <strong>de</strong>tratores da América<br />

enxergaram-na quase sempre como um purgatório, daí a historiadora<br />

dizer que a Colônia seria um possível purgatório da metrópole.<br />

Para ela o <strong>de</strong>gredo fora um mecanismo máximo pelo qual os brancos<br />

portugueses purgaram seus pecados na colônia-purgatorio.<br />

A caracterização da figura do <strong>de</strong>gredado é <strong>de</strong> extrema importância<br />

para a compreensão do povoamento da Colônia, já que fora uma<br />

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