Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas
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daquela semana prontifiquei as duas primeiras partes,<br />
que meu pai levou a São Cristóvão para que o<br />
Imperador lesse. [...] Creio que escrevi a Retirada da<br />
Laguna em vinte e poucos dias. Tinha então <strong>de</strong> vinte e<br />
quatro para vinte e cinco anos.(TAUNAY, 1946, p.303)<br />
Tal obra vem se tornando, cada vez mais, elemento fundamental<br />
para a produção historiográfica do Mato Grosso do Sul, sobretudo para<br />
os intelectuais vinculados às elites, que visam construir uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
local através <strong>de</strong> discursos veiculados em livros e cristalizado no evento<br />
intitulado Marcha da Retirada da Laguna 2 , promovido pelo Governo Estadual,<br />
o qual vem sistematicamente ganhando força na medida em<br />
que se ampliam os projetos turísticos no Estado.<br />
Com base nisso pretendo discutir alguns aspectos da obra do<br />
engenheiro – agrônomo e membro do Instituto Histórico e Geográfico<br />
<strong>de</strong> Mato Grosso do Sul, Acyr Vaz Guimarães, centrando-me, especificamente,<br />
nos livros: Seiscentas Léguas a Pé, publicado em 1988, e<br />
Guerra do Paraguai Verda<strong>de</strong>s e Mentiras, publicado em 2000.<br />
A obra Guerra do Paraguai Verda<strong>de</strong>s e Mentiras, é, na <strong>de</strong>finição<br />
do próprio autor, antes <strong>de</strong> mais nada um “ato <strong>de</strong> amor à verda<strong>de</strong> e à<br />
pátria”.(GUIMARÃES, 2000, p.6) Nele, através <strong>de</strong> 214 pontos, Acyr Vaz<br />
Guimarães se propõem a criticar o livro Genocídio americano: a guerra<br />
do Paraguai, <strong>de</strong> Júlio José Chiavenato, que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a tese <strong>de</strong> que a<br />
guerra do Paraguai teve sua motivação no processo <strong>de</strong> expansionismo<br />
Imperialista Inglês na América do Sul.<br />
Da perspectiva do autor <strong>de</strong> Guerra do Paraguai Verda<strong>de</strong>s e<br />
Mentiras, o livro <strong>de</strong> Chiavenato não passaria <strong>de</strong> “Fantasias Mirabolantes”<br />
(GUIMARÃES, 2000, p.7), parte da produção <strong>de</strong> um “Clube”<br />
<strong>de</strong> militantes comunistas, que elencam os fatores econômicos motivados<br />
pelo Imperialismo Inglês como elemento fundamental para o<br />
conflito, tese que teria, <strong>de</strong> seu ponto <strong>de</strong> vista, apenas interesses<br />
políticos sem compromissos com a verda<strong>de</strong> histórica. E proclama<br />
em tom <strong>de</strong> censura:<br />
História é coisa séria, Sr. Júlio José! Não é juntar palavras<br />
a seu bel – prazer e coloca-las nas livrarias para<br />
ganhar dinheiro. A História se baseia em documentos<br />
e não em lendas, fantasias ou tradições orais duvidosas,<br />
como costuma V. fazer. (GUIMARÃES,2000, p.17)<br />
Já na apresentação <strong>de</strong> seu livro, Acyr Vaz Guimarães adverte<br />
que o genocídio que fora a guerra contra o Paraguai, teria sido provocado<br />
por Solano Lopes, que: “fez a guerra da mesma maneira que fizeram<br />
os conquistadores bárbaros, como Átila: estes monstros juntavam o